CAPÍTULO 14: Toda princesa tem seu cavaleiro motorizado

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Jason Samers

Observo aquela mansão de um tamanho considerável por estar num bairro nobre de Sunset Ville. A fachada branca com detalhes de tijolos marrons só davam um toque ainda mais superior ao lugar, sem contar com o enorme jardim arborizado. Só faltou a fonte de água para completar a cena clássica.

Enquanto isso, aqui estou eu, sentado numa moto esportiva com um coque bagunçado, vestido totalmente de preto e olhar inquisitivo, atrás do portão de enormes grades brancas e imponentes. Ou seja, o contraste perfeito com a vida que os riquinhos dessa cidade levam.

— Eu devo estar muito maluco... — Suspiro tirando o celular do bolso e mandando a mensagem perigosa que pensei pelo menos umas mil vezes antes de enviar. — Espero que ela esteja em casa. — Pondero, colocando o celular no bolso da jaqueta de couro preto e deixando a mão ali. Eu estava despojado, tranquilo e ansioso.

Odiaria ter que voltar para casa depois da dificuldade que tive para chegar aqui. Por que os ricos adoram morar nos lugares mais afastados da cidade? Ao menos não está chovendo ou nevando, ou seja, o tempo está agradável e não passo frio no meio da rua por algo incerto. Nem sei o quê se passou na minha cabeça para eu simplesmente ter vindo até a casa dela...

— Na verdade, sim, você sabe, Jay. — Lembro a mim mesmo e bufo contrariado.

Desde o dia em que Ella, minha irmã e Yoko voltaram de uma viagem relâmpago a Santa Bárbara, minha cliente está estranha, e não foi só eu que reparei isso. Angel também vem dizendo que Ella vive mais calada que o normal, mais fechada e nem uma piadinha de mal gosto — algo comum em seu vocabulário — saiu de sua garganta nos últimos dois dias. Até parecia que algo havia morrido dentro dela, ou melhor, parecia que algo invisível estava a sufocando.

Uma notificação vinda do meu celular apita e rapidamente o pego para ver sua resposta.

"O que você quer, Jason? Hoje é sábado à tarde. Não temos nenhum assunto a tratar."

"Está em casa?"

Sou direto. Preciso que ela seja rápida, já que logo o dia dará lugar a noite, e não gostaria de viajar de moto com ela nesse horário. Seria perigoso demais e eu tenho o mínimo de responsabilidade.

"Sim... Mas por que quer saber?"

"Ótimo, venha aqui fora.
PS: coloque uma roupa normal, se tiver."

Guardo o aparelho sabendo que muito provavelmente estou sendo xingado por ter ignorado todas as suas perguntas anteriores, mas é por um bom motivo.

Poucos minutos depois, que pareciam intermináveis pela minha ansiedade em saber se ela aceitaria ou não minha proposta — apesar de disfarçar muito bem com a postura descontraída e olhar tranquilo —, Ella finalmente chega e me surpreende pela escolha de roupas: jaqueta jeans rosa-bebê, blusa gola alta azul clara que combinava de forma perfeita com a calça jeans e all star da mesma tonalidade.

Arregalo os olhos brevemente por não ter sido um salto assassino o escolhido da vez, mas sorrio contido logo em seguida. Essa é a primeira vez que a vejo sem eles, e é engraçado como ela parece mais vulnerável e adorável sem os mesmos.

— Levou a sério a minha mensagem, hein. — Brinco, e ela revira os olhos enquanto sai pelo portão da mansão.

— É o melhor que pude fazer com dez minutos para parecer descontraída e casual. — Apesar de sua feição ser séria e impassível, consigo perceber a tentativa horrosa de fazer isso parecer uma fala sem importância e humor.

Ela é Ella || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora