CAPÍTULO 43: Nem todas as mães são anjos imaculados... E eu sou uma delas

346 31 229
                                    

Tudo o que eu vejo são sinais
Tudo o que eu vejo são cifrões
O dinheiro está na minha mente
Jogue-o
Veja-o cair do céu [...]

E quem se importa como vocês que me odeiam se sentem?
(E eu ainda tenho dinheiro)
Chame o seu valete e me desafie
Pour It Up,
Rihanna

...

Tâmara Cardoso

— Asher Walker Davis, você está condenado à prisão perpétua por stalking, obsessão doentia, crime premeditado, sequestro, calúnia, mantimento em cárcere, agressão física, agressão psicológica e violência sexual de seis mulheres menores de idade ao longo dos últimos quatro anos pela lei dos Estados Unidos da América. — O juiz bate o martelo uma última vez, encerrando o julgamento e definindo o futuro do rapaz ruivo, que acaba de se levantar com o rosto mais vermelho que os próprios cabelos numa clara expressão indignada.

Ele tenta se soltar do aperto dos policiais, mas é inútil. Além de terem pelo menos cinco homens o arrastando à força, seu ombro e sua perna estão claramente debilitados — provavelmente por causa dos dois tiros que levou. Entretanto, isso não impede de parecer que sua vontade é explodir esse lugar, enquanto o rosto cheio de hematomas se contorce, deixando-o ainda mais feio e repulsivo.

Sorrio discretamente por detrás do leque preto que foi melimetricamente escolhido para combinar com minha saia lápis e blusa social da mesma cor. Além do salto alto vermelho-sangue, obviamente.

Sendo bem honesta, a cena é deliciosa de se ver, porque eu me identifiquei com aquelas garotas de certa forma. Juliano Mouro — meu antigo e falecido "dono" — fez da minha vida um verdadeiro inferno por quase dezenove anos e fui burra o suficiente para envená-lo e matá-lo ao invés de tornar seus crimes públicos.

A mídia conseguia ser como um bando de abutres em busca de carne pobre quando as fofocas envolviam grandes figuras nacionais.

Leo Dias é o meu favorito.

Logo, ter o prazer de ver outro ser tão miserável quanto Mouro sendo condenado e preso é similar a ganhar uma bolsa original da Gucci.

— Vocês não podem fazer isso! O meu filho é inocente! Ele sofre de transtorno parafílico, não tem culpa dos próprios atos! — Uma mulher pomposa, que suponho ser a mãe do réu, levanta-se com o semblante desesperado, querendo, a todo custo, salvar o garoto da sentença.

Torço os lábios.

Ergh! Parece uma baleia de tão gorda e ainda é estúpida. — Sussurro para mim mesma, deixando que apenas os olhos fiquem expostos atrás do leque.

— Senhora Davis, ou cale a boca, ou será condenada a passar o resto de seus dias dentro da cadeia em vez de pagar a multa que lhe foi imposta, junto ao pai do seu filho, por desacato à autoridade penal! — O juiz grita lá de cima, olhando-a com seriedade e uma pitada de nojo.

A mulher puxa os próprios cabelos com força e começa a gritar incessantemente como uma louca.

Enquanto isso, o pai do garoto — que descobri ser um político importante no país — é levado algemado pelos policiais, porque foi pedida uma prisão provisória, uma vez que descobriram o seu envolvimento indireto nos crimes do filho, então também será julgado, mas em outro momento.

— Que peninha... — Sorrio um pouco e ergo as sobrancelhas, analisando as feições soberbas do homem ruivo mais velho.

Seria interessante investir em sua pessoa. Ele não é feio completamente e adoraria sair do meu país, passar as férias nos Estados Unidos e extorquir alguns velhos ricos.

Ela é Ella || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora