Eu preciso de um amor para me manter são
Que me tire do inferno, que me traga de volta novamente
Toque para mim os clássicos, algo romântico
Darei tudo de mim mesmo não tendo nada
Angel Baby,
Troye Sivan...
Lucas Brown
É engraçado como o mundo sempre espera que você já tenha algo pré-estabelecido para fazer assim que sair da escola, se quer se casar, ter filhos... Mas, ao mesmo tempo, nenhum deles sabe lhe dar uma resposta sincera quando perguntamos:
— E o que você sugere, pai? A vida é minha, não sua. — Jogo o corpo no sofá, sentindo Duquesa, minha gata preta, se enroscar no meu sapato.
Nem mesmo ela tem mais paciência para as lorotas do meu pai sobre o meu futuro.
— Não é tão simples dizer algo assim, Lucas! Mas uma coisa é certa: não pode vadiar por aí todos os dias e pensar que vou te sustentar a vida inteira. Não quero mais um filho fracassado nessa família. — Sai, fechando a porta atrás de si com força.
— Merda! — Soco o ar com ódio e me levanto com brutalidade para o meu quarto.
Às vezes eu odiava o meu pai por ser tão metódico quanto a coisas que não lhe deviam respeito.
Matthew Brown, ou conhecidos por muitos como Matt, é meu progenitor. Um velho de quase cinquenta anos, divorciado, não consegue desenvolver um relacionamento amoroso desde que a esposa o deixou, aluga alguns apartamentos para universitários, um dos filhos é viciado em drogas, a outra fugiu com o namorado para só Deus sabe onde e o mais novo — ou seja, eu — é a última escória que tem para cuidar e sua última esperança de ter uma vida melhor.
Pego a chave do carro junto a um casaco qualquer.
— Eu preciso sair daqui. — Ando pelo corredor até a saída do apartamento, mas sou impedido por Duquesa. Respiro fundo antes de pegá-la.
Duquesa foi a última coisa que minha mãe deixou, antes de sumir do dia para a noite com o vizinho. Se não tivesse impedido, meu pai já teria a jogado na rua a muitos anos.
— Aonde pensa que vai, Lucas? — Sigo reto sem respondê-lo, enquanto saio daquele prédio as pressas. Matt grita o meu nome para que volte, mas não me importo. Eu preciso de tempo.
Coloco a chave na ignição depois de posicionar Duquesa no banco do passageiro e piloto para lugar nenhum. Por mais que odiasse brigar com meu pai, era inevitável quando se tem uma voz incessante te perguntado coisas que nem mesmo você sabe as respostas. O velho, que já era difícil sem os acontecimentos dos últimos dez anos, se tornou ainda mais controlador, e quem pagou o pato foi eu.
Eu sou a escória de Matt; e ele, a minha.
Quando minha mãe estava conosco, os dias eram mais fáceis, Matt estava feliz, tudo ia bem. Pelo menos era isso que uma criança de sete anos pensava... Muitos anos depois, descobri que a "mamãe" havia sumido para o outro lado do mundo com o vizinho alemão.
— Obrigada por ser egoísta, mãe. — Rio com escárnio.
Ela largou um marido e três filhos para trás da mesma forma que se deixa lixo na porta. E eu também a odiava por isso.
— Vamos, Duquesa. — Pego minha gata e desço do carro para respirar um pouco do ar puro do mar. Não que ele fosse o mais indicado num final de inverno, mas é o meu calmante pessoal. Sentir a água gelada nos pés te adormece de uma realidade a qual quer esquecer.
A última vez que vi minha mãe foi a dois anos quando ela veio para Sunset Ville para saber da filha que fugiu, porém foi em vão. A única coisa que sua volta gerou foi uma nova discussão entre meus pais, alguns prejuízos materiais pelos móveis quebrados e um Lucas de quinze anos se escondendo embaixo da cama devido ao medo. Meu pais tentaram de tudo, contataram a polícia, postaram na internet o rosto da minha irmã e, no final, descobriram a notícia mais estúpida e real possível.
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Ela é Ella || ✔
Teen Fiction|| LIVRO 01 DA "TRILOGIA RODRIGUES" "As pessoas sempre culpam aquilo que não conhecem... Pensei que você fosse diferente." As patricinhas que conhecemos são sempre as vilãs das histórias ou as garotas que todo mundo odeia por serem superficiais. Só...