Planos Divinos (VegasPete)

...Nove...

Isso é suave como algodão
Ou é um grande maremoto
É o bater do meu coração
Talvez seja um terremoto
Suave e gentil como borboleta
Causando um tufão em outro lugar
Senti sua presença na roleta
E agora não posso me soltar
Não posso escapar desse caos
Eu abri a caixa de Pandora
E agora, mais e agora ?

Vegas POV

Tum! TUm! TUM! TUUM!!

O mundo parou como se meu corpo tivesse congelado. Me senti como se tivesse desconectado do mundo. O caos e todas as pessoas e todas as outras vidas desapareceram.

Só havia um ser de labios pequenos tocando minha boca com tamanha destreza. Eu só conseguia sentir a sensação do sangue fluindo forte pelo meu corpo.

Eu não estava exercendo poder e muito menos equilíbrio. Só estava ali preso aquele corpo pequeno como o meu me fitando e me prendendo em seus braços.

Despertei do devaneio como um louco e nos levei até em casa. Me tranquei no quarto afastando ele e me joguei na cama sozinho.

Ver seu rosto me causaria vergonha e meu coração estava descontrolado. O equilíbrio foi pelo ralo eu estava emocionado.

Achei que eu nunca iria sentir nada mais que o absoluto tédio. Mas eu senti uma faísca tão forte queimando em meu peito que me senti como se estivesse nascendo.

Naquele instante ironicamente eu roguei aos deuses. Sim, eu um deus forte e poderoso me coloquei em uma posição abaixo de mim e rezei.

Meus deuses a todos vocês e a qualquer um que teve misericórdia e piedade desse ser miserável eu agradeço. Por anos acreditei que eu estava de alguma forma amaldiçoado por não poder sentir as mesmas emoções que os outros seres. Mesmo os humanos experimentam em suas curtas vidas muito mais que eu. Ela sabe interessam, sonham e amam. Elas odeiam e se machucam, sangram. Mas aqui estou eu um ser tão grande com um papel tão importante apenas agradecendo por amolecerem meu coração e me permitirem experimentar das coisas básicas da vida. Me sinto profundamente grato, apenas grato e pela primeira vez desde que nasci me sinto vivo.

Não sabia que essa situação seria tão importante para mim mas quando terminei eu estava chorando. Lágrimas de alegría era um dos conceitos mais confusos para meu coração gelado. E aqui estou eu sentindo uma alegria que não me cabe no peito. Eu estou vivo, eu estou bem.

Minha onisciência voltou e eu agora estava ouvindo os pensamentos e vendo o que todos faziam de novo. Mas uma imagem me chamou atenção, Liv com uma saia curta preta e uma blusa de moletom larga na cor amarela entrou pelos portões da minha casa em um pequeno salto também preto.

A maquiagem dele estava em tons escuros o que não era tão comum ele gostava de tons claros e chamativos. Seu olhar parecia indiferente e inexpressivo e são poucas as vezes que você verá o deus do amor assim sem emoções claras.

Tive um sentimento de desespero muito grande a medida que ele avançou pelo corredor. Liv trombou com Pete no meio do caminho.

Pete estava atordoado no sofá da sala mas quando viu meu amigo ele se pôs de pé. Sua expressão era confusa mas ele seguiu Liv e ambos pararam na porta do meu quarto. Suspirei fundo quando ouvi o som vindo de fora.

- Abre logo essa porta! - Liv tem voz alta e ríspida.

Abro a porta sem tocar nela, acho meigo que nós possamos abrir e fechar coisas com a mente mas os deuses respeitam o território de outro deus. Não abrimos portas ou usamos nossos poderes na casa de outro senhor.

E mesmo visivelmente alterado ele ainda respeitou isso. Sua expressão quando me viu era de pânico ele me olhou de cima abaixo.

- Por Apolo! Você não se queimou? Não está morto? Eu fiquei tão preocupado! - suas palavras simplesmente não faziam sentido.