One Way or Another | Keep Out Series Book 3

2º Capítulo - Abstinência dos seus toques

Madara abriu as cortinas empoeiradas para que a brisa da noite adentrasse o cômodo pequeno, com a luz do luar iluminando sua pele leitosa. A camiseta branca que usava estava umedecida pelo suor, grudada em seu peitoral e realçando os músculos bem trabalhados.

Havia acabado de se exercitar fazendo alguns abdominais e flexões para manter o condicionamento, isso depois de uma corrida pelo bairro — disfarçado, é claro.

Cuidado nunca é demais.

Os cabelos pretos longos estavam colados em sua testa e costas largas, o verão que se iniciava o fazia desejar cortar as madeixas para ficar mais fresco.

O homem suspirou e apertou os olhos com a mão, cansado.

"O seu dia finalmente chegará, Danzō. O dia em que pagará pelos seus pecados e pelos meus, pelos de Obito, Itachi, Sasuke e todos que tiveram de se tornar pessoas ruins por sua causa".

Ele pensava enquanto pegava uma calça flanelada na gaveta e a sua toalha. Dirigiu-se ao banheiro e abriu o registro do chuveiro precário.

Despiu-se completamente, revelando o corpo amadurecido de um homem experiente, coberto por alguns pelos e cicatrizes; e entrou debaixo da água fria.

Sua pele se arrepiou e os seus mamilos se intumesceram. Madara deixou que os jatos afastassem os cabelos de seus olhos, e com as mãos grandes e fortes pegou o pequeno sabonete que ali havia. Ele o deslizou pelas suas curvas, com uma trilha de espuma sendo deixada para trás.

A temperatura baixa também ajudava a refrescar os seus pensamentos caóticos. Ele estava preocupado com os comparsas, afinal de contas havia se afeiçoado a cada um deles; Obito, Itachi Hinata e até Sakura. E depois de tantos anos também teve a chance de conhecer um sobrinho perdido que ele jamais imaginaria encontrar.

Sasuke era tão parecido com o seu irmão mais novo! Olhar para ele doía, mas não poder vê-lo parecia doer ainda mais.

Madara pensava na vida que ele devia ter levado crescendo sozinho em orfanatos e reformatórios, e na vida que ainda teria de levar em uma cadeia por longos anos. O quanto de violência e sofrimento ele havia sido destinado a passar?

Depois que o plano se iniciou, com tudo ocorrendo dentro dos conformes, o seu coração se encheu de temor ao pensar que a partir de então, assim que descobrisse os seus delatores, Danzō direcionaria todo o seu ódio a Sasuke.

Ao menos lhe confortava saber que ao lado do sobrinho havia um homem igualmente forte e leal, e apaixonado — ou estúpido — o bastante para abrir mão de uma carreira honesta e segura de policial por ele.

Naruto tinha um sorriso de canto sapeca e um olhar destemido e um tanto desrespeitoso que fazia Madara se lembrar de alguém importante do passado.

"Hashirama... Você deveria estar aqui me ajudando em toda essa merda! Casar-se com uma mulher que o seu pai escolheu e mudar de país para fugir dos seus problemas foi uma atitude de um verdadeiro covarde. Isso não combina com você. Optar por um caminho fácil e simples".

O moreno suspirou, lavando os longos cabelos com o sabonete.

"Mas eu não posso culpa-lo, éramos apenas adolescentes idiotas e inconsequentes que não queriam crescer e pensar no futuro. Não poderíamos ignorar as nossas responsabilidades com as nossas famílias para sempre, você amadureceu antes de mim e agiu como eles precisavam que agisse.

Talvez se eu tivesse agido de acordo com o que os meus familiares esperavam toda essa tragédia não teria acontecido..."

Madara pensava consigo mesmo.