No dia anterior, depois do almoço no restaurante, voltei ao trabalho e fiquei o restante do expediente sem tirar mais nenhuma hora de descanso. Precisava distrair minha mente com algo durante o resto do dia, senão ficaria pensando nos últimos acontecimentos. O problema é que, por menor que seja o ocorrido, sempre consigo torná-lo maior do que já é. Faço isso por pensar demais no que poderia ter feito de diferente, e sinceramente... isso me faz mal, mas estou tentando melhorar.
Antes, quando acumulava o estresse diário do trabalho, família e vida social, eu pensava demais e consequentemente tinha ansiedade. Era bem mais difícil, daquele tipo em que apenas um banho frio conseguia me acalmar. Mas, depois de um tempo, consegui curar parte disso, a ansiedade, embora não de maneira permanente, mas parcialmente. Depois de ontem, fui direto para casa assim que meu horário terminou. Tomei um banho e, sem nem jantar, me joguei na cama e peguei no sono. Acordei assustada com meu celular tocando e, ainda com a vista embaçada, passei o dedo na tela e atendi sem sequer ver quem era.
— Oi, meu amor, é a mãe...
— Mãe? Por que está ligando a essa hora? — Respondi arrastando as palavras.— Querida, sabe que horas são?
— Não, mas sei que é cedo demais.
— São dez horas da manhã, meu amor.
— Espera, o quê?! Estou atrasada! — Entrei em desespero.
— Calma, me deixe saber como você está primeiro, converse com a mãe...
— Mãe, me desculpa mesmo... prometo que te ligo no intervalo. Te amo, te amo, te amo! — Desligo sem esperar respostas.
Corri até o banheiro e tentei ser o mais rápida possível. Não queria levar bronca do Senhor Scott, esse homem é o pior chefe que se pode ter, e justo hoje... ele estará no balcão atendendo e verificando a todo momento se estamos trabalhando de acordo com as "normas de merda" que ele inventou. Aquilo não pode ser possível.
Assim que terminei de fazer tudo o mais rápido que pude, corri pelo corredor e ouvi a Cindy me chamando novamente, mas dessa vez era impossível ajudá-la. Pedindo desculpas, continuei correndo até chegar às escadas. Depois de descer, logo percebi que seria impossível pegar um ônibus estando atrasada assim. Então, tirei meu celular da bolsa e pedi um Uber. Por sorte, tinha um carro próximo, e menos de cinco minutos depois, vi um carro parando no passeio. Sem nem perguntar seu nome para confirmar que ele era o Uber, abri a porta e entrei, dando bom dia.
Ele começou a dirigir sem nem responder, e a uma rua antes, parou no sinal vermelho. Eu não tinha tempo para esperar, já estava mais de uma hora atrasada, então disse:
— Será que não dá pra você passar direto? Não tem ninguém na faixa...— Senhora, eu não vou ultrapassar o sinal vermelho só porque você quer.
— Ok — disse sem mais questionar.
Já havia se passado uns cinco minutos, tempo suficiente para ter certeza de que aquele sinal estava quebrado. Impaciente, peguei o dinheiro na bolsa e deixei no banco da frente. Abri a porta e saí. Estávamos a apenas uma rua de distância, então eu conseguiria chegar um pouco mais rápido se corresse. E foi isso que fiz.
Quando cheguei, ofegante como sempre, procurando ar sem esperar para encontrá-lo, logo abri a porta e me deparei com a pior expressão: Scott, com muita raiva.
— Está atrasada de novo, Clark?
— Senhor, tive um problema...
— Às vezes não parece que você quer esse trabalho — disse firme.
— Não é isso, eu só...— tentei procurar palavras para explicar.— Sem mais! Vá se trocar e faça o seu trabalho.
— Tudo bem, senhor — respondi desanimada.
— E por favor, coloque um sorriso nessa cara. Não quero receber reclamações de clientes sobre o "mau humor" dos funcionários.
— Não vai... — afirmei e continuei andando até a porta de entrada da cozinha dos funcionários.
Quando pensei que tudo já havia acabado, ele me chamou novamente, me fazendo parar e virar.
— Não mandei você ir — disse grosseiro, e eu balanço a cabeça, assentindo.
— Sim, senhor...
— Se chegar atrasada mais uma vez, vai levar uma suspensão de três dias. E lembre-se... três dias é dinheiro, Clark!
— Vou me esforçar para melhorar.
— É sua obrigação. Não espero menos do que isso. Adiante-se e vá trabalhar.
Assentindo novamente, virei-me e continuei seguindo em direção à porta dos funcionários. Entrei e, assim que cheguei à cozinha, respirei fundo para tentar me acalmar. Quando o supervisor veio verificar todo o restaurante, ele fez questão de se passar por um bom chefe. O tratamento mudou completamente, e isso é tão ridículo. É horrível ter que fingir que está tudo bem para não ser demitida.
Encostei-me no balcão, parando para refletir depois de ter dado bom dia para todo mundo. Ele age como se eu chegasse atrasada todos os dias, mas não é verdade. Tento ser pontual o máximo que consigo, e hoje foi o único dia em que realmente me atrasei. Mas Scott é tão nojento que para ele um minuto a mais às 9:01 já é considerado atraso. Outra vez cheguei às 9:05 e ele fez questão de me dar uma lição de moral sobre como havia pessoas precisando desse trabalho mais do que eu... simplesmente ridículo, como se eu fosse rica. Coitada, não tenho onde cair morta, e nunca voltaria a depender dos meus pais novamente, nunca!
Ps: Alguém ai tem um chefe nojento assim também?👀
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DESEJO POR VOCÊ- atração ou amor?
RomanceNaomi Clark é uma linda mulher de 23 anos que trabalha em um dos bares mais famosos de NY(New York). Clark em busca de sua independência trabalhou em dobro até que conseguiu alugar o seu apê. Ela ao contrario de suas amigas não tem muita experiência...