Capítulo 27

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O que me deixava incrédula era o fato de o ver agindo naturalmente, como se isso não fosse nada demais. Fico em sua frente e tomo a garrafa de vidro da sua mão, colocando-a de volta na mesa, e o olho nos olhos...

— Você por acaso tem ideia do que fez? E se ele quiser me mandar embora por causa disso, Thom? A culpa vai ser sua, eu tô te avisando, se isso acontecer vou me arrepender de ter te conhecido — digo firmemente.

Eu não sabia se deveria ficar irritada ou surpresa. O que ele fez era errado, mas será que era tão errado assim? Houve vezes que desejei não ter Scott como chefe, e, quando ele ficava doente, todo mundo ficava feliz, o que era bem errado também. Mas, todavia, o dinheiro não era meu. Me sento no sofá, ainda esperando por sua resposta.

— Amor... amorzinho, relaxa, só... relaxa, tá? Seu chefe é interesseiro demais pra estragar tudo, afinal... se ele fizesse isso, perderia a chance de hoje.

— Huh? Chance? — uma luz se acende em minha mente e eu entendo perfeitamente do que ele está falando. — Ai, meu Deus, você fez isso de novo? Thomas Miller, você não... não deu dinheiro a ele de novo, deu? Merda! Nem sei por que ainda estou perguntando.

— Só um pouco, calma, princesa minha — ele segura em minha mão, mas eu a tiro rapidamente.

— Quanto? Quanto você deu àquele... filho da mãe! — praguejo.

— Ah, sei lá... uns 400? Eu não lembro essas coisas, Clark.

— QUÊ?! Você é doido, Miller, muito doido — digo espantada para ele. E isso é muito mais do que eu recebo...

Ele ri, como se não fosse nada demais, e eu o encaro espantada pelo seu jeito sarcástico. Quando menos pensei que nada mais poderia me afetar, sou surpreendida pelas próximas palavras que ouço dele.

— Meu pai me ligou cedo hoje. Vamos viajar. Preciso que você tome café rápido, estamos atrasados — ele olha no relógio de pulso.

— Espera, espera, o quê?!

— O que você não entendeu? Falei rápido demais?

— Seu pai não me quer lá, Thomas. Onde foi que você não entendeu isso? Não percebeu como ele agiu estranho ontem?

— E ele também sabe disso, tanto é que me pediu pra enviar as desculpas dele. Olha... ele só quer te conhecer melhor. Anton só é desconfiado demais às vezes.

Faz sentido, considerando o quão bem-sucedida a família dele é. Mas, se ele é desconfiado, eu sou mais ainda. Pensei.

— Isso não muda muita coisa. Eu sou... você sabe, eu não quero me sentir desconfortável.

— Você é... o quê? — ele questiona, estreitando os olhos.

— Desconfiada também, Miller. E outra, eu não tenho dinheiro pra isso. Só... esquece, vai aproveitar com sua família.

Nossas diferenças sociais eram claras, e em minha mente eu não poderia me sentir confortável com aquilo, nem mesmo poderia pensar na oportunidade. O único dinheiro que tinha era o que eu havia guardado para pagar minha faculdade.

Dinheiro esse que havia juntado desde quando comecei a trabalhar como garçonete no bar.

Ele simplesmente segurou meus ombros com as duas mãos e me olhou sério, o que foi a primeira vez que vi em seu rosto uma expressão tão séria.

— Porra, você realmente acha que se eu visse alguma diferença entre nós faria o que fiz? Acha mesmo que pagaria um mico desgraçado escolhendo biquínis que eu nem sabia se dariam em você? Ah, e as calcinhas, e roupas também...

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