Capítulo 10

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Admito que senti um pouco de medo do que ele iria fazer. Seu rosto estava perto o suficiente do meu, de modo a que eu pudesse sentir sua barba bem aparada e feita roçar em minha bochecha. Também conseguia sentir seu perfume masculino ressoar em minhas narinas. Quando imaginei o pior, ele simplesmente beija a minha bochecha e volta ao seu lugar. O pessoal começa a bater palmas, e eu fico totalmente sem graça. Não sabia como reagir.

Eu estava travada, e ele tinha a chance ali mesmo de tentar alguma coisa. Mas ele preferiu não fazer nada, e essa parte é a que me deixa surpresa... Por que, mesmo depois de ele ter me pedido desculpa, eu ainda continuo o vendo como um depravado? Ou pelo menos, continuava. Tudo isso é uma loucura e tanto...

O jantar acabou, e eu me despedi de todo mundo. Eu tinha apenas uma certeza: nunca mais corro o risco de trazer ele de novo. E aliás, não fui eu quem o convidou. Dona Heloísa simplesmente me ignorou e o agarrou pelo braço, o levando para dentro de casa. Não era como se eu tivesse escolha.

Entrei no carro, e ele também. Ele começou a dirigir enquanto assoviava algo que parecia uma música...

— Espera... Lollipop, sério?

— É, da Chordette, conhece?

— Essa é antiga, conheço...

— Clark, aquilo tudo foi uma brincadeira, não leve a sério...

— Você sabe que eles acreditaram, não sabe?

— Sei, mas não se preocupe, no próximo jantar eu conto a verdade...

— Ah, e você acha mesmo que eu vou te levar?

— Você não faria isso comigo, a comida da sua mãe é simplesmente incrível, a sobremesa então... nem se fala.

— Não faria? Tenta a sorte então. — Ele riu.

O restante da viagem foi tranquilo. Ele estacionou, e eu suspirei pegando minha bolsa. Eu o olhei rapidamente nos olhos enquanto agradecia e me despedia com um "até mais".

Tentei abrir a porta, e a mesma ainda estava trancada. Eu então me virei, e ele estava me olhando com uma expressão séria no rosto...

— Está trancada, você precisa destrancar.

— Eu sei, antes que você vá, eu quero falar com você...

— Hum? — Resmunguei, desconfiada.

— Olha só, Clark... eu não quero que você me veja como um depravado. Eu sei que ainda me enxerga assim e que tem medo de estar comigo...

— Thom, você já pediu desculpa, tá tudo bem...

— É, mas eu quero que me veja como um amigo e não um cara maluco. Já disse que não vou fazer nada, a não ser que você queira. Mas não estou contando com nada disso, só quero ficar de boa...

— Ótimo, é bom que não conte mesmo, e sim... tudo bem pra mim.

Thomas sorri e destranca a porta. Antes de sair, ele segura em meu braço, e eu o olho nos olhos, tentando entender o que ele está fazendo. Ele se aproxima, e eu fico rígida. Em seguida, ele então aproxima os lábios e deixa um beijo em minha bochecha, mas ele não se afasta. Ele continua ali, e eu sinto a mesma sensação de mais cedo. Meu corpo queria algo que eu moralmente não queria oferecer... Indo pelos instintos, eu me inclino levemente para a frente e inclino o meu pescoço, de modo a deixar os seus lábios colados em minha pele...

Thomas começa a dar pequenos beijos em meu pescoço, e eu começo a me inclinar mais. Ele percebe o meu desejo e continua a trilha de beijos até parar do lado da minha boca. Tentando resistir a toda vontade de continuar aquilo, eu vou falhando miseravelmente quando ele desliza seus lábios do começo do meu rosto e os deixa em uma posição que fica rente aos meus lábios. Com o coração a mil pelo desejo, eu fico inerte, mas com muita vontade de me inclinar e ceder de uma vez a aquilo...

Thom sussurra meu nome, "Clark", e eu perco toda a linha de raciocínio quando me inclino, mas eu não beijo, deixo apenas minha boca encostada à dele. Ele passeia com sua língua pelos meus lábios, e aquilo certamente me deixa mais louca do que eu pensei que podia ficar. Eu sentia claramente toda a minha calcinha molhada...

Ele pede passagem com um selinho, e eu abro um pouco mais a boca. Ele entende e começa um beijo calmo, mas meu corpo deseja por mais, e eu aprofundo o beijo. Thom entende muito bem o recado, e em um passe de segundos, o beijo sai de um beijo calmo para um beijo selvagem. Era como matar uma vontade que já estava aqui há tempos, e merda... eu odiava ter que admitir que aquilo estava gostoso.

Momentos depois, ainda no beijo selvagem, eu impulsivamente sento em seu colo e volto a beijá-lo novamente. O calor de suas mãos passeando em meu corpo, por baixo do meu vestido, me deixa com muito tesão, e tudo o que eu consigo pensar é que quero muito mais daquilo. Deslizei minhas mãos por baixo de sua camisa, sentindo cada músculo do seu abdômen, ao mesmo tempo em que sentia seu corpo quente.

Por algum milagre, que eu chamo de divino, minha consciência começa a voltar, e eu começo a pensar melhor. E não... eu não quero ser mais alguém da lista dele. Não quero ser uma daquelas mulheres que ele beijou na festa. Não é assim que é. Eu não sou só um momento, não sou apenas um prazer. Então, parei de beijá-lo e voltei ao assento normal. Ele não entendeu e, com a voz rouca, disse...

— Fiz alguma coisa de errado?

— Não, eu só... não posso fazer isso. Preciso entrar. Boa noite, Thomas.

Ele assentiu e rebateu com um "boa noite". Eu rapidamente saí do carro e fui diretamente ao portão. Peguei a chave, e o nervoso era tanto que a deixei cair. Então, a peguei de novo e abri o portão. Antes de entrar, olhei para dentro do carro de novo e o vi de cabeça abaixada no volante, enquanto passava a mão pelo pescoço. Desesperadamente, entrei de uma só vez e tranquei o portão. Depois, subi as escadas rapidamente, e assim que entrei em casa, não fiz outra coisa senão tomar um banho frio e me convencer de que tudo o que aconteceu hoje não passava de um sonho.

Infelizmente não era a verdade...

Ps: Aqui pra nós... o que acham? Clark caiu na tentação ou resistiu? 🔥

Por favor, não esqueçam dos comentários e das estrelinhas... ❤️

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