Capítulo 8

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Decido preparar algo mais simples. Pego uma laranja, espremo o suco e adiciono um pouco de Vodka. Em seguida, sacudo a mistura e despejo na taça. Corto uma rodela de laranja e a coloco na borda. Entrego a taça a ele e volto para o caixa. Atendo algumas pessoas que formaram uma pequena fila e depois entrego as comandas para Emma através da janelinha. Relaxo ao perceber que não há mais ninguém para atender. Thomas me olha de um jeito estranho, e eu quero cortar novamente a esquisitice.

— Onde estão seus amigos? Sempre está com eles, pelo que parece...

— Sei lá, devem estar por aí. Não fico grudado com eles sempre...

Apenas assinto com a cabeça, e ele se aproxima mais do caixa.

— Você deveria trabalhar em um lugar melhor...

— Por que acha isso?

— Sei lá, você é muito nova... não acho bacana que você viva disso.

— Também não acho bacana, mas, por enquanto, não é uma escolha...

Nesse momento, Scott aparece vindo até mim, fazendo uma expressão de irritação. Assim que chega na minha frente, ele diz...

— Clark, sem conversas com o cliente. Se continuar, vou te mandar para a cozinha e tomar seu lugar.

Apenas assinto sem dizer nada, e ele volta para a cozinha novamente. Esse velhaco estava me observando, com certeza, de dentro da janelinha onde entregamos as comandas. Suspiro de frustração e viro meu olhar para a frente.

— É pior do que eu pensava, ele sempre é assim?

— Ele faz pior, pode acreditar.

— Deveria repensar o que eu disse.

— Eu deveria repensar o que a Emma disse, isso sim — falo ironicamente.

— Hum, e o que ela disse?

— É uma brincadeira nossa sobre virar strippers — eu rio.

— Tem uma boate no centro que está contratando.

— Ai, meu deus, é uma brincadeira, Thom!

— É uma pena, eu iria aparecer em todos os shows — ele bebe toda a sua bebida de uma só vez.

— Você é ridículo, sabia?

— Obrigado pelo elogio, amorzinho...

Mais pessoas entram no bar, e eu vou atendendo todo mundo. O movimento começa a ficar pesado, e as horas parecem passar devagar. Thomas deixa dinheiro em cima do caixa, e eu, sem entender, digo...

— Por que o dinheiro?

— Da bebida.

— Mas eu disse... — ele me interrompe — Eu sei, mas seria sacanagem.

— Não seria. Foi um favor por outro...

— Relaxa, Clark — ele diz colocando mais dinheiro — Sai uma batatinha frita?

— Uhum — pego a nota e vou até a janelinha. Logo peço a batata e volto a me sentar.

Depois que a batata fica pronta, ele pede para embalá-la, e assim é feito. Olho para o meu relógio de pulso e percebo que está na hora. Chamo alguém para ficar no caixa, e antes de sair, falo com ele me despedindo...

— Essa é a minha deixa. Aproveita o bar.

— Uhum — murmura, e eu saio.

Depois de trocar minha blusa, pego minha bolsa e me despeço novamente das meninas. Ao sair do bar, vou andando em direção ao ponto de ônibus e tomo um susto quando alguém toca em minha cintura. Ao olhar, vejo...

— Você com certeza tem algum problema... Quase bati essa bolsa em você!

— Essa era a ideia, te assustar — ele diz rindo.

— O que está fazendo aqui? Eu vou pegar o ônibus.

— Eu sei, mas ainda quero o meu favor...

— Você que quis pagar a bebida, não tem favor nenhum.

— Tem sim. Você vai deixar eu te levar para casa...

— Thomas, não começa...

— Se o ônibus que você queria pegar era aquele, então você acabou de perder...

Antes que eu pudesse atravessar a rua, vejo o ônibus indo embora rapidamente, e sim, era o meu ônibus. O próximo vai demorar.

— A culpa é sua! Se você não estivesse me enchendo o saco, eu teria prestado atenção!

— A culpa pode não ser de ninguém se você for comigo. Fala a verdade... Eu sei que você não vê a hora de chegar em casa. Olha a sua cara...

— O que tem a minha cara?

— Sua cara de sofrida — ele abre a sacola de batatas e coloca um monte em sua boca.

— Então vai ficar pior. Ainda tem um jantar em família — falo frustrada.

— Então... Já é meio caminho andado. Você vai chegar cedo lá!

— Hum...

— Então?

— Tá, tá... Você ganhou. Eu deixo você me levar, mas só dessa vez.

— Só dessa vez — ele sorri.

O acompanhei até o seu carro. É um carro preto... esse carro é caro. Meu salário em um ano não pagaria o valor dele! Ele abriu a porta para mim, e eu entrei. Depois de um tempo em silêncio, ele decide falar assim que para no semáforo...

— Desculpa!

— Pelo quê?

— Aquele dia...

— Thomas, do que está falando?

— Lá no restaurante...

— Ah, bom... Já passou. Eu sei que você é um idiota melhor agora — digo pegando a sua sacola de batatas e colocando algumas na boca.

— Olha só, você sabe que é proibido degustar da comida do cliente, não sabe?

— Cala a boca — digo rindo, e ele ri também.

Fiquei surpresa por não ter precisado explicar o caminho. Thomas dirigiu como se já soubesse o endereço, e isso foi um pouco estranho. Mas assim que chegamos lá, antes de sair do carro, eu disse...

— Como sabia o endereço?

— Gravei o lugar, relaxa... Não estou te observando como os malucos fazem nos filmes — ele fala, me fazendo rir novamente.

— Obrigada pela ajuda, ou como você diz... pelo favor.

— Não me agradeça ainda. Posso levar você até a casa da sua mãe se quiser...

— Eu agradeço, mas não é necessário, Thom... Consigo me virar.

— Uhum — ele destranca a porta.

— Até mais — digo antes de sair do carro.

Depois que saio do carro, vou até a portaria, e a porta já está sendo aberta pelo porteiro. Entro, e depois que estou em casa, tomo um banho rápido e coloco uma roupa neutra, nem muito simples nem muito arrumada. Ligo para a Heloísa e aviso que estou a caminho. Assim que saio do apartamento, me surpreendo ao chegar do lado de fora e ver o carro de Thomas ainda lá. Desacreditada, me aproximo e dou dois toques na janela. Ele abre a mesma, e eu falo...

— Por que ainda está aqui?

— Você foi rápida até — destranca a porta, e eu tento entender...

Ele estava me esperando todo esse tempo? Isso é novo e diferente pra mim, mas não vou negar que isso vai me ajudar...

— Vem logo, Clark...

Entro no carro ainda surpresa, e ele me pede para colocar o endereço do local no GPS. Depois de colocar, ele começa a dirigir...

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