Capítulo 16

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Thomas dirige com pressa, e no caminho não falávamos nada. Um silêncio total reverberava sobre nós, e isso se estendeu até a chegada da minha casa. A pergunta que se passava pela minha mente agora me infernizava: eu faria mesmo isso? Mas, outra parte de mim tinha certeza. Como eu disse... eu não quero mais jogar esse jogo. E se é isso que ele quer... se é isso que eu também quero, então esse é o momento.

A verdade também é que, além do prazer momentâneo que teria, também ficaria emocionalmente arrependida. Os momentos que tive com ele mexeram com a minha cabeça e me deixaram sem saída. Eu não queria me envolver porque queria começar algo verdadeiro e sério com alguém que também quisesse o mesmo, mas a atração que eu sinto por ele está obviamente estragando isso.

Novamente volto a repetir... "Isso nunca dá certo, ou um... ou o outro sai machucado!" Ele estacionou perfeitamente em frente à minha casa. Ali ficamos por algum tempo, nem eu nem ele nos atrevíamos a dizer alguma coisa. Era como se ambos não soubessem como agir, e na verdade era com certeza isso, estava claro. Eu o olho disfarçadamente e o vejo dando batidinhas no volante enquanto, com a outra mão, bagunçava seus cabelos.

Eu solto uma tosse de leve e o olho, sentindo um pouco de vergonha. Ele me olha e sinto meu rosto esquentar. Uma pergunta me vem à mente... "Pra quê diabos fui inventar de tirar essa calcinha?" O que eu estava pensando?! Que era a fodona? Ah, claro... por que agora eu estou me vendo como a maldita freira que Emma disse que eu parecia? Que saco!Ele me tira do transe quando, com uma voz calma, diz: "Então você sabe fazer café." Solta um riso.

— Você não? Só falta você dizer que é a 'empregada' que faz — rio.

— Tô falando sério... em casa é, e no trabalho é a minha secretária que traz.

— Espera, espera, você nunca se mexeu pra fazer um maldito de um café? — digo com indignação na voz.

— É sério, é raro.

Era um assunto somente para aliviar a tensão sobre o "sexo", porque aquela situação estava completamente estranha. Precisávamos pelo menos "disfarçar" o foco principal.

— Então fala pra mim, Thom... você gosta do café da sua 'secretária'? — Faço um movimento sinalizando as aspas nos dedos.

— Se a secretária fosse você, com certeza seria melhor.

— Não vem com essa, você nunca nem tomou um café feito por mim, idiota — viro os olhos em deboche.

— Essa é a oportunidade perfeita. — Passa a mão novamente pelos cabelos.

— O que quer dizer com 'perfeita'?

— Nada, Clark... é só uma forma de falar — diz enquanto sai do carro segurando o bolo com a outra mão, logo fecha a porta e eu faço o mesmo.

Nossa conversa aliviou o clima, que há pouco tempo atrás estava horrível. Abro o portão e deixo ele entrar primeiro. Logo depois, também entro e o fecho. Ele passa pelo elevador, olhando para ele, e então lembro das malditas cenas nele. Assim que olho em seu rosto, vejo que ele abre um sorriso malicioso, o que me faz ter certeza de que ele também havia acabado de lembrar. Então, solto um riso.

Decidimos subir as escadas, já que o elevador estava ruim como de costume. Minutos depois, chegamos à minha porta. Eu a abro e ele entra. O vejo andar até minha cozinha e deixar o bolo em cima da mesa de mármore. Ele fica parado na mesma, enquanto eu me aproximo mais. Assim que entro completamente na cozinha, ele me fita com os olhos, e eu fico nervosa, começando a olhar para todos os lados, menos para ele. Ele percebe meu nervosismo e solta uma tosse leve mais uma vez, dizendo...

— Se você quiser, posso ir embora. Em outro momento, a gente pode... pode tomar outro café.

— Claro, claro... é... você quer que eu te leve até o portão? —  digo rapidamente, com um tom de nervosismo na voz.

— Ah, não... somente até a porta — diz rapidamente também.

— Aham, e o bolo?

— É seu — ele diz passando por mim, enquanto de novo coça a cabeça.

Eu devo deixá-lo ir? E se eu estiver estragando tudo? Isso seria o certo a ser feito? Não, eu não sabia a resposta. Eu o acompanho até a porta e a abro. Ele passa pela mesma e me olha. Essa era a hora da despedida? Isso está horrível. Ele vem para me abraçar e eu me atrapalho quando penso que ele pegaria na minha mão como um cumprimento. Então, não sendo nem um nem outro, ele apenas acena com a mão e se afasta andando.

E então, volta rapidamente enquanto diz que esqueceu suas chaves. Eu entro procurando por elas com os olhos e as acho em cima da pequena mesa que fica na sala. Assim que me viro, o vejo em minha frente. Nossos olhares se encontram perfeitamente. 

Ainda o olhando nos olhos, sem nem conseguir piscar, eu levo a mão que estava com a chave até a dele. Ele estende sua mão e, ao mesmo tempo em que deixo a chave em sua mão, também acabo tocando nela. Assim que tiro minha mão, ele me impede, então a segura delicadamente...

Meu coração acelera, e meu desejo se torna evidente. Eu não quero... não quero que ele saia por essa porta. Quero que ele fique, não importa o que aconteça. Então, em um ato impulsivo, eu digo...

— Eu não quero que você vá. Eu quero que você fique.

— Você tem certeza? Eu também não quero ir, mas... eu vou entender se você não quiser que eu fique — diz rapidamente, em desespero.

— Você quer que eu te prove? — digo ainda em impulsividade, mas, já me arrependendo.

— Não pergunte, você sabe que eu quero — começa a me olhar com intensidade.

Esse era o momento, era agora ou nunca mais. Aproveito a adrenalina que estou sentindo e seguro seu rosto, começando a beijá-lo com toda a vontade que eu tinha, com todo o desejo que sentia.

Ele devolve o beijo com uma maior intensidade, e tudo em mim começa a esquentar. Ouço o barulho da porta se fechar e deduzo que ele a havia empurrado. Thomas me carrega e me encosta na parede. 

Ele continua me beijando, mas logo para repentinamente e começa a me olhar da mesma maneira estranha que me olhava quando estávamos no elevador e depois na cafeteria. Em seus olhos, havia admiração e mais alguma coisa que eu não conseguia decifrar. Mas, assim como ele, eu também estava assim, estava o olhando profundamente, e sentia algo que eu não poderia explicar...

Ele segura em meu rosto com um tipo de cuidado e ainda me olhando nos olhos, no que parecia ser o mais profundo da minha alma, aproxima seus lábios e inicia um beijo calmo. Era quase como se fosse um beijo "amoroso". 

Eu dou continuidade da mesma forma. Não sabia como estava deixando tudo aquilo acontecer, mas sabia que estava acontecendo como eu verdadeiramente queria, sem desculpas.

Thom pausa nosso beijo e me coloca no chão novamente. Em seguida, segura novamente em meu rosto e deixa um selinho nos meus lábios. Depois, com uma voz baixinha, diz...

— Eu quero ver você fazendo o café...

— Você vai aprender como se faz o melhor café — digo com um riso nos lábios.

— Sem dúvidas — ele sorri, e eu fico paralisada com a beleza que o maldito sorriso trazia, o que havia mexido comigo perfeitamente.

Então, pega em minha mão e sai me levando até a cozinha, enquanto brinca dizendo que está com fome e que vai comer o bolo todo. Eu rio e vejo o clima ficando tranquilo. Então, começo a fazer o café da maneira mais tradicional e caseira que existe. Ele fica sentado no banco, me olhando a cada passo, com toda a sua atenção. 

Assim que começo a colocar o café nas duas xícaras, ele se levanta e se apoia na pia ao meu lado. Quando imagino que ele estava olhando para o café, me deparo com ele me olhando novamente...

— Que foi? — digo sorrindo, enquanto ao mesmo tempo também solto um riso.

Ele não responde e segura meu rosto, mas somente com uma mão. Logo, começa a me beijar novamente, um beijo simples, também carinhoso. Depois, finaliza com um selinho e volta a se sentar. Eu começo a sorrir espontaneamente com tudo aquilo. Me questionei rapidamente... "Quem é você, Thom? Quem é mesmo você?" Me sento e deixo sua xícara em sua mão, enquanto estou com a minha. Ele dá um gole e fecha os olhos, apreciando...


E aí? o que acharam? coisinha mais fofa esses dois...💖 

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