Capítulo 12

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Faço uma expressão confusa no rosto, imaginando quem poderia ser à uma hora dessas... Estico o braço até o criado-mudo, que fica ao lado da minha cama, e alcanço o celular. Ao olhar a tela, vejo que era um número desconhecido. Atendo, já pensando ser uma pessoa, e assim que ouço a voz do outro lado da linha, tenho a confirmação... Thomas.

— Por que está ligando tão tarde? — pergunto.

— Tarde? Isso é tarde pra você, Clark? Ainda são uma da manhã...

— Ah, claro... Esqueci que você é um riquinho de merda. Eu trabalho amanhã, idiota.

— Impressionante como a palavra 'respeito' perdeu o significado para muita gente em tão pouco tempo - revidou.

— Ai - falei frustrada. — Cala a boca!

— Tá bom, não está mais aqui quem falou...

— Hum...A linha fica muda. Thom não diz mais nada, e então penso que ele havia desligado. Mas, assim que olho a tela, vejo que a ligação ainda está ativa.

— Thomas, sério... Preciso desligar. Amanhã levanto cedo. Diferente de você, eu não nasci em uma família rica.

— Tá, tá, já entendi. Só queria... sei lá, saber se você estava bem.

Ok, tem algo muito errado acontecendo. Por que ele está fingindo que se importa agora?

— Sério? Valeu, eu tô de boa...

— Hum, obrigado por perguntar também. Eu tô bem, Clark - diz na ironia.-

— Vou desligar. Uma boa noite pra você!

— Espera, você disse que amanhã vai trabalhar cedo. Só por curiosidade... Qual é o horário?

— Por quê? Vai me perseguir agora, Thomas? — digo com sarcasmo na voz.

— Credo, sai pra lá, anda... Fala logo.

— Nove da manhã! Agora me deixa em paz e aproveita e vai dormir também. Boa noite, Thom.

— Boa noite, amorzinho.

— Amorzinho é uma ova! — ele ri e eu desligo a chamada.

Na manhã seguinte, me levanto e faço a mesma rotina de sempre. Hoje vou chegar no horário certo, o que me deixa aliviada. Em vinte minutos, consigo chegar lá e ainda faltam meia hora. Pego o celular e guardo na minha bolsa de ombro, depois saio pela porta e a tranco. Assim que me viro para olhar o corredor, tomo um susto ao vê-lo. "Que caralho ele acha que está fazendo? Ah, não..."

Thomas vem em minha direção, enquanto eu vou andando até ele. Paro de andar e fico em sua frente.

— Quem deixou você entrar aqui?

— O porteiro. E, antes que fale qualquer outra coisa, é melhor pensar se quer se atrasar ou quer ir logo. Caso contrário, vai ter que explicar para o seu chefe que o motivo do seu atraso sou eu...

— Não vem com essa, não. Que porra está fazendo aqui e por que te deixaram entrar?

— Então tá. O que vai dizer quando chegar lá? 'Eu me atrasei porque estava discutindo com alguém'... Uhum, bacana.

— Filho da mãe - praguejo e começo a andar rapidamente - Você levou mesmo esse lance de perseguição a sério, só pode... Que ridículo!

Com toda a certeza, com o objetivo de me deixar mais puta, ele começa a assoviar. Eu paro de andar quando chego à frente do elevador e noto que o papel de manutenção já não estava mais colado. Então significa que não preciso mais ficar descendo essa porcaria dessa escada todo dia? De certo, é um alívio ou um milagre.

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