Capítulo 9

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A ida até a casa da minha mãe foi tranquila. Thomas e eu não conversamos, apenas ficamos ouvindo música, e prefiro que seja assim. Assim que chegamos, eu me virei e o agradeci pela carona. Antes de sair do carro, peguei o celular e liguei para a Heloisa, avisei que já tinha chegado e pedi para que ela abrisse a porta. Eu não podia arriscar ficar com o celular na mão nessa rua. Lembro como se fosse hoje, esse lugar é mais perigoso do que parece. Na época em que eu morava aqui, era bem pior.

Vi Heloísa abrir a porta e, depois de já ter saído, vejo que minha mãe se aproxima de mim. O carro de Thomas continua aqui parado, e ela diz...

— Seu namorado não vem?

— O quê? Não, ele não é meu namorado. É... um amigo.

Ela finge não ter ouvido o que eu disse e bate levemente na janela. Thomas abaixa o vidro e ela fala novamente...

— Quer jantar com a gente?

— Eu só... — Eu a interrompo e digo — Mãe, ele só veio me trazer. Somos somente amigos.

— Ah, não se preocupe, querido... Naomi sempre foi envergonhada. Venha jantar conosco. Na mesa sempre cabe mais um!

Parece ser uma sacanagem que a minha própria mãe está me jogando na "boca" do lobo. O que ela acha que está fazendo? Nunca levei ninguém à casa dos meus pais, e é claro que toda essa situação vai ser constrangedora. Minha família inteira está lá dentro, e juro que se ele recusar entrar agora, eu dou bebidas de graça durante toda essa semana. Fico atrás de Heloísa e gesticulo para ele não aceitar. 

Ele me vê e entende muito bem o que eu quero dizer, mas finge que não me viu e... sim, ele aceita. É hoje que eu mato alguém. Que droga ele está fazendo? Thomas sai do carro e Heloísa agarra o seu braço. Os dois vão andando até a porta, e eu... a excluída. Pensei que as coisas não podiam piorar, mas, assim que entramos na casa, ela vai até a mesa de jantar e apresenta Thomas como seu genro. Papai se levanta e o cumprimenta.

Thomas poderia muito bem dizer que somos somente colegas ou amigos, mas não... ele sorri enquanto se vangloria do título. Filho da mãe! Heloísa pega duas cadeiras e as coloca uma ao lado da outra... coladas, juntas. Me sento afastando a minha e ele se senta. No meio do jantar, fazem um monte de perguntas para ele sobre quem ele é, e eu o conheço mais pela minha família do que por mim mesma...

Tudo começa a ficar mais estreito quando começam a perguntar sobre nosso "namoro". Thomas não me deixa responder uma maldita pergunta, ao invés disso, ele mesmo as responde com todo o prazer. Laura faz a pior pergunta que se pode fazer em um jantar de família, e não é que somente isso seja pior...

— Como foi a primeira vez de vocês na cama? Não me diga que fizeram na casa um do outro, porque isso já é um clichê.

— Laura?! — Falo indignada.

— Ah, a primeira vez... — Ele faz uma expressão pensativa e sorri descaradamente. — A primeira vez foi surreal. Eu a levei para um hotel bem caro. Clark no outro dia sorriu como uma boba.

No momento em que ele tem a audácia de responder a essa pergunta idiota, eu me levanto da mesa e o chamo para ir até a cozinha. Uma raiva já toma conta de mim desde o início em que Heloísa o chamou. Assim que chegamos na cozinha, olho para ver se estamos sozinhos e pronto... essa é a hora!

— Você só pode tá de brincadeira comigo. Que porra é essa? O que acha que está fazendo?

— Pera, vai dizer que você não tá curtindo que todo mundo tá acreditando?

— É claro que não! — Digo em um tom alto. — Para com essa merda agora mesmo, senão eu nunca mais olho na sua cara.

— Aí, Clark... só tenta levar numa boa, ok? — Ele diz sarcasticamente.

Todo mundo começa a fazer uma mini torcida pedindo o beijo e o mais inesperado acontece... Thom segura meu rosto com as duas mãos enquanto aproxima seus lábios. Assim que ele chega perto, eu sussurro em seu ouvido...

— Se fizer isso, você tá ferrado.

— Relaxa. — Ele sussurra em meu ouvido de volta. Aquilo certamente me dá uma sensação estranha, me deixando paralisada.

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