Capítulo 2

583 34 2
                                    

Minha tia não era a pessoa mais indicada para criar uma criança e mesmo não sabendo nada sobre educação infantil fez isso muito bem, bom eu não morri o que é ótimo sinal. Compartilhávamos da mesma paixão que é dançar, ela amava esse universo e stiletto parecia ter sido criado para ela, dançando ela era sexy e misteriosa, era ardente mas graciosa, e eu aprendi tudo que sei com ela.

Nunca fui muito segura e ousada mas dançando eu me sentia assim, mesmo não tendo a sua altura tínhamos corpos parecidos, cintura fina, seios médios, coxas e quadris largos. Com 1,80 minha tia parava o trânsito e com 1,60 eu não parava nem uma bicicleta. Muitos dizem que eu sou a cara da minha mãe, cabelos lisos e castanhos como os olhos, boca marcada, olhos levemente puxados e pele branca.

Sempre tive cabelos longos e em um ato de loucura fui ao salão e cortei long bob, quando cheguei fui mostrar a novidade a tia Margot que se emocionou com a semelhança, nunca mais quis outro corte. Hoje pela manhã, acordei decidida a mudar o rumo da minha vida, coloquei meu velho jeans mom, uma camiseta branca básica e meus mocassins. Precisava comprar areia de gato, verduras e carne. E aproveitaria a ida para deixar alguns currículos no comercio da região.
Tomei uma xícara de café e comi um croissant jurando ser a última vez pois não tenho mais como sustentar esse luxo.

- Tchau gatinhas, volto já - ouvi passos vindo do corredor.

Era o Eric, o meu vizinho.
Um homem maravilhoso com seus 1,90 de altura, forte, cabelos escuros e pele branca. Que homem lindo.
Simplesmente o homem mais sexy que já conheci, se mudou para o meu prédio a dois anos e nunca conversamos mais que um bom dia ou boa noite. Ele tem uma voz tão grave que me arrepia, queria tanto essa voz bem perto do meu ouvido dizendo...

- Bom dia - disse ele com uma voz rouca de quem acabou de acordar

- Bom dia - respondi

Ele estava usando uma camisa social branca que realça seus músculos dos braços e calça social azul marinho. Voltando a essa hora com certeza estava na farra, hoje certamente uma mulher dormiu feliz e satisfeita.

Fiz as minhas compras e voltei pra casa, não sabia que era tão complicado ir ao mercado, sempre fico confusa com tantas opções de carnes e verduras. Coloquei as sacolas no chão e fui procurar as chaves. Olhei na direção da porta dele e era sempre uma tentação bater a campainha e agarrá-lo.

Assim que entrei começou a cantoria.

- Calma! Você comeram agora, como podem estar com fome tão rápido? -

O som da campainha me assustou, estranho... não estou esperando ninguém.

- Bom dia, vizinha - era ele, Eric

- Bom dia, vizinho - respondi com um sorriso

O coração palpitando quase saindo pela boca, ele estava com os cabelos molhados e tinha trocado de roupa, agora vestia uma blusa branca próxima aos músculos do corpo e uma bermuda cinza de malha da Nike.

- Poderia me emprestar um pouco de pó? O meu acabou - disse balançando uma xícara branca

- Pó? de café? -

Ele riu da minha pergunta, é claro que é café, obviamente não é cocaína.

- Isso - ele riu da minha burrice

- Claro, entre por favor - convidei abrindo mais a porta

Dei a volta na ilha e me abaixei para pegar o pote, aproveitei para observá-lo, ele sorria com as mãos no bolso, olhando para baixo onde Artemis se jogava no chão de barriga para cima.

- Sua gatinha é linda- disse fazendo carinho nela com o pé

- Artemis adora um pé, pode me empresta a sua xícara? -

Ele atravessou a sala e me entregou, lembrei que precisava respirar. Artemis parece ter gostado da visita, o seguiu e não parava de roçar o rostinho na perna dele que logo se abaixou para fazer carinho.

- Aqui está -

- Obrigado vizinha, depois eu te pago -

Existem tantas outras formas de me pagar...

- Não se incomode, assim que o meu acabar eu te cobro o favor -

Eric acenou com a cabeça e foi andando em direção a porta, eu quase o perguntei se não queria comer alguma coisa mas ele já estava no corredor, na verdade isso foi bom, nem sei se teria algo para oferece-lo além de água e verduras.

- Mais uma vez, obrigado -

- Disponha - respondi

Ele entrou no apartamento e fechou a porta bem devagar olhando fixamente para mim com um meio sorriso. Não contive a vontade de morder os lábios inferiores quando a porta se fechou, pensando nas várias formas de como ele comeria um croissant.

Minha - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora