Capítulo 27

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 - oi - entrei bem devagar - queria falar comigo, Bill? -

- fecha a porta - pela voz ele ainda estava irritado

Fechei e me sentei, Bill estava de pé ao lado de sua cadeira, inquieto, como se estivesse fazendo um esforço enorme para não fazer uma loucura.

- Liz... - ele respirou fundo e continuou - quero que me explique o que exatamente acontece entre você e Heron -

- Olha Bill, ele me convidou para ser fixa dele e eu aceitei, foi só isso! -

- Elizabeth, por que eu desconfio que é mentira? - ele falava com muita autoridade - Por que eu, com o faro que tenho, desconfio que não é apenas isso? - ele cerrava os olhos enquanto falava

- Bill - fiz uma pausa dramática - ele e eu acabamos transando, então tecnicamente, não sou mais uma dançarina -

- isso eu ja sei, o que eu quero saber é a porra da verdade! - ele começou a gritar - eu quero que você me diga por qual motivo ele não assina a porra do contrato -

- é porque nos encontramos fora do Blue's -

- como é? - ele estava claramente perplexo com a minha resposta

- foi necessário - dei um grito fingindo ter dito sem querer, quero que ele pense que eu cometi um deslize - não... na verdade... -

- como assim foi necessário? - Bill apoiou as mãos na mesa me encarando de cima e eu recuei para o encosto da cadeira, comecei a tremer

- Bill... é complicado e difícil de explicar - preciso arrumar um jeito de deixa-lo curioso sem deixá-lo nervoso

- Elizabeth, apenas fale - estava realmente preocupada com a forma predatória que ele me encarava

- não posso, minha vida está em risco - abaixei a cabeça me fazendo de coitada

Ele pareceu ter visto um fantasma, a cor do seu rosto sumiu, ficou ali me encarando sem dizer nada e sentou na cadeira como se precisasse se apoiar.

- como assim em risco? -

- é algo muito sério Bill, posso te colocar em risco também e ele não pode nem sonhar... - novamente fingi ter dito mais do que deveria - Heron é perigoso e eu devo ter cautela com ele -

- Liz, minha querida, você é quase uma sobrinha para mim! Tenho um carinho enorme por você como tive por sua tia - curiosamente seu tom de voz ficou mais calmo, isso me assusta mais do que os gritos

Me mantive em silêncio, pensando em algo

- se você estiver correndo algum risco eu preciso saber, preciso fazer algo a respeito - ele passou a mão nos cabelos - o que está acontecendo? - calmo como um cordeiro

- Bill, por tudo que é de mais sagrado a você, que isso não saia dessa sala - tomei o cuidado de falar devagar para ir vendo a reação dele, Bill segurava os braços da cadeira como se estivesse vendo um filme de suspense - eu meio que fui contratada para vigiar Heron de perto -

- como é? - ele ficou perplexo

- sim! - continuei falando calmamente - e não sei mais como lidar com isso, sinto que a qualquer momento posso ser pega -

- quem te contratou? - ele assumiu um olhar de cautela, começou a desconfiar

- isso pode te colocar em risco! ele deixou claro que se eu disser qualquer coisa a qualquer um... - olhei para baixo, fingindo não conseguir terminar a frase, espero que esteja funcionando

- mas eu tenho que saber, Liz - ele me encarava sem nem piscar - como vou te ajudar se não souber -

- minha preocupação é com sua vida - falei como se realmente me importasse com isso

- dane-se minha vida! eu faria qualquer coisa para proteger você - ele estendeu a mão sob a mesa pedindo as minhas e eu as entreguei

- não sei Bill... - fingi estar indecisa

- pode falar minha querida, aqui é um lugar seguro - agora eu que fiz um esforço enorme, só que para não rir, que babaca mentiroso - quem te contratou e por quê? -

- Dario Carlini - olhei em seus olhos e o que vi foi medo genuíno, se o rosto dele fosse uma pintura se chamaria pavor

- não é possível! - ele soltou minha mão na hora - como isso aconteceu? quando... -

- após meu primeiro dia no aqui no Blue's, no dia seguinte pela manhã fui ao mercado e ele me abordou dizendo ter uma proposta -

- que proposta? -

- espionar o filho dele - novamente encarei as mãos - não aguento mais guardar isso -

- diga minha querida, diga - comecei a perceber impaciência em sua voz

- ele acha que Heron usa o clube de fachada para movimentar seus negócios obscuros -

- que negócios obscuros? - a voz dele saiu fina, sua feição é uma mistura de espanto e medo

- Dario sabe sobre as drogas e as armas, disse que não tem outra pessoa que possa estar por trás disso se não Heron -

Ele ficou em silêncio e então continuei

- ele pediu que eu o contasse tudo que eu conseguisse descobrir -

Bill teve uma reação contrária do que achei, eu pensava que ele ficaria preocupado ou apavorado, mas o babaca ficou feliz. Ele não conseguia disfarçar o sorriso em seu rosto, e ele bem que tentou, cobriu a boca com uma mão mas pelos seus olhos vi que ainda sorria.

- mas isso é inacreditável! - ainda com a mão na boca ele continuou - eu bem que notei algumas movimentações estranhas aqui dentro -

- que tipo de movimentações? - questionei imediatamente

Após a minha pergunta ele ficou um pouco desconcertado, certamente arrependido do que disse e logo tentou mudar o foco

- ah Liz, uns homens estranhos por aqui - ele pensou um pouco antes de continuar - quer dizer, olha as pessoas que frequentam esse lugar só cara cheio da grana, a gente aprende a distinguir com o tempo -

- tem razão... - fingi acreditar na lorota, ele por sua vez estava se deleitando

- mas Liz isso é muito perigoso! tenho que te ajudar a achar essas provas, é minha obrigação para com a Margot e com a boate que eu administro! - o nome da minha tia sendo pronunciado pela boca imunda dele fez meu estômago revirar de ódio, mas me segurei, preciso ser fria - o que descobriu até então? - os olhos dele brilhavam de curiosidade

- não posso falar, me desculpe - respondi secamente

- ah garota, eu quero te ajudar! se abre comigo - ele pediu como se eu fosse uma criança de oito anos fazendo birra

- sinto muito, mas eu não posso contar - me mantive firme, não vou ceder

- poxa Lizie! não confia em mim? - ele se fez de ofendido

- é claro que confio, você é da família! mas não posso te contar mais nada já falei o bastante -

Ele ficou um tempo em silêncio, pensando no que iria dizer, ainda sorrindo na cara dura.

- é uma honra ser da sua família, e por isso eu respeito seu espaço, ok? pode falar quando se sentir confortável - ele me deu um sorriso caloroso - e não se preocupe essa sala é um lugar seguro e eu jamais deixarei algo lhe acontecer, faça o que deve fazer e não se preocupe com absolutamente nada -

- não sei como te agradecer! você é incrível Bill - me levantei e fui até ele abraçá-lo para demonstrar o quanto era grata por ele existir, que nojo - você tirou um peso dos seus ombros -

O telefone dele apitou, não tive tempo de ver quem era, apenas vi uma mensagem de texto dizendo algo sobre Heron.

- agora vai! A entrada já foi feita e o canalha acabou de chegar - a mensagem era um aviso

- me deseje sorte - ignorei o detalhe entregue de bandeja

Sai da sala sem nem olhar para trás, preciso contar logo tudo que descobri.

Minha - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora