Capítulo 53 - Heron

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Não consigo dormir mesmo estando com o corpo e a mente cansados, Jota e eu passamos a tarde desenvolvendo planos de contingência e organizando nossos homens em pontos estratégicos da cidade, acredito que a troca será aqui mesmo, em Nova York.

Tenho que me manter firme e concentrado para pensar em tudo e planejar a extração nos mínimos detalhes já que Martino não está em condições de resolver nada e Dario... bom, é naturalmente um babaca, passou o dia me provocando ao invés de ajudar.

A história está se repetindo, todos temem que aconteça com Liz o mesmo que aconteceu com Georgia, eu era uma criança quando tudo aconteceu mas me lembro bem dos gritos de Martino ao descobrir a morte da mulher que tanto amou. Ele se afundou na depressão e na bebida, pensava que tinha perdido a mulher e a filha também, não tinha ânimo para se vingar ou para espancar Bill e naquele momento eu entendi como é perder alguém que ama.

Mas quando Margot entrou em contato informando seu acordo com Eleonora, era como se ele tivesse renascido, ele encontrou um propósito para viver, Elizabeth.

Após a morte da minha mãe Dario se afundou no trabalho, ele não suportava me olhar, a nossa semelhança era algo muito difícil de lidar e ao invés de cuidar de mim como qualquer pai faria, ele me despachou para a casa do meu padrinho, lá eu fui criado como um filho. Ele queria fazer por mim o mesmo que Margot fazia por sua filha.

Eu cresci ouvindo ele falar da Liz e isso foi gerando em mim uma vontade incontrolável de conhecê-la, o tempo foi passando e essa vontade só aumentava. Nunca senti o amor arrebatador dos romances que já li, aquele amor que dói nos ossos, que faz perder a razão, o amor que tira o sono ou que toma os sonhos. Eu gostava da Helena, a gente se dava bem, achei que isso era o máximo de amor que eu conseguiria sentir por alguém, quando Dario me intimou a arrumar uma esposa com a desculpa de que eu já estava na idade de sossegar, achei que o que eu sentia por ela era o suficiente.

Quando descobri que Helena facilitou o segundo roubo de Eleonora em nossas contas, eu não sofri, na verdade eu me senti aliviado por não precisar me casar. Um tempo depois eu vi uma segunda vantagem nisso, oportunidade de me aproximar de Liz, eu queria isso loucamente e não entendia o porquê, dei a ideia de me mudar para o mesmo prédio que ela, aleguei que assim teríamos a certeza de que ela estava segura e Martino aceitou.

Quando eu a vi pela primeira vez... nossa! me apaixonei instantaneamente, senti as mãos suarem e o coração acelerar, eu queria estar com ela, queria protegê-la, perdi as contas de quantas vezes fui à livraria só com a desculpa de vê-la, mas eu não podia me aproximar seria arriscado demais, para ela e para Margot também, então me mantive distante. Quando a tia dela morreu foi um susto para todos nós, ela nunca disse que estava doente e temíamos que Eleonora se aproximasse ou que Liz passasse dificuldades financeiras. Primeiro tentei comprar a livraria assim ela poderia voltar a trabalhar lá, com um salário melhor é claro, mas o dono se recusou a desfazer do negócio.

O Heron de antes o mataria, mas por ela eu queria ser um homem melhor.

Me recuso a agir como a besta que Dario quer eu seja, eu não sou assim, não mais. Mas confesso que tenho muita vontade de sair com a moto sem rumo, torturando quem eu encontrar pela frente, até a morte se necessário, para ter qualquer informação sobre a Liz. Estou a dias tentando me concentrar, reprimindo toda a raiva que sinto para não agir por impulso, mas quando chegar o momento certo, Deus ajude quem estiver no meu caminho.

Atena está espalhada no meio da cama me empurrado com as patas, mais um pouco e eu vou acabar caindo, já Artemis se aninhou no meu pescoço ronronando profundamente enquanto faço carinho na sua cabeça. Meu telefone começou a tocar, um número desconhecido, Eleonora, sem dúvida.

Minha - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora