Capítulo 47

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Encaixei a mesa de lado e por ser estreita ela atravessaria a janela por completo, ajeitei a corda testando a resistência mais uma vez, tudo estava pronto, a adrenalina borbulha em minhas veias, tinha que agir logo ou acabaria desistindo. Então dei dois passos para trás e corri empurrando a mesa, não surtiu muito efeito, só alguns vidros se quebraram caindo lá embaixo

Então para a segunda tentativa afastei a mesa da janela, peguei impulso mais uma vez e empurrei com toda força, nessa nova investida a janela saiu do lugar.

- abre essa porta, menina - gritava o brutamontes quando percebeu o que estava acontecendo

Fiz todo o processo pela terceira vez mas nada dessa porra de janela quebrar, a mesa também não ajuda, é mais pesada do que aparenta.

- ela vai quebrar a janela - esse cara é muito forte, a porta de madeira maciça tremia com seus chutes, a parede em volta começou a soltar poeira, um chute desse em mim me mataria

Na quarta tentativa a janela se partiu na horizontal, a parte de baixo se soltou quase que por completo, e só isso já era o suficiente. Peguei o abajur e comecei a quebrar os cacos que restaram, em seguida joguei a corda, mas ao ouvir o estrondo da porta sendo arrombada eu paralisei, é tarde demais.

- solta esse abajur e vira devagar - aquele monte de bosta conseguiu entrar

- o que está acontecendo aqui? - um homem alto e loiro entrou no quarto, perplexo pela bagunça que eu fiz - como não percebeu o que ela estava fazendo? - perguntou ao brutamontes

- mas senhor Marcos - ele alternava entre mim e o loiro, indignado - eu não percebi nada, ela fez tudo em silêncio -

- não interessa - ele falava baixo mas com autoridade, o careca o chamou de senhor então ele deve ser o chefe aqui - o que acontecer dentro desse quarto é sua responsabilidade -

Marcos caminhou até mim com passos firmes, vestindo apenas uma calça jeans preta e botas militares, seu braço direito é fechado por tatuagens que começam no pulso e terminam na clavícula, seus olhos azuis me encaravam, brilhando como os um felino e eu com certeza era a sua caça. Parou a centímetros de mim, não pude dar um passo para trás ou cairia da janela, ele é alto mas não como Heron.

- não ouse encostar a mão em mim - gritei, mas ele nem se importou, apenas me pegou pelo cotovelo me afastando da janela - me solta seu desgraçado - gritei tentando me desvencilhar dele

- se ficar bem quietinha eu te deixo jantar - sussurrou ao pé do meu ouvido

- pega o jantar e enfia no rabo - gritei com firmeza ainda tentando puxar meu braço mas ele apertava ainda mais - vocês querem me manter aqui? ótimo! então eu vou fazer da vida de vocês um inferno -

- ela é brava, não é!? - ele gargalhava se dirigindo ao babaca careca - vou levar ela lá para baixo - disse me arrastando corredor a fora, tentei pará-lo com os calcanhares mas quase fui ao chão com a puxada brusca que ele deu

- eu não vou! - quando vi que não teria saída mordi seu antebraço

- sua cadela! - ele segurou meu maxilar com força me jogando contra a parede em seguida - não vai adiantar nada você quebrar uma janela ou morder um de nós, você só sai daqui quando seu papaizinho pagar, se não está gostando da estadia reclama com ele -

Marcos soltou meu rosto e com um movimento rápido ele me colocou de cara para a parede prendendo meus dois braços para trás, o babaca é muito forte e lutar com ele seria perda de tempo, ele esperou um pouco e me conduziu pelo corredor até uma escadaria. Descemos para uma espécie de hall de entrada, que é bastante luxuoso por sinal, após mais um lance de escada continuamos para o que parecia ser a ala subterrânea, chegando lá notei que se tratava de um porão, úmido e sem claridade, pude ver que também era uma espécie de depósito com vários caixotes de madeira, baús e móveis cobertos por lençóis. Bem no fundo enxerguei três celas, eis o meu castigo.

- eu sou Marcos, a propósito - disse enquanto caminhávamos, eu permaneci em silêncio temendo o que poderia acontecer agora que estávamos a sós - de repente ficou muda? -

- não sei se percebeu mas eu não quero estar aqui - respondi com cautela

- educação? está passando bem, Elizabeth? - disse enquanto abria a cela, me jogando para dentro, nela continha uma cama, uma cadeira de metal e uma porta de madeira velha, o banheiro eu acho - como recompensa pelo bom comportamento te trago o jantar em breve -

Fiquei observando ele se afastar, começando a me arrepender do que tinha feito, se eu tivesse obedecido a Irene estaria agora naquele quarto de princesa, fui então até a cama e conferi os lençóis, estavam limpos, então me deitei, o que me resta é esperar.

Minha - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora