Capítulo 51

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- não achou que entraria aqui sem que eu soubesse, achou Irene? - ela estalou a língua caminhando devagar até a cela - Heron me subestima a tal ponto que chega a ser fofo -

Eleonora estava vestindo um body de renda preto e uma calça pantalona de alfaiataria, o som dos seus saltos batendo contra o piso entrega o fato de que ela estava aqui esse tempo todo. Irene percebeu isso também porque começou a tremer, estava prestes a ter um infarto, não tive reação e apenas congelei.

- tem muitos detalhes dessa triste história que eu gostaria de pontuar, você me permite, Irene? - ela apoiou os braços na grade nos encarando enquanto aguardava uma resposta e como não a obteve deu de ombros e continuou - bem, acredito que o silêncio de vocês seja um sim... eu devo reconhecer, Martino e Geórgia me enganaram direitinho -

- ela merece a verdade - respondeu Irene com imponência, ela travou a mandíbula fazendo com que seus dentes rangerem, não sei dizer se era por raiva ou medo

- eu também mereço - seu olhar se voltou para mim fingindo indignação um gesto totalmente teatral - não acha, Elizabeth? -

Meus olhos se encheram de lágrimas ao encarar a mulher que destruiu a minha vida e a dos meus pais, ela vai pagar por tudo que fez, isso é uma promessa. Me recompus e permaneci em silêncio encarando-a com um olhar metálico e carregado de ódio.

- Liz, minha querida... é assim que ele te chama não é - ela cerrava os olhos avaliando cada movimento meu, me instigando a reagir - seu pai não é esse bom homem que Irene pintou, seu pai nunca se importou com nada além dele mesmo, por que acha que ele não te procurou nem quando sua doce tia Margot morreu? -

- para de tentar envenenar a garota! - Irene gritou tão inesperadamente que me assustei, ela bufava de indignação com lágrimas escorrendo pelas bochechas - o seu pai foi ao enterro sim, mas não pode se aproximar, ele é muito grato por sua tia por ter feito de tudo por você sem nem pensar duas vezes -

- engraçado... quando fomos à farmácia juntas, no dia que nos conhecemos, se lembra? - me lembro bem desse dia, revelei várias coisas sobre minha vida como uma tola ingênua, ela me manipula contra todos a cada nova oportunidade - você me disse que passou por dificuldades financeiras quando Margot se foi, onde seu papai estava quando mais precisou? -

Continuei em silêncio, quero que ela pense que eu estou caindo em seu jogo, que está conseguindo me fazer ter dúvidas. Quando ela menos esperar eu vou contra atacar de forma lenta e dolorosa, ela se acha muito esperta, não é? veremos então. Ao meu lado Irene permanecia ofegante e tensa, espero que nada a aconteça por tudo que fez por mim.

- não existe amizade e lealdade nesse "meio" - ela fez aspas com os dedos ao dizer a palavra, deixando claro que escutou absolutamente tudo o que conversamos - eu fui obrigada a frequentar o círculo íntimo da máfia, meu pai queria me casar a todo custo com um deles, tudo por conveniência -

- sua cobra! você se aproxima de Francesca com a intenção de se envolver com o marido dela - Irene levantou a voz com o rosto vermelho como um pimentão - e quem caiu foi Martino só porque estava cego de paixão -

- você era só uma empregadinha, não sabia de nada do que acontecia de verdade - ela falava de forma preguiçosa como se a situação fosse monótona - fiz muitas coisas ruins sim e não estou pedindo que entenda, Liz. Eu tive motivos nos quais você não tem conhecimento mas na hora certa eu vou te contar -

- eu sei de tudo e sei muito bem quem você é - Irene se virou para mim pegando minhas mãos - Elizabeth, não acredite em nada disso, esse monstro é capaz de qualquer coisa! manipulou Bill para que matasse a própria esposa, só para herdar tudo caso o Bill morresse - terminou apontando um dedo acusatório na direção de Eleonora que gargalhava da situação

- que bobagem! Bill só a matou porque eu revelei o tinha descoberto, Kelly tinha um caso com uma dançarina, todos sabiam eu só fiz a gentileza de contar - ela deu de ombros como de a situação fosse normal

- Kelly não queria nada dele, nada! e mesmo ela assinando o divórcio você mandou matá-la. Elas tinham um caso sim e planejavam fugir, de você e das surras do Bill - Irene falava com tanta raiva que as veias de seu pescoço saltaram, segurei sua mão na tentativa velada de acalmá-la. Vi nos olhos de Eleonora, é isso que ela quer, que Irene perca a razão na minha frente - você tem muito o que pagar, Eleonora, o inferno será pouco para você -

- eu não temo a morte, minha cara! Se no inferno tiver um bom vinho cabernet eu estarei em casa - Eleonora nos deu um sorriso perverso virando em seguida na em direção da porta de entrada do porão - Marcos! me traga a surpresinha -

Em poucos minutos o loiro apareceu na ponta das escadas, vestido dessa vez, com uma enorme sacola da Victoria Secret's nas mãos. Marcos caminha em nossa direção com passos determinados, um olhar predatório e um sorriso perverso nos lábios.

- aqui está - disse entregando a sacola a Eleonora sem tirar os olhos de mim - olá, Elizabeth -

- ah, já ia me esquecendo! - disse conferindo o conteúdo da sacola - a sua pequena bagunça vai para a conta do seu pai, essa casa tem regras mocinha -

Marcos destrancou a cela entrando em seguida, a cada passo que ele dava em nossa direção um nó no meu estômago se formava, firmei o corpo pronta para resistir mas ao invés de ir até mim ele pegou Irene pelo braço e começou a puxá-la.

- para onde está levando ela? - gritei desesperada tentando afastá-lo dela mas Irene apenas olhou para mim sorrindo, sussurrando um "tudo bem" - deixe ela aqui comigo, eu faço o que vocês quiserem - gritei apavorada, se eles a matarem por minha causa...

- com ou sem ela você vai obedecer - Eleonora tirou da sacola bastão de choque e o ligou para demonstrar do que seria capaz - agora vista isso, vamos dar um passeio mais tarde -

Ela jogou a sacola dentro da cela antes que Marcos a fechasse, quando caiu no chão os objetos saíram, pude ver que se tratam de peças íntimas, senti um frio na espinha tentando imaginar para quê eu as usaria.  

Minha - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora