PRÓLOGO

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UMA CARTA

Carlo estava na varanda da casa de praia, quando chegou à primeira correspondência do dia. A única, não dera aquele endereço para todos, apenas sua família sabia onde encontra-lo. Não sabia ao certo como seu conhecimento, já que não sabia o hábito de informar. Lá era seu espaço para desopilar de tudo e a última coisa que esperava uma carta. Ainda mais algo semelhante como aquela, que recebeu na manhã de segunda feira.

Era um envelope simples, branco com uma bela caligrafia, sem remetente. Carlos curioso para a carta, apalpando de leve, sentindo o volume de papéis dobrados em seu interior. Sentou-se na cadeira de vime, onde estava anteriormente e foi abrindo com cuidado, para não rasgar as folhas. Era três folhas com linhas e margem, como folhas de caderno. A caligrafia era bonita e ortografia perfeita, de alguém bem instruído e meticuloso, pensado. Resolveu primeiro e logo que começou, teve que parar e ler novamente, para ter certeza de que não havia se confundido. Ela dizia:

Querido escritor Carlo. Você não me conhece, mas tem conhecimento de seus. Li todos os livros e devo dizer que é um mestre do suspense. lesse e, se desejar, é claro, publique. Caso contrário, queime-as ou esconda estas, como for de seu bel prazer"

Não tinha certeza se aquilo era apenas uma brincadeira, de algum fã ou alguém que não tinha o que fazer, mas aguçou a curiosidade de escritor que corria em suas veias. Continuando a leitura, bebendo um grande gole de água gelada com casca de laranja. O vento marítimo aliava de mansinho, seu rosto que por sua vez, não desviava o olhar daquele papel:

Posso garantir que é real e aconteceu nos anos 80. Mas, vamos começar de onde realmente começou? Então vamos lá!

Eu tinha 10 anos e meu primeiro experimento, ou vítima se desejar, um gato cego de um olho. Eu não sabia o que fazer, mas vê-lo amarrado naquela árvore no bosque, me deixou tão excitado que jantei tudo sem exigir e fiz todas as minhas obrigações escolares, na preocupação de dormir e voltar no dia seguinte, para onde ele estava. Ao retornar, ele ainda estava lá; amarrado, sem água e comida, porém vivo. Me comunicar com seu olho cinza, implorando pela liberdade.

sensação de poder que aquilo me atendeu, foi inexplicável! Me aproximei dele, acariciando seu pelo eriçado, sentindo os tremores. Seu miado era contínuo e irritante, mas não me abalou ao ponto de soltá-lo. Ergui-me e voltei pra casa, deixando-o lá, por mais um dia.

Ao voltar, no final da tarde, o animal, já não me entrega mais e nem se mexia. Me aproximei devagar, pensando que ele poderia estar e isto, decepcionante demais, mas percebi seu abdômen subindo e descendo lentamente. Estava fraco demais para miar e as feridas no pescoço denotava uma luta, na tentativa de se soltar. Sorrir

Fiquei ali, observando-o por um tempo, mas não sei dizer se mais de uma hora. Creio que não, mas foi um tempo possível. Chutei seu crânio, de forma delicada, apenas para ter certeza de que eleia, mas não o fez, então, até corri em casa, peguei água e voltei. Molhei sua cabeça, seu corpo e com a mão em concha, dei-lhe de beber. O gato lambia minha mão, de forma desesperada e seu miado fraco. Eu realmente não queria que ele morresse, ainda. Meu desejo era o quanto ele suportava. Mas, logo no dia seguinte, ele estava morto e ficou tão decepcionado que a raiva minou meu íntimo. Ao perceber que o animal estava resistido, com a língua pra fora da boca e seu único olho sendo devorado pelas formigas, não me controlei. Chutei-o até minha perna se cansasse e deve à chorar de frustação. "

Ao terminar aquele trecho, sentiu o estomago embrulhar em enjoos. Mas a curiosidade era ainda maior que seu mal-estar. Levantou-se com a carta em e subiu até o andar de cima, onde ficava o espaço de inspiração. A velha máquina de escrever, seu caderno e folhas em branco sobre uma escrivaninha, próxima a janela. Ajeitou-se na cadeira confortável em frente ao notebook, olhando, ante a dúvida de digitação ou não. Olhou o céu, pela janela e começou logo, até as primeiras linhas, que havia lido aquele momento.

 Olhou o céu, pela janela e começou logo, até as primeiras linhas, que havia lido aquele momento

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