CAPÍTULO 30

11 5 3
                                    

Um Final Para Oliver

Oliver estava se sentindo muito fraco e achou que se continuasse assim, iria morrer. Não podia deixar que Thomas acabasse o matando a qualquer hora. Ele esperou que este surgisse, como prometera no dia seguinte e como não acontecera até aquele momento, resolveu agir por conta própria.

O que Thomas não sabia, era que Oliver passou sua infância, nas férias naquela cabana. Conhecia todos os cantos dela e seus truques de caçador. Seu avô o ensinara bem como poderia sobreviver em algum caso de emergência.

Foi com muita dificuldade até uma parede, entre as duas madeiras e puxou uma lasca falsa de uma delas, alisando com a ponta do dedo, sentindo o pequeno metal frio em seu indicador. Lá estava ela. Sorriu, e esperançoso, ao perceber que não foi tirada de lá, apesar dos anos. A chave que abria a porta que daria para a parte superior da casa. Puxou com todo carinho, para que esta não caísse no vão que o tempo criou. Parecia uma eternidade e já sentia os dedos molhados de gotículas de suor. De repente, sentiu-a entre seus dedos e em seguida estava na sua mão.

"Obrigado, vovô! Sabia que um dia me seria útil as suas paranoias! "

Beijou a chave e sentiu uma vertigem muito forte. Não estava nada bem e achou melhor se sentar de volta. Puxou o ar com muita dificuldade e a sensação que seus pulmões estavam se fechando era muito intensa. Todo o ambiente girava vertiginosamente em torno dele. Fechou os olhos, jogando a cabeça para trás e tentando respirar.

"Mas que diabos...? "

Já era para estar bem melhor, mas parecia que estava piorando. Fazia um dia e meio que estava lá e já era para estar melhor. Não totalmente, claro, mas parecia que estava cada vez mais fraco e a tontura aumentou. Olhou em volta piscando, na tentativa de encontrar o prumo de seu equilíbrio e foi quando seus olhos pousaram nas garrafinhas de água vazia.

"Perdido... seu grandíssimo filho de uma vadia! "

Riu. Um riso quase insano de desespero e raiva. Seguiu olhando em volta, sem mexer muito com o tronco. E viu uma garrafa de azeite. Precisa provocar um vômito. Não sabia se estava envenenado ou apenas dopada, mas precisava expulsar tudo que estava dentro dele, o mais rápido possível. Não queria perder os sentidos.

Tentou se levantar, indo com muita dificuldade até a garrafa, que estava quase vazia. Pegou e sacudiu. Engoliu seco, apavorado com o que poderia lhe acontecer. Abriu e cheirou e logo se arrependera do ato. O fedor subiu pelas narinas, descendo pelo esôfago se instalando no estomago. Sentiu a bílis subir pela traqueia.

"Beleza! Preciso tomar esta droga milenar. Bora, Oli! Cheira bem forte, dá um único gole, cara! Coragem! Ou é isto ou a ira do Thomas! "

Fechou os olhos e se inclinou, trancando a respirando. Se armou de toda coragem e inspirou e levou a garrafa velha e empoeirada até os lábios. Sentiu o gosto apodrecido quase indescritível entrar nele e chegar até seu cérebro. Tossiu, sentindo as lágrimas chegarem aos seus olhos esverdeados e caiu de joelhos. Colocou as mãos no estomago. Uma dor intensa, acompanhada da enorme ânsia de vomito, quase o fez desmaiar.

"Não morre! Luta, cara! "

Se apoiou num velho armário de madeira e nas prateleiras, derrubando-as com a força que ele usou para se levantar. Soltou um gemido de dor, indo até uma parede com ferramenta falsa, trôpego e tirou a pequena chave do bolso, colocando num minúsculo espaço, onde só entrava a chave.

A dor veio mais forte e junto dela, um refluxo estomacal intenso. Precisava sair dali, pensou enquanto girava a chave no orifício e ouviu um clique. Um embrulho vindo com a bílis invadiu sua traqueia. Abriu a porta e no momento em que ia passar pela pequena passagem, uma mão o puxou de volta com violência.

O ÚLTIMO CAPÍTULOOnde histórias criam vida. Descubra agora