CAPÍTULO 17

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UMA CAPA DE CHUVA ROSA E UMA SEDE DE SANGUE

A noite chegara e Carlo sentia fortes dores pelo corpo. O resfriado realmente veio com tudo e ele ainda não se conformava de ter pego toda aquela chuva. Sua vontade era de não sair da cama. Virou para o lado e resolveu dormir mais algumas horas, mas lembrou-se que precisava terminar o quanto antes a droga das cartas. Olhou o teto por algum tempo, tomando coragem pra sair da cama e pegar mais um dos envelopes.

Levou para a cama o envelope que se intitulava "CARTA SETE – DUAS FOLHAS". Ajeitou os travesseiros e com a ajuda de uma caixa de lenços de papel e um antitérmico, iniciou a leitura:

FOLHA UM, CARTA SETE:

"Quando me aprontava para sair, olhei para ele que acabara adormecendo. Coloquei as fitas em volta de seus pulsos e tornozelos e em sua boca, reforcei bem as voltas e verifiquei se estava bem preso. Deixei uma garrafa de água bem próximo a ele e o tranquei no quarto. Se me arrisquei, deixando-o em minha cama? Sim. Mas realmente não queria parar pra pensar nisto. Precisava sair na chuva e colocar os pensamentos em ordem.

Assim que estava por sair, Doroty chegava em casa, vinda de táxi. Tentei me manter longe das vistas do motorista. Odiaria ter que ir atrás dele, entre os milhares que circulavam.

Esperei que ela tirasse sua capa de chuva e fechasse a sombrinha na parte externa da casa e, fui até ela, avisar que precisava sair um pouco, ir até o cinema e assistir algo. No dia seguinte teria algumas provas e desejava relaxar.

- Mas, está chovendo, meu anjo. Se agasalhe, sim?

- Minha querida Doroty... O que seria de mim, sem você? Claro! Já deixei meu guarda-chuva na soleira, apesar de adorar a chuva. E como foi o bingo com as meninas? Se divertiu? Quer que eu faça um chazinho?

- Ó, Thomas! Você é tão gentil! Eu vou retirar meus sapatos e me deitar em seguida.

- De forma alguma quero incomoda-la! Suba e se deite, Doroty. Eu levarei seu chazinho de hortelã. Uma colherinha de mel, certo?

- Você não esqueceu! Sim, meu filho! Muito obrigada!

Fiquei olhando a velha subir e me deu uma vontade de estrangula-la ali mesmo. Mas ainda não era a hora certa. Ela deu uma olhadinha pra trás e sorri inocentemente. "Vá para cama, sua velha estúpida! " – Pensei

Fui até a cozinha e preparei o chá dela, colocando algumas gotas especiais de calmante. Assim, ela dormiria até o seguinte. Apenas duas, claro. Não quero que ela morra de overdose e acabarem suspeitando do inquilino.

Subi as escadas, devagar. Como eu desejava matá-la! Era algo quase incontrolável! Bati na porta e esperei que ela dissesse que poderia entrar. Encontrei-a deitada com a bíblia no colo e sorrindo, como sempre. "Te odeio, sua bruxa! "

- Olha, querida! Eu trouxe também alguns biscoitinhos amanteigados e um copo de água fresquinha. Descanse, sim? Não vá abusar!

Ela segurou meu braço, com delicadeza e falou carinhosamente que nem os filhos dela a trataram com tanto amor.

Apenas sorri. Queria sair daquele quarto horroroso, fedendo a lavanda e naftalina!

- É um prazer, Doroty. Até amanhã, querida.

- Bom passeio, meu filho. Obrigada.

Me afastei e sair, fechando a porta devagar. " Sua hora vai chegar, "querida" Doroty"

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