CAPÍTULO 18

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EU VI O QUE VOCÊ FEZ

Carlo sentiu uma forte vontade de ligar para sua esposa, mas não queria importuna-la em seu estado e sabia bem que ela acabaria indo até ele, se soubesse do seu resfriado. Tomou a iniciativa de ir até um médico local e tomar uma injeção e comprar vitamina C. Já se sentindo melhor, resolveu reiniciar as leituras, mas antes, ligou para Paul e saber se ele estava bem:

- Alô, meu irmão? E aí, cara? Como você tá no trampo novo?

- Carlo! Lembrou de ligar pro irmãozinho? Tô legal, cara! E o livro?

- Ainda me dando dor de cabeça, mas andando para o final

- Foi bom você ter me ligado. Teve um amigo seu aqui, na lanchonete, falando que é seu fã e está só esperando para ler seu próximo livro.

Carlo congelou

- Como ele era? Fala, Paul??

- Ei! Calma, cara! Ele era só um rapazinho!

- Como ele era?

- Era magro, de óculos, meio oriental. Não sei bem! Sou péssimo pra guardar rostos. Mas o que houve?? Carlo?!

-Nada. Não é nada. Deve ser algum aluno de faculdade...

- Você não reagiu como se fosse só um aluno de faculdade, mas ok!

Carlo não sabia o que diria para o irmão e resolveu apenas se despedir e fazê-lo prometer que iria se cuidar e ligar caso precisasse de ajuda. Desligou, pensando no que o irmão havia lhe dito e, onde tinha visto alguém com aquela descrição.

Subiu as escadas, pensativo. Foi até ao estúdio e se sentou em frente ao notebook, respirando fundo. Pegou a segunda folha do sétimo envelope.

FOLHA DOIS, CARTA SETE:

Estava saindo da faculdade, despreocupado. Feliz até com as notas dos trabalhos entregues, já me imaginando na Europa, cercado de luxo e conforto, quando uma voz rouca e esganiçada me chamou de garoto da chuva. Olhei rapidamente na direção da voz e vi um morador de rua em um dos bancos da praça próximo a saída da faculdade.

Me aproximei dele, com a curiosidade controlada:

- Quem é você? E de onde me conhece? –Perguntei

- Eu conheço você. Do parque, aquele dia da chuva. Eu vi o que você fez com aquela vagabunda.

Extremei, mas não deixei transparecer. Mantive a calma e sorri para ele:

- Ah, sim! Eu e ela apenas nos divertimos juntos! – Ri alto, sentando do lado dele

- Eu vi você levar a garota pro meio do mato. Eu até fiquei com vontade de ir ver, mas tava cheio de trago!

- Sei como é....

Eu precisava pensar rápido numa saída de mestre. Ninguém iria sentir falta de um mendigo, mas eles nunca estavam no mesmo lugar, no dia seguinte. O que eu poderia fazer?

- Meu amigo, vou te dar uns trocados, pra você poder comprar algo. Gostei de você

- Quer me comprar, jovenzinho? Não quer que eu fale que um estudante de universidade chique andou com uma prostituta?

- Também, confesso! Se descobrirem, perco meu estágio e serei expulso! Você entende?

Fingi desespero, para ele achar que estava no poder. E deu certo

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