O dia amanhecia ensolarado, quente. O mar estava cristalino. Thompson caminhava pelas praias de Cidade Magma, sentindo-se vitorioso. Ao longe, no mar, quase impossível de avistar, havia uma pequena massa de terra, uma ilha: a famosa Ilha Verde. Chamada assim pelas lendas locais que contam que a Mãe Natureza vive lá, uma deusa com poderes para criar vegetação e vida animal. A ilha é cercada de lendas e mistérios dos marinheiros. Dizem que na floresta da ilha habitam seres mágicos, desde ninfas, fadas, trolls e outras criaturas.
Thompson voltou para "seu" novo castelo. Ao chegar no salão da fortaleza, cercado por estandartes dourados e pilares de pedra, encontrou seu irmão Eragon sentado em seu trono. Seu coração acelerou; era impossível ele estar vivo.
— Veio pedir desculpas pela noite passada, irmão? — Perguntou Eragon em tom de deboche, levantando-se de seu trono e encarando Thompson.
— Como isso é possível? — Thompson não demorou muito para entender. O rosto esmagado, a rapidez com que o levaram e a confusão ao tentarem explicar como conseguiram capturá-lo de dentro da fortaleza. — Estou voltando para Fortaleza Azul, só vim me despedir.
— Vá com seu deus, irmão. Espero que chegue em segurança. Se vir Connor por aí, deixe-o ir com você.
Thompson virou-se de costas para o trono e caminhou em direção à saída. Seus pensamentos voltaram para o corpo jogado no vulcão. Claro que por alguns segundos passou pela sua cabeça que poderia ter sido seu irmão mais novo, Connor, mas seria muita coincidência. Quase 1 ano depois, no ano de 21 A.C., Thompson recebeu uma carta de seu irmão mais velho, Eragon.
Na carta, dizia que Connor estava desaparecido e nunca mais foi visto desde o jantar. Obviamente, Thompson já sabia o que havia acontecido, e sua esposa Sara também. A mulher estava grávida novamente. No início do ano 20 A.C., nasceu um menino chamado Pendragon, em homenagem ao seu avô. Seus outros filhos, Atoros, já estava com 5 anos, e sua filha do meio, Megan, completou 4 anos.
Em uma noite, Sara acordou aos gritos. Em seus sonhos, era segurada pelos Filhos do Fogo e tinham sua cabeça esmagada com uma pedra. Ela entendeu que era um aviso, algo que deveria fazer. Após o susto e todos voltarem a dormir, Sara se envolveu em um manto escuro, pegou um pouco de ouro e fugiu de Fortaleza Azul com seu bebê, Pendragon. Três dias depois, ela chegou à Cidade Magma, onde contou tudo ao Rei Eragon sobre o que aconteceu na noite do jantar.
Eragon perdoou Sara pelo que aconteceu e declarou Thompson um inimigo. Pendragon cresceu junto de Rolly, seu primo. Cidade Magma cortou as rotas comerciais de Fortaleza Azul, deixando-os sem cevada e seda. Além disso, os navios de Thompson que passavam próximo ao porto eram presos ou atacados. Os irmãos Wyrm nunca mais se viram.
Quase 20 anos depois, uma luz transformou a noite em dia, seu barulho era como o de um trovão que não parava e seu brilho era tão intenso que os olhos ardiam só de ver. Muitos acreditaram que era o Brilho, o deus das Estrelas, vindo para a Terra Conhecida. Aquela gigantesca bola de fogo caiu sobre o Oceano Azul. Seu impacto causou um gigantesco tsunami que destruiu as Ilha Colina e Ilha Veneno, as ilhas mais ao leste. Rolly já estava com 25 anos quando o cometa atingiu o oceano. Seu pai governa Cidade Magma desde então. Seu primo, Pendragon, completou 20 anos. Os dois eram como irmãos, com os mesmos cabelos ruivos e olhos verdes.
Naquela tarde, Eragon encaminhou para o reino de Maré uma carta, mais especificamente uma proposta de casamento. O castelo de Maré se encontrava em uma ilha, relativamente próxima à Cidade Magma. No reino de Maré, a família Storm reinava desde antes da família Wyrm surgir.
O rei atual se chamava Toros Storm e sua esposa, Elaine Storm, tiveram três filhas juntos: Elly Storm, de 17 anos, Helo Storm, de 13 anos, e a mais nova, Missary Storm, de 8 anos.A intenção era unir Rolly Wyrm a Elly Storm, mas ela já estava comprometida com outro. Assim, Toros decidiu unir sua filha do meio, Helo, a Rolly. A diferença de idade entre eles importava por enquanto, mas eles estariam juntos até que ela atingisse a maturidade. Naquele mesmo dia, Rolly e Pendragon escalaram o Grande Vulcão. Ambos gostavam de se aventurar, mas naquele dia algo diferente aconteceu.
Mais adiante na caverna, encontraram um ninho do tamanho de uma banheira, construído com galhos, feno e barro seco, que abrigava quatro ovos de diferentes cores, todos do tamanho de uma melancia: Azul, Vermelho, Preto e Verde. Ao lado do ninho, um esqueleto de dragão, cujos ossos não eram brancos, mas sim vermelho-sangue. Rolly refletiu sobre a lenda do Dragão Vermelho e sobre a história de seus ancestrais, os Redwing. Talvez tudo fosse verdade. Talvez o primeiro rei Redwing tenha pousado de dragão sobre o Grande Vulcão. Os dois guardaram os ovos em suas bolsas de alimentos, descartando os víveres. Ao retornarem à Cidade Magma, Rolly foi surpreendido no Grande Salão por seu pai e pelo rei Toros Storm. Enquanto isso, Pendragon levou os ovos para os aposentos de Rolly, em segredo.
— Saudações, rei Toros.
— Príncipe Rolly. Estava conversando com seu pai sobre um assunto que o envolve.
— Entendo, pai, preciso contar uma coisa. — Rolly se aproximou rapidamente de seu pai.
— Eu também. Serei breve. Você vai se casar e se mudar para a Ilha Colina. Queria contar isso em um jantar, mas vou aproveitar que está por aqui. — Ao dizer isso, Eragon sorriu e abraçou seu filho. Porém, foi um choque para Rolly. A Ilha Colina ficava do outro lado do mundo.
— Pai, Ilha Colina fica a meses de distância e, segundo a Capital, os Pimple e os Grimm já dominaram boa parte do território.
— Você será responsável por representar nossa família no Leste. A Ilha Colina ainda não possui nenhum nobre e o castelo Pequena Colina está vazio. É seu dever...
— Você me disse a vida toda que eu herdaria Cidade Magma. Disse que eu seria o rei da nossa casa ancestral. — Rolly soltou seu pai e o afastou com as mãos. O rosto de Eragon expressava impaciência.
— Você vai se casar com Helo e vai para a Ilha Colina reinar em Pequena Colina.
— E se eu me recusar?
Um clima tenso pairou sobre o salão. O rei Storm deixou a conversa para preparar sua filha do meio. Rolly, querendo ou não, vai se casar com ela. Durante semanas, o futuro rei de Pequena Colina não trocou uma palavra com seu pai.
Ocasionalmente, era visto passeando com Helo pelo vilarejo da cidade. Apesar de ser 12 anos mais nova que ele, a garota demonstrava ser uma boa pessoa, gostava de ler sobre aventureiros e, em Maré, aventurava-se pelos navios de seu pai. Os súditos a amavam, e os nobres também. Ela não gostou da ideia quando seu pai contou sobre o casamento arranjado. Esperava encontrar um homem ríspido, mal-educado e malcheiroso, mas, em vez disso, encontrou apenas o príncipe ruivo, com bochechas cobertas de sardas, olhos verdes, cheiro agradável e boa conversa. Foi uma surpresa para os dois terem se dado tão bem juntos. Enquanto isso, seu primo, Pendragon, deu uma espiada nos ovos escondidos sob as tábuas da cama de Rolly. Uma voz soou atrás dele, e um cutucão o assustou.
— O que está fazendo? — Perguntou sua mãe.
— Nada... — Respondeu Pendragon. Sara então avistou um dos ovos. Rolly era esperto, ele os escondeu em lugares diferentes. A mulher não acreditava no que estava vendo.
— Onde o encontrou?
— No Grande Vulcão. Ele não é meu, é de Rolly.
— Pendragon, eu preciso que você me escute. Vamos embora esta noite. Se isso for o que estou pensando que é, podemos ter uma vida longe dessa família, longe dos Wyrm.
— Mãe, eu gosto daqui. Você quer roubar o ovo?
— Pendragon, corremos risco de vida aqui. Foram 20 anos se escondendo de seu pai. Ele vai nos encontrar. Precisamos ir para o continente. Partiremos esta noite.
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O Prelúdio Da Guerra
FantasiaEm um mundo de fantasia repleto de magia, traições, alianças, mistérios, reinos e famílias nobres, você acompanhará o ponto de vista de plebeus que se encontram no meio de uma luta indesejada, onde nenhum dos lados desejava a guerra. A trama central...