Já faz quatro dias desde que Madarda e Saimon partiram. Ben, o Alce-Gigante, carregava a mala do jovem. A mulher albina não levava muita coisa, apenas uma pequena bolsa de couro presa em seu ombro. Fazia muito frio, o tempo parecia quase sempre nublado, o vento era pior, além de atrasar a jornada dos dois, aumentava o frio. O garoto de cabelos lisos olhava para a mulher. Parecia inquieta, mas por quê?
- Sabe onde estamos?- Indagou Saimon.
- Não tenho certeza, esses campos de neve parecem estar se repetindo.
- Estamos a dois dias do litoral, precisamos encontrar alguma montanha ou alguma proteção...
- Você ouviu isso?- A mulher parou Ben, tudo ficou quieto, apenas o vento batendo em suas orelhas chamavam sua atenção.
- Não ouvi nada...- Nesse momento, Saimon escuta vozes, ecoando pelo vento. - Eu ouvi.
Os três caminhavam até uma pequena colina de neve, abaixo dela, estava um pequeno acampamento, vazio e de lareira ainda acesa. Tenha duas cabanas de couro montadas.
- Clãs das Neves. - Saimon voltou para trás.-Precisamos ir o mais longe daqui!
- Clãs das Neves? Aqui?
Atualmente em Glaciales, existem poucas vilas conhecidas, mas por todo o continente, diversas tribos se formaram em clãs e se espalharam pelo continente, existem cerca de quatorze tribos conhecidas. Os dois não ficaram para saber quem eram, apenas desviaram o caminho, mas, foram vistos. Madarda rapidamente percebeu que alguém os seguia e puxou sua adaga. Dois homens com peles de animais mortos e ossos como colares se aproximaram. Estavam em um campo, havia muita neblina e a neve batia no tornozelo.
- Quem são vocês?- A mulher posicionou a adaga no mesmo nível de seu rosto.
- Somos do clã Rancorelha. O que uma moça tão bonita e um garotinho fazem por aqui? - O mais alto, com o rosto sujo de carvão e capuz, tirou de sua cintura, um machado longo de lâmina dupla.
- Vão embora! Não queremos confusão! - Gritou a mulher, suas mãos estavam trêmulas, puderam sentir. O outro caminhou em volta deles até os cercar.
- Nossa, um Alce-Gigante, os chifres dele dariam um belo troféu na minha tenda. - Dizia o outro homem, careca, também com o rosto manchado de carvão. Talvez seja como se identificam naquela branquitude de neve e neblina.
- Nem pensar!- Saimon era ágil, puxou um arco das costas do Ben e rapidamente posicionou uma flecha. Ela voou no ombro do homem de capuz.
- Seu merdinha! - Avançou contra ele, Madarda tentou golpear o homem com sua adaga, mas foi derrubada pelo careca. Caída, pode ver Saimon levar um soco no rosto e também cair.
O alce se assustou com a presença estranha e desferiu um coice no peito do homem de capuz, aquilo quebrou suas costelas e o arremessou a quatro metros. Seus pulmões se encheram de sangue e ele se afogou. O outro homem careca tentou fugir da fúria do alce, mas ele o seguiu e cravou seus chifres em suas costas, ele não morreu, mas perdeu a movimentação das pernas.- Saimon! - Madarda se levantou cambaleando, correu até o menino, estava bem, apenas com o nariz sangrando. Ben havia corrido para longe. - Seu alce nos salvou, mas não sei onde ele foi.
- O que? Ben! - Gritou o menino, até Madarda tapar sua boca com a mão.
- Não podemos fazer barulho! Podem haver mais deles por aqui. Encontremos o alce, em silêncio.
Enquanto isso, algo horrível estava prestes a acontecer em Jardim Negro. O dia estava tranquilo, cheiro de lavanda enchia o quarto de Alys Tayger, eram apenas as faxineiras do castelo, adentraram o quarto que costumava estar vazio. A faxineira era uma mulher jovem, magra, de cabelos loiros e usava um lenço branco na cabeça e roupas vermelhas. Ao ver que Alys ainda estava dormindo, tentou se retirar sem fazer barulho, mas foi impossível, um grito muito alto escapou de sua boca ao ver os lençóis da garota cobertos de sangue. Ela derrubou o balde de água no chão. Isso acordou a jovem Tayger, que também se assustou com a quantia de sangue que saia dentre suas pernas. Ela também gritou e pediu ajudar. Foi levada rapidamente para a sala do curandeiro. Seu irmão, Collen, chegou as pressas, Alys chorava muito enquanto o curandeiro Arden Beshop a examinava. Ele era alto, careca, aparentava ter seus cinquenta anos, muito experiente, recomendado pela Capital, Arden já foi curandeiro em Kirosses, tratando várias pessoas nas Cidades Costeiras. A família Beshop é representada por um falcão e uma estrela de cinco pontas.
Assim que Collen entrou na sala do curandeiro, Alys se encontrava deitada, sobre uma cama de madeira, seminua, com as pernas abertas para Arden. Assim que terminou o exame, teve suas conclusões.
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O Prelúdio Da Guerra
FantasíaEm um mundo de fantasia repleto de magia, traições, alianças, mistérios, reinos e famílias nobres, você acompanhará o ponto de vista de plebeus que se encontram no meio de uma luta indesejada, onde nenhum dos lados desejava a guerra. A trama central...