Cap.7 - A Rainha de Forteazul

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Em uma noite tranquila, com poucas nuvens no céu e uma lua minguante, amarelada como ouro, iluminava os telhados das casas de uma vila conhecida como Chorosa. Localizada no domínio do Campo, a vila Chorosa está quase no centro do domínio. O sol havia se posto a poucas horas, então ainda havia pessoas usufruindo da noite para beber, se prostituir e duelar com espadas de treino. Até mesmo crianças corriam pelas ruas do vilarejo. Duas meninas estavam brincando de jogar laço para cima e um outro, pegou aquele fino laço de cabelo e correu, para provocar. As duas meninas, de 6, e a outra de 7 anos, correram atrás do menino para pegar o laço de volta.
Entre risadas e corridas, as três crianças acabaram se afastando um pouco da vila e menino foi pego pelas duas.

- Nunca mais faça isso.
- Minha mãe saberá disso! - Ameaçou a menina mais nova.

- É só um laço idiota.

- Tem razão garoto, é só um laço idiota. - Uma voz feminina veio do bosque. Eles não estavam muito perto e nem muito longe. - Eu posso brincar também?

- Quem está aí? - Perguntou o menino, a garota mais nova começou a se queixar de medo e centenas de laços coloridos voaram de dentro da floresta.

- Eu sou uma amiga. - A mulher se revelou, seus olhos amarelos brilhavam no escuro. A luz da lua iluminou seu rosto pálido como de um cadáver. Era Morgana Luceluz. - Não tenham medo, eu trouxe um bolo, vocês querem?

A mulher colocou as duas mãos nas costas e ao trazer de volta para frente, uma das mãos segurava um bolo branco de chantili. Ela deixou no chão bem perto dela.

- Podem comer, eu fiz para vocês.

- Eu quero a minha mãe... - A menina mais nova deu alguns passos para trás, mas não percebeu que já estavam cercados por figuras encapuzadas. Assim que um grito escaparia de sua boca, a criatura enrolou a menina em braços pálidos e a calou.

O povo continuava suas vidas normalmente, sem nem suspeitar do perigo que corriam. O garoto conseguiu voltar correndo para a vila, gritando, soluçando de tanto chorar. Seu pai estava conversando com cavaleiros e o viu chorando. Assim que dobrou seus joelhos para ficar na altura do menino, viu que ele estava sem seus olhos.

- Meu filho! O que aconteceu! - Gritou o pai. Nesse momento, uma das casas que era usada como abrigo para viajantes, pegou fogo instantaneamente.

Os habitantes da vila saíram de suas casas e todos foram atingidos por bolas de fogo. Os que não foram incendiados, tiveram suas carnes devoradas pelas criaturas encapuzadas. Morgana Luceluz desfilava diante do caos, as chamas se abriam para que ela passasse. Os gritos de agonia e desespero eram uma melodia para a bruxa. Na manhã seguinte, dois cavaleiros viajantes, que tinham seus destinos, a Vila Chorosa, encontraram pessoas carbonizadas aos montes, sangue esparramado pelas paredes das casas e animais estripados por todo lado. Uma verdadeira carnificina. Um dos homens a cavalo até vomitou ao ver a cena. Moscas e ratos se banquetearam a noite toda com os cadáveres.
Algo assim chegaria fácil aos ouvidos dos senhores do Bosque. Mas isso não deve ser contado agora. Precisamos focar em outro lugar, um lugar mais frio.
A Vila Rozaar, no extremo leste de Glaciales, é cercada pela floresta Albina. Uma proteção natural. Os dias eram curtos nessa época do ano. O sol mal nascia e já se escondia no horizonte. Estava em um fim de tarde, com céu nublado e escuro. Madarda arrumava suas coisas para partir viagem. Saimon ainda não falava com ela desde o dia que perdeu o alce. A chefe da tribo, Leyna, entrou em sua cabana de couro.

- Olá, o cavalo de vocês já está pronto. Acredito que conseguirão passar pelo Oceano da Tempestade sem alarde.

- Obrigado Leyna. - Agradeceu Madarda, a mulher albina.

- Eu não vou. - Dizia Saimon.

- Saimon, eu prometi à sua mãe que o protegeria, é o que vou fazer...

O Prelúdio Da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora