O Prelúdio Da Guerra

Cap.4 - O Perdão

Cidade Magma reina sobre ordens de Eragon Wyrm. O velho estava com os cabelos ruivos quase grisalhos, os tons se misturavam em sua cabeça, se tornando um castanho-claro quase branco. Costumava usar uma capa elegante de seda, metade vermelha e metade branca. Um ano depois que mandou Rolly para Pequena Colina, tentou se casar novamente. Primeiro, com uma mulher mais velha, nobre da Vila do Fogo. Kiara Spenza, de 58 anos. Não deu muito certo, Eragon então tentou com uma mais jovem ainda. A donzela Milla Gasguard, de Porto Magma. A moça tinha 20 anos, Eragon não conseguiu engravidar nenhuma das esposas, mas decidiu continuar com elas em sua corte, se divorciando publicamente com ambas. Milla Gasguard foi praticamente vendida pelos pais de Porto Magma, se casar com o Rei de Cidade Magma é a maior honra que sua pequena casa teria na vida. Os Gasguard são conhecidos pela sua alquimia. Muitos senhores dessa casa já ficaram conhecidos por criarem os famosos Óleo-Flamejante extraído das baleias locais e o veneno Chama-Interior, ao beber, seu corpo queima por dentro, seu corpo suará e morrerá de hipertermia em alguns minutos. A jovem entrou para um grupo religioso da cidade em 9. D.C., os Chamas-do-Coração, uma derivação dos Filhos do Fogo, seguidores de Asteron. Seus seguidores foram nomeados de Cinzas. Os Cinzas são muito mais pacíficos que os Filhos.
Já a senhora Kiara Spenza, continuou cuidando do rei como se ainda fossem casados. Eragon não se importou. A mulher o amava, nos momentos difíceis como tomar banho, caminhar pelo pátio ou lembrar de tomar os chás, Kiara estava lá, por ele. Eragon começou a esquecer tudo, esquecer nomes, esquecer datas, esquecer dos chás, esquecer às vezes até de ir ao banheiro. Nos piores dias, não sabia se era dia ou noite, mas sua querida ex-esposa, Kiara, estava lá. Segurando sua mão, ambos de pele enrugada e cabelos grisalhos. Eragon Wyrm não foi um mau rei, viveu na sombra do ódio de seu irmão do meio, Thompson. Após herdar o trono de Cidade Magma, seu irmão o cobiçou. Até mesmo encomendou sua morte por fanáticos religiosos que, acidentalmente, mataram um inocente, seu irmão mais novo, Connor Wyrm. Rapaz aventureiro, gentil, amável, mesmo que não tenha sido muito presente. A fortuna de sua família o permitiu explorar os mais remotos desertos de Persaria, os morros mais altos de Kirosses, as praias mais perigosas de Yqhytal e os reinos mágicos e secretos de Holyland. Eragon não perdoaria Thompson por isso e achamos que nem mesmo Thompson se perdoa. Matar um parente é um crime, seja nas leis dos homens ou dos deuses.
Nesse dia frio, de iluminação esbranquiçada pelas nuvens, Eragon teria uma surpresa. Rolly desviou o caminho, antes de passar em Porto Salmão, decidiu se despedir do pai. Muitos o odiariam pelo que fez com Rolly, mas ele não, nunca odiou o pai, nunca mesmo. A escolha do pai o fez conhecer o amor de sua vida, Hello Storm e teve uma família de verdade, por um instante. Na pior das hipóteses, Rolly se encontraria com sua família do outro lado. Sir Dalwin, o senhor do exército, o acompanhou. O rei ruivo estava no convés principal do navio, havia muito vento, mas não estava frio. Rolly estava longe, seus pensamentos estavam turbulentos, até Sir Dalwin o trazer de volta.

- Majestade. - Chegou ao seu lado esquerdo. Usava sua armadura branca com capa. - Como um dos seus senhores, eu aconselho a desistir dessa ideia, ir até os Grimm anunciar sua rendição é muito arriscado.

- Obrigado por sua preocupação Sir Dalwin, mas eu não tenho mais motivos para me preocupar, nem de temer por minha vida. - Rolly até deu um sorriso de aceitação. - Se o pior acontecer, quero que você volte para Pequena Colina e ajude meu primo imbecil a manter o castelo. É uma ordem.

- Como queira, majestade. - O soldado curvou-se. Levou mais algumas horas para o navio atracar em Porto Magma e mais meio-dia para chegar em Cidade Magma.

O crepúsculo tomou conta do horizonte, aquela coloração quente se misturou com a escuridão que engolia o dia e transformava em noite. Rolly entrou na fortaleza, sendo escoltado por soldados de seu pai. Estava ansioso, fazia dez anos desde a última vez que se viram. Aqueles corredores, faziam lembrar de sua infância com seu primo Pendragon, Atoros e Megan. Os dois últimos não brincavam ou treinavam com Rolly quando crianças, mas Pendragon, era o irmão que nunca teve. Também lembrou de sua mãe Fing, como ela brigava quando Rolly saia pelos corredores descalço. Enfim, eram tantas lembranças, nostalgias, tantos sonhos quando mais jovem que hoje parecem impossíveis. Ao chegarem aos aposentos de Eragon, respirou fundo enquanto o soldado chefe da patrulha anunciou sua chegada. As duas portas se abriram e encontrou seu pai sentado ao lado da lareira, o quarto estava quente, ao lado de Eragon, a senhora Kiara Spenza o dava comida na boca. Era uma espécie de sopa de galinha ou algo assim.