Formalizemos uma coisa, de reis a imperadores, ainda existe uma posição suprema em Persaria. Chamados de Barão ou Baronesa, os monarcas que dominam as areias quentes, as terras áridas e os desertos escaldantes, respondem aos primeiros reis de Persaria, os Harpes de Fortefenda. Reino localizado no extremo leste de Persaria, situado em uma ilha chamada antes de Beira Mar e hoje adotada como Ilha Fenda. Os Harpes vieram das terras do oeste, mais especificamente de Kirosses, traziam suas armas, navios de guerra e seu Açoardo. Nessa época, por volta dos anos 1900A.C a 1600A.C, os Harpes começaram sua colonização de Persaria pelo lado Oeste, encontraram outros povos e nações antigas vivendo em Persaria. As guerras foram brutais e massacraram os Povos Nativos. O número de Harpes era menor do que os números dos nativos, porém, tinham mais armas e melhores tecnologias. Os Povos Nativos fugiram para o Leste e os que ficaram, foram escravizados, tendo suas culturas e religiões apagadas. As duas únicas religiões que permaneceram vivas até os dias de hoje, foram os do Homem-Verde e da Cabra-Velha. Os Harpes trouxeram sua religião, inicialmente conhecida como Estrelas, onde Brilho, o senhor do universo e da luz, e a Dama da Noite deram vida a tudo o que existe. Mais ao centro do continente, os povos nativos acreditavam nos Bons-Senhores. Dois idosos muito semelhantes à imagem de um Pai e de uma Mãe. A maior guerra ocorreu quando os Nativos do Oeste se uniram aos nativos do centro para derrotar os Harpes, porém, outra invasão acontecia simultaneamente. Pelo lado Leste de Persaria, nasceu a colônia Ming. Registros antigos relatam que os Ming vieram de uma terra chamada Terras Tropicais, lindas praias cristalinas, bambuzais, florestas gigantescas e até mesmo terras áridas, um continente muito parecido com Persaria, porém, lendas informam que o Continente afundou no mar e outras dizem que ele foi consumido por trevas. Ninguém sabe, pois nunca foi encontrado nenhum registro dessas terras além do Oceano Fervente. Ele não ferve de verdade, é apenas repleto de correntes marítimas muito quentes e agradáveis.
Voltamos para a colônia, realmente, nunca foi encontrado nada para além do Leste, mas, os Ming vieram de algum lugar. Com traços únicos, seu povo possuía uma cultura muito forte, apreciação pelas criaturas marinhas em sua culinária e olhos puxados, pele branca e cabelos negros. Ao chegarem por volta de 1800AC e 1700AC, se depararam com uma terra extremamente ariada, seca, inóspita, muito quente durante o dia e congelante a noite. Seus corpos não estavam acostumados com climas extremos. Montaram seu primeiro forte em Beira Mar* uma ilha gigante, com montanhas tão altas que chegavam a arranhar o céu, e ficaram conhecidas como Desfiladeiro Arranha-Céu. Vendo que seu povo não suportaria viver nessas condições, limitados pela ilha, decidiram continuar sua expedição para o Oeste. Ao chegarem ao continente, encontraram pequenos povos que utilizavam câmaras subterrâneas para viver. Os Ming nesse tempo unificaram sua religião e criaram os Filhos. Imagens humanoides, meio humano, meio animal, e variavam de Gatos, Águias, Cobras, Besouros e Lobo. Ao em vez de escravizar os povos nativos como de costume, os Ming iniciaram uma nova nação, uma Colônia Ming em Persaria e dividiram a terra e conhecimento com os nativos. A primeira construção foi o Porto Branco, as margens leste do continente.
Enquanto isso, os povos fugiam para o Leste e se encontravam no centro e os que não quiseram fazer parte da miscigenação com os Ming, fugiram para o Oeste, também se encontrando no centro. Com todas as forças reunidas, os Povos Nativos se centralizaram as margens da Baía dos Navegantes e se puseram contra os Harpes e os Ming. As tropas Harpes começavam a avançar pela parte norte do continente e encontraram rios, pântanos e diversas lagunas. Seria impossível atravessar com todo o exército, isso, por um lado, os salvou do destino cruel que os Ming teriam no futuro.
Aliados dos Povos Nativos passavam informações entre os Centralizados e os que ficaram no Deserto de Sangue, não demorou muito para os Ming descobrirem que havia outra nação colonizando Persaria. Com um ar de guerra pairando pelo ar, os Ming se prepararam para a luta. Na tentativa de evitar que seu povo continuasse sofrendo, os Povos Nativos informaram os Harpes da existência dos Ming e construíram um pequeno portão de entrada para o deserto de sangue. A região do deserto é cortada, de Norte a Sul por um gigantesco desfiladeiro, impedindo que chuvas e invasões ocorram de ambos os lados. A parte mais baixa dos desfiladeiros, foi escavada e de sua própria pedra, erguido um portão que indicava o caminho. O líder da colonização Harpes, acreditava que os Povos Ming seriam oponentes muito mais difíceis do que os Povos Nativos, então decidiu derrotá-los primeiro. Ele estava certo, enquanto os Harpes tinham sua tecnologia em armas, os Ming tinham suas táticas de batalha, onde utilizavam potes de veneno que se transformavam em nuvem, aquilo massacraria qualquer exército inimigo. Prontos para a Guerra, os povos nativos indicaram o caminho errado para os Ming, os levando para o Norte do continente, passagem por onde os Harpes teriam ido caso tivessem atravessados os pântanos. Enquanto isso, os Harpes atravessavam a Baía dos Navegantes e passavam pelo Portão do Sol, como será chamado futuramente. Mais de 70% das forças Harpes atravessaram para o deserto, marchando pelas pequenas vilas miscigenadas, matando todos e escravizando os sobreviventes. Os Ming, não tiveram tanta sorte, ao marcharem por dias, e noites, mais de 30% do seu exército sucumbiu ao deserto e os demais, se encontravam encurralados. Os desfiladeiros iam de ponta a ponta. Sem água, sem comida, sem proteção ao calor e ao frio noturno, Baronês Jin Vanra morreu com seu exército. Acredita-se que 2% dos homens se tornaram canibais dos restos mortais dos seus aliados. Porém, os nativos continuaram com seus planos, derrubando árvores e jogando ao mar, todas as pequenas florestas secas e oásis foram destruídas, seus solos foram envenenados, o que causará sérios problemas aos Harpes futuramente.
Enquanto isso, as forças Harpes tomaram o Porto Branco e iniciaram uma invasão à ilha Beira Mar. Ao voltarem para o Portão do Sol, o encontraram fechado, com pedras, e assim, iniciou-se as diversas tentativas de voltar para o Oeste, sempre que tentavam escalar os desfiladeiros, eram surpreendidos por Nativos escondidos, os esperando para matá-los. A guerra para atravessar o portão durou 200 anos. Nesse período, os Harpes fundaram vilas e construções triangulares pelo Deserto de Sangue, apenas como base, até voltarem para o Oeste do continente, o que não aconteceu. Tentaram utilizar os navios que restavam para saírem pelo Porto Branco e escolheram a pior rota, ao seguirem os ventos que levavam para o Oeste, decidiram navegar pelo Oceano Norte. Ele é conhecido como Oceano da Tempestade por um motivo, tempestade, temporais e tormentas incessantes destruíram as frotas Harpes. Ninguém voltou, e os que ficaram, não tinham madeira para construir mais navios.
Do outro lado do desfiladeiro, a miscigenação continuou se espalhando, entre os povos nativos, os Harpes que ficaram e tentaram lutar para libertar seus aliados do outro lado e os Ming que conseguiram sair a tempo do deserto antes que o portão fosse fechado. E foi assim, que a dinastia Harpe começou, de familiares que odiavam suas origens pelo que fizeram, adotando nomes inimigos como Vanra e Kenra. Os Vanra tiveram origem na linhagem Ming e sobreviveram por se tornarem escravos dos Harpes e futuramente, vassalos. Os Kenra também surgiram dos Ming, porém, não aceitavam muito bem a ideia de servir os Harpes, mas, para evitar mais guerra, aceitaram. O que não impediu diversos conflitos por muitos séculos. Atualmente, cerca de 12D.C., os Harpes ainda possuem o Domínio do Deserto e governam todos as casas nobres e barões. De todos os domínios, o deserto é o que possui menos castelos, sendo eles o maior que é o Fortefenda, atualmente da casa Harpe, também temos o Sangueforte, que na realidade não é um castelo, e sim uma gigantesca pirâmide cercada por casas e uma muralha da casa Vanra. Mais ao leste, temos o castelo Sanguevivo, da casa Kenra, primos de sangue dos Vanra. A construção é atualmente cercada por árvores secas, o que impediu de as pessoas do castelo terem fácil acesso aos principais rios Carmesim e Rio Gentil. São cerca de dois dias de viagem até o rio mais próximo e, para piorar a situação, a parte de ''fácil'' acesso possui altos níveis de sal. O acesso é na desagua do rio para a Bocada, um estreito entre o continente e a Ilha Fenda. Para resolver esse problema, os Kenra trancaram as rotas de comércio por terra, o que impede as iguarias do Oeste do continente chegar até Sangueforte. O castelo começou a ter baixas no comércio e precisaram entrar em um acordo, os Vanra forneceriam água para os Kenra se eles abrissem novamente as rotas de comércio ao Porto Branco e assim formaram a Aliança do Grão, como ficou conhecida.
Nos dias de hoje, em 12D.C, Kou Vanra caminhou pelo oásis atrás de Sangueforte. O homem de 48 anos, cabelos cacheados negros, pele parda e barba preta, de mais ou menos 1,80 de altura e de roupas curtas. Vestia as cores de sua casa, uma túnica larga de cor vermelha e sandálias de couro fino de coloração preta. Em seus ombros, havia o semblante de um besouro vermelho do deserto é estandarte da casa Vanra. O dia estava quente, como no dia anterior e no dia antes dele, porém, a região não é tão quente quanto no Sul do deserto. Logo atrás dele, vinham seu Mão Direita, o cavaleiro Peyny Sandlur, de 45 anos, alto, de 1,89, cabelos negros e crespos, pele parda e de túnica vermelha, ao seu lado, uma das gêmeas do Barão Kou, Azaleia Vanra, de 23 anos, cabelos dreads, escuros e de pele negra, puxou as características da sua mãe e seus olhos rosa.
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O Prelúdio Da Guerra
FantasíaEm um mundo de fantasia repleto de magia, traições, alianças, mistérios, reinos e famílias nobres, você acompanhará o ponto de vista de plebeus que se encontram no meio de uma luta indesejada, onde nenhum dos lados desejava a guerra. A trama central...