Revigorado.
Era assim que eu me sentia depois das merecidas horas de sono e um longo banho relaxante. Passei parte do dia arrumando a casa, assaltando a geladeira e escutando os mais variados tipos de rock dos anos oitenta que vinha da casa ao lado. No fim da tarde dei uma espiada pela janela do segundo andar, o gramado estava limpo, sem nenhum vestígio de caixa. O que era impressionante pensei que ele levaria mais tempo para guardar tudo.
Por falar no morador da casa ao lado, ele bem..... não me parece ser uma pessoa ruim, apesar de ser um flertador abusado. Mas de qualquer forma não pretendo deixá-lo se aproximar, nem como amigo, nem como qualquer outra coisa.
O caminho até a casa de Sam não era longo, levava no máximo vinte minutos de carro. Minha vida basicamente se resumia em trabalho e casa, diferentemente do meu amigo que é a própria definição de um ser festeiro, não perdendo a oportunidade de se embebedar quase todo fim de semana.
Eu deveria ter ficado em casa comendo bolo.
Foi o pensamento que dominou minha mente assim que cheguei em frente a casa do louco que chamo de melhor amigo. Ele havia me mandado uma mensagem pela tarde com os dizeres :''será uma festa simples''. Acho que o nosso conceito de simplicidade é bem diferente. Havia muita iluminação ao redor daquela casa, parecia natal. Era difícil dizer quantas pessoas estavam presentes ali, mas posso garantir que tinha mais de cinquenta. Todo mundo estava bem arrumado, ás mulheres com vestidos elegantes e os homens usando ternos tão caros quanto um anel de diamantes. E eu aqui usando um jeans surrado, uma camiseta azul e nos pés calçando o meu velho Vans.
Lição do dia : Quando alguém fala que a festa vai ser simples......é porque ela não vai ter nada de simples.
Perto da piscina havia um cara preparando drinks atrás de um balcão de madeira rustica. Me distrai ao admirar as luzes decorativas penduradas em fios que passavam por todos os lados. A música que tocava nos alto-falantes era totalmente desconhecida para mim. Eu tenho vinte e oito anos, mas a minha alma tem oitenta pois quando estou nesses lugares a única coisa que quero fazer é ir embora.
Avistei Sam bebendo whisky enquanto conversava com duas mulheres bem elegantes, ele logo notou minha presença, fiz um sinal discreto com a mão indicando que iria beber algo.
- Por favor, poderia me preparar um coquetel de morango? - Perguntei ao barman que inseria duas latinhas de energéticos no liquidificador.
- Claro. - Respondeu com um sorriso largo. Ele despejou o liquido da jarra em um copo e entregou para o homem que esperava a bebida. - Vou fazer a sua agora, gato. - Assenti me acomodando em um bancos desocupados.
- Nossa, coquetel de morango? Que bebida gay. - Virei o rosto e lá estava meu amigo debochado escorado no balcão.
Revirei os olhos.
- Falou o super hétero. - Enlacei o braço em seu pescoço o puxando para um abraço. - Parabéns pela sua nova conquista amigo, estou feliz demais por você, ruivo asqueroso.
- Esse ruivo asqueroso aqui é o melhor advogado do mundo, então sugiro que seja mais gentil com ele, porque caso se meta em alguma encrenca não terá um bom defensor do seu lado. - Balancei a cabeça desprendendo a risada, o soltando do abraço e logo retornado ao banco.
- A humildade sempre foi sua melhor qualidade Sam.
- Sim, eu gosto de ser humilde mesmo. - Ele costumava ser sarcástico com tanta frequência que as vezes parecia estar falando sério.
- Essa é a festa '' simples '' que você disse que faria? - Falei fazendo aspas com os dedos.
- Victor, nos conhecemos a anos, você melhor do que ninguém deveria saber que sou exagerado. - Até que ele tinha razão. - Agora me conta. O que tem feito além de trabalhar? - Perguntou antes de bebericar o último gole de whisky.
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Segunda Chance (Romance Gay)
RomanceVictor é um jovem neurocirurgião que a exato dois anos mora na ensolarada Califórnia, vivendo apenas para o trabalho e mantendo assim o coração longe de qualquer vestígio de amor. A dolorosa perda de seu marido fez com que o rapaz dos olhos de safir...