VICTOR

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Os raios de Sol escapavam pelas persianas, entrando sorrateiramente para dentro da sala em que eu esperava ansiosamente pelo inicio da cerimônia. Minhas unhas eram quase inexistentes de tanto que eu roía, o nervosismo se alastrou completamente dentro de mim, o ritmo dos batimentos cardíacos era enlouquecedor. Esperei ansiosamente por esse dia....e agora, sinto como se estivesse vivendo um sonho. 

No decorrer do mês, Cristian administrou todos os preparativos, ele conseguiu esconder tudo e não quis me revelar nenhum detalhe se quer. Diferente de mim que exalava nervosismo por todos os poros, meu futuro marido se encontrava tranquilo, com uma calma de dar inveja. Tirando o café da manhã, passamos praticamente o dia inteiro sem nos falarmos. Cristian havia decidido que iria em um cabelereiro, pois segundo ele, pelo menos uma vez na vida não poderia ficar escabelado. 

- Me solta, não aguento mais ficar esperando. Preciso ver ele. - Cristian adentrou a sala como um furacão, me assustando ao imaginar que algo ruim pudesse ter ocorrido. Mas, Sam vinha logo atrás, e sua cara enraivecida denunciou do que se tratava.

- Nossa. - Abri e fechei a boca, tentando não deixar a saliva escapar pelos cantos dos lábios. Encarei Cristian descaradamente, dos pés a cabeça. Dizer que ele estava deslumbrante, seria pouco para descreve-ló... Usando um terno azul marinho que parecia enaltecer seu belo corpo másculo. O loiro de seu cabelo estava mais brilhoso, todas as mechas ficaram muito bem alinhadas com pequenas ondulações nas pontas, deslizando sutilmente abaixo dos ombros.

- Gatinho. - Cristian chamou, me retirando do transe. - Você parece uma divindade, tá perfeito demais. - Falou sorrindo, apenas revirei os olhos, ele seria o centro das atenções nesse casamento. 

- Você tá incrível, amor. Mas o que faz aqui ? Pensei que me esperaria no altar. - Havíamos combinado que cada um iria se arrumar em uma sala separada, assim o mistério continuaria reinando... Na verdade essa idéia partiu de Cristian, mas pelo visto ele não conseguiu aguentar por muito tempo.

- Aguentei o máximo possível. - Confessou, dando de ombros. - Vamos entrar de mãos dadas, assim não corro o risco de ser abandonado no altar. - Brincou, senti uma pitada de medo em sua fala.

Revirei os olhos, balançando a cabeça totalmente descrente.

- Pra te abandonar, preciso estar louco. - Enlacei os braços envolta de seu pescoço, o puxando para um beijo. O cheiro de loção pós barba que vinha dele era forte, os pêlos estavam alinhados e macios, por um segundo senti falta do efeito que aquele toque áspero provocava na minha pele.

Do outro lado da sala, escutamos Sam pigarrear exageradamente.

- Por favor, não me façam arrancar os olhos. Vocês são melosos demais pro meu gosto. - Bufou, fingindo estar irritado. Sam também estava muito elegante, porém isso não era novidade já que quase sempre está trajando algum terno caro. Roupas caras misturadas com sua postura amedrontadora, o faziam parecer um gângster dos anos quarenta...Mas Patrick destruía esse feito.

- Se o Patrick te mandar latir, você faz sem questionar. - Ele franziu a sobrancelha, me mostrando o dedo do meio. - E falando nisso...Onde está o meu enfermeiro fofoqueiro?

- Foi verificar se o seu presente de casamento chegou. - Um grandioso sorriso se formou em seus lábios ao terminar de falar, Cristian ficou da mesma maneira de repente.

Não pude deixar de ficar desconfiado, ambos trocavam olhares de cumplicidade, nitidamente estavam escondendo algo de mim.

- Então...desembuchem logo. Qual o motivo dessas caras? - Perguntei curioso, colocando as mãos na cintura ao mesmo tempo em que batia o pé no chão.

Segunda Chance (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora