Segunda Chance (Romance Gay)

VICTOR

A Califórnia costuma ser quente nessa época do ano, com uma temperatura que normalmente não baixa dos trinta graus. Um clima torturante que deixa os galhos das árvores secos e sem vida.

Mas hoje o dia estava diferente do esperado. O Sol permaneceu escondido atrás de nuvens acinzentas. A ventania deveria estar suave, mas ao invés disso, ela escolheu ficar gélida e cortante.

Deveria ser apenas um dia atípico de verão, sem nada de especial. E como eu gostaria que hoje fosse um dia como qualquer outro. Mas infelizmente não era, pelo menos não pra mim.

Hoje era o grande dia. O dia do julgamento.

Durante esses dias permaneci na casa de Sam, tendo uma equipe de seguranças ao meu redor sempre que resolvia sair, no começo achei meio exagerado porém o meu amigo tinha razão quando dizia que não poderíamos arriscar. Depois que toda a verdade foi revelada, fiquei espumando raiva pela boca ao imaginar que aqueles dois cretinos tiveram a ousadia de ameaçarem Cristian daquela maneira. Sam constatou que Matt pouco se importava com o resultado deste julgamento, ele era sádico e não estava dando a mínima pros lamurios de seu tio. O objetivo dele era exclusivamente atormentar minha vida, eu tinha plena certeza de que Matt não possuía sentimentos por mim além de ódio, e somente queria destruir meu relacionamento porque não sabia lidar com rejeição. Esse fato ficou bem claro quando ele fez questão de sorrir maleficamente e contar com extrema alegria que Sophia era a responsável pela morte de Ben.

Observei minha imagem no espelho do quarto, verificando se o terno escuro havia se adequado ao meu corpo enquanto pensava sobre tudo que acarretou até a chegada desse dia. A sensação que tenho é que ocorreram mais coisas ruins nesses últimos meses do que na minha vida inteira. Mas a vida me trouxe coisas boas também....Me trouxe um cozinheiro bobo e amoroso. Então, posso dizer que o amor que sinto por ele é maior do que todos esses acontecimentos ruins.

E por falar nessa doce criatura, ele tem me deixado louco, mandando centenas de mensagens dramáticas e algumas fotos bem pevertidas. Ainda não consigo acreditar que esse homem safado é o mesmo que fez aquela linda parede de tulipas pra mim. Fazem duas semanas que não nos vemos. Sam nos alertou a manter distância, segundo ele, a probabilidade de Matt surtar e cometer alguma monstruosidade seria grande caso descobrisse a verdade. Portanto precisávamos fingir e manter as aparências até o dia do julgamento.

O detetive que Sam contratou realmente é muito eficiente, conseguindo provas pesadas de transferências infundadas que eram retiradas do hospital e passadas pra uma conta bancária de Matt. As transferências de dinheiro são todas recentes, ele deve ter se aproveitado da situação para retirar o quanto queria. Afinal, o diretor deve estar tão desesperado com a possibilidade de ir para a prisão que nem ao menos deve estar se preocupando com a administração do hospital. Fiquei pensando como Leonard reagiria ao descobrir que seu amado sobrinho lhe roubava.

- Como tá se sentindo? - Sam chamou minha atenção, batendo levemente na porta e me retirando  dos pensamentos variados.

- Não sei. Desejei muito que esse dia chegasse, e agora que ele chegou estou assustado. - Respondi com sinceridade. Ele sorriu de lado, olhando de forma estranha para o meu pescoço e notei que a gravata estava torta.

- É uma sensação normal. - Sam arrumou a gravata envolta do colarinho, fazendo um nó diferente dos que eu normalmente fazia. - Eu estarei do seu lado o tempo inteiro, e seu namorado grudento também vai estar lá dando apoio. Vai da tudo certo, Vic. - Murmurou tentando me encorajar.

- Espero que sim. - Suspirei profundamente, sentando na beirada na cama.

- Tenta ver o lado positivo, na semana que vem o Cristian vai te pedir em casamento e será um pedido bem.... interessante. - Relatou, conferindo detalhadamente sua aparência, por mais que não tivesse nada de errado. Ele estava impecável, usando um terno que deveria custar o mesmo valor de um carro.