VICTOR

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A conversa que tive com Patrick ficou martelando dentro da minha cabeça por uns dias. Conversar sobre isso com Cristian não era uma opção a ser considerada, pois ultimamente ele andava muito disperso. Ele resolveu seguir o meu conselho e aceitar participar da matéria gastronômica do jornal. Amo o fato dele estar fazendo sucesso, porém ultimamente seus dias andam se resumindo somente ao restaurante. Nós não passamos mais as tardes juntos, agora tenho sorte se consigo encontrá-lo no café-da-manhã. Esse jornalista basicamente nunca está satisfeito, sempre tem alguma coisa errada...Uma hora são as fotos, outra hora é a falta de complemento pro artigo. A única coisa que sei, é que isso tá levando mais tempo do que deveria. Eles passam o dia inteiro juntos, depois Cristian trabalha a noite inteira no restaurante e quando chega em casa já são altas horas da madrugada, conversamos um pouco e logo em seguida devido ao cansaço ele simplesmente cai no sono.

Eu só gostaria de saber o que eles tanto fazem, apenas isso. Não sou uma pessoa paranoica, tenho total confiança no meu namorado. Mas já tem mais de uma semana e alguma coisa me diz que esse artigo na se estendendo mais do que o necessário...Calma, preciso manter a calma. Provavelmente deve ser coisa da minha cabeça, confio nele.

- Victor, mantenha a compostura. Confio nele e não vou surgir no restaurante como se estivesse esperando pegá-lo no flagra. - Falei, reprendendo a mim mesmo enquanto observava de soslaio o semáforo que até então se mantinha com sinal vermelho.

Decidi que somente iria voltar a trabalhar depois que toda essa terrível dor de cabeça estivesse finalizada, ou seja quando o julgamento fosse concluído, até lá não tenho a mínima disposição para retomar. Portanto irei me ocupar de outras formas.

O tempo estava demasiadamente quente hoje, o ar abafado parecia tão sufocante que mentalmente eu já me questionava porque raios não havia ficado em casa. Até lembrar que se tratava de uma boa causa.

- Anda logo animal, tá dormindo? - Escutei uma voz enfurecida vinda do carro de trás. O sinal tinha ficado verde, alertando que já poderia prosseguir e demorei meio segundo pra entender isso.

As pessoas poderiam ter um pouquinho mais de paciência no trânsito.

Nesse meio tempo que estou em casa de bobeira com apenas um coelho destruidor como companhia, estive fazendo umas pesquisas e descobri que há trinta quilômetros de distância mais ou menos tem um orfanato. Entrei em contato com eles no intuito de fazer doações e também começar um trabalho voluntário.

Ser pai nunca esteve nos meus planos e pra falar a verdade não sei se um dia esse desejo vai despertar dentro de mim, porém sempre gostei muito de crianças e fazer algo por elas realmente me parece ser algo gratificante.

- Acho que o lugar é esse. - Antes de sair do carro, dei uma verificada no GPS para me certificar que estava no lugar certo, pois apesar de estar morando a mais de dois anos em Los Angeles, ainda tem vários lugares que são totalmente desconhecidos para mim.

Abri o porta-malas, retirando de dentro umas sacolas com brinquedos que havia trazido.

- Isso parece pesado, deixa que eu te ajudo. - Senti uma mão repousar nas minhas costas. Eu conhecia o dono daquele voz. Rapidamente Scott pegou as sacolas e fechou a porta do carro, não dando tempo para que eu pudesse negar sua ajuda. - Você não sabe como estou feliz em te ver de novo, fiquei triste quando soube da sua demissão. - Um sorriso imensamente largo se formou no seu rosto.

Ele havia estacionado atrás de mim, percebi que se tratava do mesmo carro da pessoa que me xingou anteriormente, mas eu não o reconheci naquele instante.

- Engraçado...segundos antes estava me chamando de animal. - Respondi cruzando os braços, ele tencionou a mandíbula e franziu as sobrancelhas, parecendo constrangido por eu ter me lembrado. - O que exatamente você venho fazer aqui?

Segunda Chance (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora