- Querido, aceite, por favor. Além de pagarmos um bom dinheiro, também pode servir como divulgação para o seu restaurante - Provavelmente aquela já deveria ser a milionésima vez que minha mãe tentava insistentemente me convencer a preparar o cardápio de seu estonteante jantar de aniversario de casamento. Todo ano meus pais davam uma festa deslumbrante, a ideia em si sempre partia da minha mãe, ela é uma pessoa extrovertida, simpática, alegre e que faz amizade com extrema facilidade. Em contra partida, meu pai é um homem centrado, ríspido, quieto e que detesta chamar atenção. Mas apesar das inúmeras diferenças, eles carregam mais de trinta anos juntos, o que de certa forma é um pouco difícil de acreditar já que o Doutor Miller nunca foi uma pessoa fácil de se lidar, principalmente quando é contrariado. - Apenas desejo que todos possam desfrutar do talento culinário do meu filho. - Finalizou sorrindo, talvez parte do motivo viesse a ter essa intenção, mas eu a conhecia o suficiente para saber que isso não era tudo.
- Dona Hellen, agradeço a oferta, mas minha resposta continua sendo não. Não vou ficar em um lugar onde não me sinto bem - vindo. - Respondi, maravilhado ao sentir o aroma do salmão grelhado com molho de limão, a textura, a maciez, tudo estava impecável. Minha mãe havia pedido uma sopa de cogumelos e já estava prestes a finalizar o seu prato, pronta para pedir uma sobremesa. Mas comigo era diferente, eu gostava de degustar cada pedacinho e me perder no sabor que o alimento proporcionava. Não restam dúvidas sobre o talento da equipe de cozinheiros que contratei, eles não erravam e conseguiam proporcionar excelência em todos os pratos. Até então eu estava cozinhando junto com eles, em mais uma noite movimentada, foi uma bela surpresa que ela me fez, aparecendo aqui simplesmente com a intensão de me abraçar e parabenizar pelo sucesso que o restaurante vinha conseguido.
- Aquela casa, sempre vai ser sua querido. Sei que você e seu pai tiveram alguns desentendimentos... Mas se tiverem uma conversa esclarecedora, tudo vai dar certo. - Acho que herdei o excesso de positividade dela, não é possível que depois de tantos anos ela ainda acredite que meu pai e eu iremos nos tornar amigos.
- Mãe, por favor não comece com essa mesma conversa. Nós dois sabemos que esse assunto não vai levar em nada. Ele sempre manteve altas expectativas na Sophia e em mim e no momento em que resolvemos seguir com nossas vidas, ele basicamente se revoltou. Então esqueça esse assunto, a senhora o conhece melhor do que eu e sabe muito bem que ele é teimoso o suficiente ao ponto de nunca admitir seus erros. - Falei de forma direta, mas me arrependendo no segundo seguinte ao notar o semblante entristecido que se formou no rosto dela. - É mãe, escuta...
- Tá tudo bem querido, não se preocupe. - Ela largou a colher e suavemente segurou minha mão. - Suas palavras não carregam nenhuma mentira. - Suspirou, abaixando o olhar. - Porém, seria incrível se as coisas fossem diferentes, sei que a culpa não do afastamento de vocês é toda dele. Já discutimos inúmeras vezes por conta disso, mas como você mesmo relatou... ele não é uma pessoa que admite seus erros. - Era uma cena de partir o coração, eu sabia o quanto ela se esforçava pra tentar manter a família unida.... só que desejar que meu pai se tornasse compreensivo da noite pro dia já era pedir demais.
- Estou em relacionamento sério, sabia? - Disse de repente, na esperança de retirar a estranheza do clima que havia se iniciado e também a oportunidade de falar sobre o meu gato arisco de certa forma me deixava feliz. - O nome dele é Victor, ele é um dos neurocirurgiões do hospital aí da frente. - Desbloqueei a tela do celular para lhe mostrar uma foto dele. - Tirei essa foto enquanto ele dormia, não diga nada sobre isso, se não ele me mata. - Avisei, ela soltou um pequeno sorriso sincero. - Nessa daqui, foi no piquenique que fizemos no jardim de casa. - Murmurei totalmente abobalhado, admirando nossa foto. - Tenho poucas fotos porque ele não me deixa tirar mais. Acredita, que ele tem a audácia de dizer que não é fotogênico? - Falei desacreditado, lembrando do dia em que ele me disse que não era tão bonito assim. - O meu gato arisco é tão lindo e perfeito, ainda não consegui achar um defeito nele. - Repousei o queixo sobre a mão, soltando um longo suspiro.
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Segunda Chance (Romance Gay)
RomanceVictor é um jovem neurocirurgião que a exato dois anos mora na ensolarada Califórnia, vivendo apenas para o trabalho e mantendo assim o coração longe de qualquer vestígio de amor. A dolorosa perda de seu marido fez com que o rapaz dos olhos de safir...