VICTOR

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- Vai ficar enrolando muito? Quero atualização das fofocas, portanto desembucha. - Meu melhor amigo idiota e eu, estávamos sentados na cafeteria do hospital tomando café da manhã e jogando conversa fora, enquanto o horário do meu expediente ainda não se iniciava. Sam detestava hospitais, porém ele estava afoito pra saber sobre a bizarra situação que me fez sair correndo de sua casa na sexta-feira a noite, mesmo que eu já tenha contado.

No sábado pela manhã, eu havia ligado para ele, relatando tudo que o coelho de Cristian tinha feito com os meus armários, mas Sam como um bom bêbado que era não se lembrava dessa conversa, e ainda teve a cara de pau de dizer que eu estava escondendo detalhes importantes. O conhecendo bem, posso dizer que provavelmente ele tinha passado o fim de semana inteiro sendo arrastado pela ressaca. Então ele não se lembraria nem se alguém lhe desse um milhão de dólares.

Revirei os olhos, um tanto impaciente.

- Criatura, tudo que tinha pra dizer, eu já disse. - Falei simples, antes de beber o último gole de cappuccino. - Não acredito que venho até aqui só pra fofocar. - Ainda não eram nem sete horas da manhã quando ele me pegou desprevenido no estacionamento. - Ter um amigo com Sam, é algo bem peculiar.

Ele me lançou um olhar desdenhoso antes de se pronunciar.

- Lógico que vim, você passa mais tempo aqui do que em casa. Vamos Vic, eu quero detalhes. Não prestei atenção no que você falou no sábado, e eu até ia aparecer na sua casa ontem mas a minha cabeça ainda doía. - Fez um sinal com a mão para mim dar continuidade na fala.

Soltei um longo suspiro, começar a segunda-feira com esse interrogatório não é fácil.

- Não tem muito pra dizer. Meu novo vizinho se chama Cristian e ele tem um coelho chamado Nestor. - Logo senti um tapa fraco em minha mão, me impedindo de pegar mais um pãozinho do cesto. - Eu não sei muita coisa sobre ele, sei somente o básico. - Dei de ombros.

- E o básico seria o que exatamente? - Sam cruzou os braços, ele não era de desistir tão fácil.

- Bem....Ele é da Califórnia, em poucos dias vai abrir o seu restaurante aqui em frente. - Apontei para o outro lado da rua, as janelas eram todas de vidro, então dava pra enxergar com clareza o novo estabelecimento que em breve inauguraria. - Ele tem uma irmã que é florista, o pai dele é o Leonard Miller....

No mesmo instante, Sam deixou de passar a geleia de morango em sua torrada e me encarou estupefato.

- Sério? - Assenti em concordância, de imediato também demorei pra acreditar na coincidência. - Parece que tudo está ao seu favor. Conseguiu arrumar um homem gostoso, chefe de cozinha e de sobra ainda ganhou um sogro que ti idolatra. - Murmurou sorrindo, com a mais sublime convicção.

Bufei em descrença.

- Em primeiro lugar, não arrumei homem nenhum. Em segundo lugar, não lembro de ter falado que ele era gostoso. E em terceiro e último lugar, aparentemente ele e o pai não se dão muito bem porque o Cristian resolveu se tornar cozinheiro ao invés de cirurgião. - Nesse meio tempo que eu vinha trabalhando no hospital, o Doutor Miller acompanhou de perto o meu trabalho e me elogiou inúmeras vezes, em algumas até mesmo dizendo que me considerava um filho. Era estranho pensar que ele conseguia distribuir afeto com um estranho, mas não com o próprio filho. Se bem que.....o meu pai agia da mesma forma com o meu primo.

- O seu pai também é decepcionado com a sua profissão, algo que ambos tem em comum. - Disse de forma simples, realmente ele era sincero demais. - O encontro foi bom? - Perguntou com um sorriso debochado, enquanto espalhava iogurte por cima das pequenas fatias de melão.

Segunda Chance (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora