Segunda Chance (Romance Gay)

VICTOR

Passar esses dias hospedado na casa de Sam tem me ajudado a recuperar minha saúde mental. Em hipótese alguma imaginei que um dia voltaria a sentir toda aquela dor que a morte do Ben me proporcionou.

Na primeira noite eu chorei muito quando coloquei a cabeça no travesseiro, foram tantas informações absorvidas que por um instante imaginei meu cérebro explodindo.

De vez em quando um flashback ressurgi na mente... Matt me dando aquela noticia com um sorriso debochado estampado no rosto, ele se vangloriava e se divertia enxergando a fragilidade que suas palavras me causaram. Um dia esse desgraço ainda vai pagar por isso. A cereja do bolo foi escutar Sam revelando como Leonard fez pra encobrir as provas.... É difícil pensar em tudo que um ser humano pode fazer simplesmente por dinheiro.

O despertador tinha tocado pela terceira vez, o desliguei e resolvi parar de enrolar na cama, vagarosamente fui em direção ao banheiro tomar um banho. Agora que entrei na lista dos desempregados não tem motivo pra acordar tão cedo. Fiz a higiene básica, sequei os cabelos, penteei eles para trás e vesti apenas uma calça preta de moletom e uma camiseta vermelha, que já estava bem surrada.

Sai do meu quarto, rumo á cozinha, chegando lá encontrei Sam tão impecável como sempre, trajando um terno azul marinho que o deixava extremamente elegante, a cor da roupa realçava seus cabelos. Ele olhava com atenção para a tela do celular que acabou não notando minha presença. O aroma de bacon e omeletes preenchiam o ar, coloquei um pouco no prato. Abri a geladeira, ela parecia o sonho de qualquer criança, além de conter apenas comida congelada, também continha variados tipos de chocolates. Peguei uma garrafinha de suco de morango e me direcionei até a bancada.

- Teve uma noite de sono tranquila? - Sam questionou enfim notando minha presença, desviando o olhar do celular por poucos segundos.

- Sim, tive sim. - Falei com um pequeno sorriso de lado.

Dei a primeira garfada no omelete, o sabor estava divino, mas ainda sim eu preferia quando Cristian cozinhava. Como sinto falta daquele cozinheiro ciumento, preferi ficar um tempo longe porque era essencial para raciocinar e colocar a cabeça em ordem. São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, tê-lo por perto no momento em que meu ódio pelo mundo gritava com todas as forças, não parecia ser uma boa opção.

- Aposto como fez isso só pra me irritar. - Murmurou enfezado, balançando a cabeça de um lado para o outro em total descrença. - Ontem ele foi jantar com um cara e postou essa foto. - Bufou irritado me mostrando o celular. Revirei os olhos, entendendo o motivo de tanta raiva logo cedo. A foto se tratava de Patrick sentado ao lado de um cara loiro muito bonito, talvez fosse um modelo. Toda a decoração composta exalava romantismo.

- Que cara lindo. - Provoquei, observando sua raiva crescer. - Não vejo nada demais nessa foto. - Comentei ingerindo um gole do suco enquanto observava sua mandíbula se contorcer. - Sam, você falou milhares de vezes pra ele que não pretende ter um compromisso sério. Achou mesmo que ele iria passar a vida inteira te esperando?

- Não...é - Ele ficou desconsertado, passando a mão na nunca.

- Patrick é apaixonado por você, vê se acorda. Tá na cara que ele fez isso pra te deixar com ciúmes. - Concordou sorrindo. - Mas vai ter um dia onde ele vai se cansar dessa palhaçada que você fica fazendo e provavelmente acabará encontrando um homem disposto a amá-lo sem medo. - O sorriso convencido de antes acabou morrendo. - Vejo duas opções no seu caminho, esqueça essa idiotice de sexo sem compromisso e peça ele em namora, ou então deixe que outra faça isso. - Dei de ombros, fiquei feliz por ver como ele tinha ficado pensativo, realmente acho que essa foto abriu os olhos dele.