Capítulo-16

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Mariana ficou na companhia das amigas e da mãe de Paulo, até que a mesma já estivesse cansada e decidiu deixá-las. Adele e Angélica também já queriam ir, e acompanharam Mariana até a pousada, onde se despediram.
Mariana sabia que não conseguiria dormir com tantos pensamentos povoando sua mente, mas se deitou, e se obrigou a fechar os olhos, porém mesmo de olhos fechados, ela podia vê-lo, e sentí-lo por toda parte.
Como ela iria esquecer aquele beijo?
Céus! Paulo havia dito em seu sermão, que nenhuma forma de amor era pecado.
Mariana deixou escapar um suspirou frustrado.
Porém ela tinha certeza de que os pensamentos que estava tendo com um padre, definitivamente eram.
Tentou afastar os pensamentos, e por fim conseguiu dormir.
Mesmo sendo sábado, Mariana c acordou cedo, ainda que tenha dormido pouco, não conseguiu se manter na cama. E como morava em um quarto, não havia muito o que se fazer ali, senão se levantar, e descer para ajudar Dona Amélia na cozinha.
Foi onde ela encontrou a gentil senhora, já muito atarefada, pois com a festa na cidade, a hospedaria estava com todos os quartos ocupados.
—Por que não me chamou para ajudá-la, Dona Amélia?
Mariana perguntou pegando um avental e o colocando rapidamente para ajudar a colocar as xícaras em uma bandeja.
—Você chegou tarde ontem, e hoje é sua folga no trabalho, precisa descansar.
E eu estava dando conta do serviço, como pode ver.
Dona Amélia piscou para a jovem a sua frente que lhe sorriu.
—A maioria dos hóspedes já estão tomando o café, só achei melhor assar mais alguns biscoitos, e já adiantar o almoço.
—Está certo, em que posso ajudá-la?
—Leve essas xícaras para a mesa do café, e veja se falta alguma coisa por lá, está bem?
Mariana anuiu concordando e seguiu para o salão que servia como um refeitório.
Depois de dispor as xícaras no suporte junto das garrafas térmicas que continham café, se dedicou a olhar as bandejas com bolos, pães, queijos, algumas geleias e biscoitos. Todas estavam ainda com uma quantidade aceitável, para os hóspedes que ainda não haviam descido.
—Bom dia Mariana!
Mariana ouviu o cumprimento soar as suas costas, e se virou para responder. O coração pulou uma batida ao reconhecer o homem a sua frente.
—Bom dia padre Lucas.
Mariana tentou disfarçar o nervosismo ao se deparar com o padre, em um sorriso tímido, que ele correspondeu sem desviar o olhar dela. Parecia aguardar algo mais dela, e ela sabia o que era.
—Trabalha aqui?
Ele por fim perguntou, pegando uma xícara e colocando o café de forma despreocupada.
—Eu, não. Sou hóspede. Apenas ajudo quando posso.
—Então me fará companhia no café, Mariana?
Lucas sorriu, como se não houvesse chance dela recusar o convite. Enquanto Mariana ainda tentava entender se havia sido um convite, pois não lhe pareceu.
—Bem... eu, tá, é claro. Será um prazer.
Mariana decidiu ser educada, e ignorar a tensão que sentia sempre que estava diante de Lucas. Ela não sabia se Paulo havia lhe falado algo sobre ela, mesmo assim não se sentia muito confortável na presença dele. Seu olhar parecia uma cobrança constante.
Mariana tirou o avental, e também pegou uma xícara a encheu com café e colocou alguns biscoitos em seu prato.
Os dois se acomodaram em uma mesa próxima, e por alguns minutos, Mariana contemplou Lucas interromper seu café para responder aos hóspedes que passavam e lhe pediam a benção.
—Também está em visita a cidade, Mariana?
—Não. Cheguei a pouco tempo, mas pretendo ficar.
Mariana disse com firmeza, ao padre que a olhava por sobre a borda da xícara que segurava com as duas mãos.
—E o senhor? Vai ficar até o final da festa?
—Não, infelizmente não posso ficar tanto tempo longe da minha paróquia. Partirei amanhã.
Mariana se forçou a conter o suspiro de alívio, porém Lucas lhe sorriu como se tivesse percebido o alívio em sua expressão.
—Talvez eu volte em breve. Gostei da cidade, as vezes é bom respirar novos ares, não acha?
—Sim. Acho que sim.
Os dois ficaram em silêncio mais uma vez, porém o olhar de Lucas nunca a deixava. Ele estava procurando algo nela, Mariana podia sentir. E ela tinha certeza de que estava entregando tudo, sem dizer uma única palavra.
Seu pensamento foi interrompido pela entrada de Adele no salão, que ao ver a amiga, caminhou rapidamente até ela.
—Mariana! Tenho uma novidade pra você. Ahhh, você vai adorar!
Adele já foi falando ansiosa, e nem se deu conta de que a amiga estava acompanhada.
Recebeu um olhar de alerta de Mariana, e só então Adele se deu conta da presença do padre, ficando constrangida de imediato.
—Adele, esse é o Padre Lucas, é amigo do padre Paulo.
Padre Lucas, Adele é uma grande amiga.
Mariana fez as apresentações, e viu a amiga, mesmo com a face vermelha de constrangimento, se aproximar do padre para lhe pedir a benção.
—A sua benção padre.
Adele pegou a mão que o padre lhe estendeu e beijou delicadamente.
Lucas se levantou e lhe sorriu.
—Deus lhe abençoe Adele.
Mariana, é assim que se cumprimenta um padre, quando se está diante de um. Aprenda com a sua amiga, você é jovem, ainda está em tempo de aprender.
Com sua licença senhoritas.
Lucas deixou o guardanapo sobre a mesa, e seguiu para a porta de saída, sem olhar para trás. Porém não conseguiu tirar o sorriso divertido que tinha no rosto ao deixá-las.
—O que foi isso?
Adele perguntou se jogando na cadeira ao lado de Mariana, ainda perplexa.
—Acho que o padre Lucas não vai com a minha cara. Talvez por eu não ter lhe tomado a benção, nem hoje, nem ontem. Ou... por outro motivo.
Mariana sorriu sem humor.
—Mas... que idiota!
Deus que me perdoe, mas já me sinto arrependida por ter beijado a mão dele.
Adele disse limpando a boca, como se ela estivesse suja, o que fez Mariana rir.
—Não diga bobagem Adele. Ele tem o direito de se sentir ofendido, afinal eu não o cumprimentei como deveria.
—Mas ele não tinha o direito de chamar a sua atenção desse jeito, na frente dos outros, que absurdo! Duvido que Padre Paulo faria uma coisa dessas. E duvido que ele vá gostar de saber que esse aí o fez.
Mariana riu um pouco mais. Adele estava indignada, podia-se dizer que ela estava inconformada. Mariana tinha até medo do que poderia acontecer se os dois se cruzassem mais uma vez.
—Ridículo! Presunçoso!
—Ei, Adele, esquece isso. Eu já esqueci. Vossa senhoria vai embora amanhã, e não teremos mais que lhe dar com o digníssimo padre Lucas.
Adele riu com vontade.
—Ah, que notícia boa.
—Mas diga, o que você queria me contar quando chegou?
Mariana perguntou enquanto tomava mais um gole do seu café.
Adele pegou um biscoito do prato da amiga e mordeu, antes de falar.
—Hum, já tinha até me esquecido...
Adele puxou a cadeira para mais perto de Mariana, e abaixou o tom de voz.
—Você disse que não queria mais morar em frente a igreja, acho que arranjei um lugar pra você morar.
Ela disse sorridente, pegando Mariana de surpresa.
—Adele, eu nem recebi meu primeiro pagamento, não tenho como ir para outro lugar.
—Escuta Mariana, eu ouvi minha mãe conversando com Dona Vilma, acho que você não conhece, mas o que importa é que ela vai embora pra capital morar com o filho, e está procurando alguém que possa cuidar da casa dela. É aquele sítiozinho, que fica na beira da estrada de terra, no caminho pra casa do João, sabe qual?
—Sim, sim. A senhora que mora lá sempre me cumprimenta quando passo.
—Então, é ela. Dona Vilma não queria ir, mas já está muito idosa, não pode mais morar sozinha. Pelo que ouvi, o filho para convencê-la a ir, prometeu pagar um caseiro pra tomar conta da casa.
—Pagar!!?
Mariana disse espantada.
Adele sorriu animada.
—Sim. Além de uma casa pra morar, você ainda vai receber pra ficar lá. Não é o máximo?
Mariana ainda estava atônita com a novidade, mas conseguiu sorrir com a ideia de poder ter uma casa só sua. Desde que os pais morreram, não tinha um lugar seu. Morara no quarto que o irmão ocupava no hospital, por quatro anos.
—Mas, Adele. Provavelmente a senhora vai querer alguém de sua confiança para ficar na casa dela, não uma total desconhecida.
—Que total desconhecida Mariana? Você acabou de dizer que a mulher te vê todos os dias. E além do mais, você é "a amiga do padre Paulo".
Adele não conseguiu conter o riso.
—Ai, para com isso.
Mariana deu um tapa de leve no braço da amiga que ainda ria.
—Foram vocês que começaram com isso. Todo mundo conhece você assim.
—Deus do céu!
Mariana deixou escapar junto com o ar.
—Vocês se conhecem a muito tempo?
Mariana olhou para Adele, e sorriu ao se lembrar do dia que conheceu Paulo.
—Nos conhecemos, ali naquela praça, no dia que cheguei a cidade.
Mariana disse em meio ao sorriso, e notou a perplexidade de Adele.
—O que?! Mas... ele disse pra todo mundo que você era amiga dele.
—É, nós... meio que, nos conectamos no momento em que nos vimos. Ele não podia me apresentar de outra forma.
—Uau. Isso que é conexão.
As duas riram.
—Agora vamos, precisamos falar com a Dona Vilma que você está interessada em cuidar da casa.
—Eu ainda não estou acreditando, Adele.
—Acredite amiga. Dona Vilma vai ficar muito agradecida por você cuidar da casa dela. Talvez precise de uma mão de tinta, trocar algumas telhas, mas... nisso a gente dá um jeito.
Mariana e Adele seguiram de braços dados pela calçada, sem se darem conta de que alguém as observava do outro lado da rua, sentado em um dos bancos da praça. Totalmente vestido de preto somente o colarinho clerical se destacando.
Lucas sentia que aquelas duas eram problema. Ele só ainda não sabia de que tipo.

 Ele só ainda não sabia de que tipo

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Música tema do Capítulo

Cantare é d'amore- Amedeo Mingui/ Cantar é amor

Padre Lucas encontrou duas almas para colocar no caminho da salvação kkkk
Será?
O que acham?
Espero que gostem do capítulo.
Não esqueçam de votar e comentar. Bjs😘

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