Capítulo-19

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Mariana estava empolgada naquela manhã de domingo. Havia conversado com dona Amélia na noite passada, e a gentil senhora mesmo um pouco entristecida, deu todo o seu apoio a jovem que estava verdadeiramente animada com a possibilidade de ter sua própria casa.
Dona Vilma havia ficado muito agradecida por Mariana se oferecer para cuidar do pequeno sítio, onde vivera os melhores anos de sua vida. Porém, apesar de já estar saudosa do lugar, tinha conciência de que o filho tinha razão, e que já não podia viver alí sozinha.
Dona Vilma combinou com Mariana que assim que terminasse a festa de São Tomás, ela poderia se mudar, e que poderia fazer as melhorias que achasse necessárias no lugar.
Mariana sabia que Dona Amélia não aceitaria nenhuma forma de pagamento pelos dias que ficou hospedada na pousada. Mas ela queria demonstrar sua gratidão de alguma forma, e foi durante a noite, que teve uma ideia, da qual precisaria da ajuda das amigas Adele e Angélica.
Ela sabia que ainda era muito cedo para ligar e colocar as amigas a par de sua ideia. Teria mesmo que esperar.
O sol ainda despontava fraco no horizonte quando abriu as cortinas e se pôs a observar a cidade pela janela do segundo andar da pousada.
O prédio que ficava de frente para a praça principal, tinha uma bela vista de cima, toda uma área verde que constituia a praça, muitas casas pintadas em cores fortes e vibrantes davam um ar alegre a São Tomás e mais adiante, chamando a atenção para a torre do sino e uma grande Cruz sobre ela, estava a igreja de São Tomás, paróquia de Paulo. Ou padre Paulo, que era como deveria chamá-lo, mas ela simplesmente não conseguia, nunca conseguiu vê-lo assim, como um homem da igreja. Desde que o conheceu, ela só conseguia vê-lo como o único homem que lhe inspirava confiança. Algo que desde tudo que viveu em sua juventude, não conseguia ter em nenhum outro homem. Porém, Paulo lhe despertava muito mais do que confiança, ele havia despertado sentimentos em seu coração que Mariana julgava nunca mais ser capaz de sentir, porque acreditava que nunca confiaria em um homem o bastante para entregar seu coração. E olha só o que o amor lhe faz? Estava completamente apaixonada por um homem comprometido, e sem a menor ideia do que fazer com todo esse sentimento.
Mariana suspirou pesadamente ainda recostada a janela. Sentiu seu coração acelerar no peito, antes mesmo de identificar a figura masculina que cortava a praça em uma corrida lenta, vestindo um agasalho de moletom cinza.
Paulo parou por um momento e apoiou o pé em um dos bancos da praça, para amarrar o cadarço do tênis que estava frouxo.
Quando terminou o que fazia, elevou seu olhar, como se pudesse sentir que alguém o observava. Não qualquer pessoa, mas a única que fazia seu coração se agitar no peito de forma esmagadora.
Quando seus olhares se encontraram, e formaram aquela conexão que sempre acontecia entre eles, era algo mágico, inexplicável, como se o mundo parasse de girar por um segundo inteiro, que mais parecia uma eternidade, e nesse tempo, os fazia sentir coisas que jamais sentiram, e sem pedir permissão os lábios se curvam em um sorriso de corações acelerados. É possível ver a esperança brilhando neles.
Mariana acenou um tchau discreto, mas Paulo não retribuiu, ele olhou ao redor para se certificar de que ninguém estava por perto, e fez sinal para que ela descesse.
Mariana sentia o coração martelando dentro do peito. O seu lado racional perguntava, o que eles estavam fazendo? Porém o seu lado apaixonado, que tomava maior parte do seu coração, dizia: "Que se dane".
Mariana fechou a janela apressada e vestiu rapidamente uma calça jeans e um casaco por cima da blusa de mangas curtas que usava. Calçou seu tênis já bastante desgastado e saiu do quarto fechando a porta devagar para não fazer barulho. Desceu os degraus até a recepção olhando para todos os lados, com medo de ser pega, como se ela fosse uma criminosa.
Mariana riu desse pensamento, porém estancou no lugar, ao se deparar com seu Olavo, que já estava por ali, passando um pano no balcão.
—Já acordada menina?
O velho senhor já conhecido por Mariana por sua expressão pouco amigável lhe perguntou, a observando terminar de descer os degraus.
—Bom dia seu Olavo. Eu vou... aproveitar que acordei cedo, e vou... caminhar, é isso, está um clima ótimo, o senhor não acha?
—Vai chover.
O homem disse, sem elevar o olhar do balcão que limpava com afinco.
—Bem, então... não vou me demorar. obrigada por avisar.
Mariana disse já passando pela porta, sem olhar para trás, fechando a em seguida. Atravessou a avenida a frente da pousada, e andou a passos rápidos até onde Paulo a aguardava, um pouco mais oculto entre as árvores.
Paulo sorriu ao vê-la se aproximar.
—Você demorou. Achei que não ia descer.
—Encontrei com o senhor Olavo na recepção.
Paulo concordou em um aceno.
—E o que disse a ele por sair da pousada tão cedo em um domingo?
Ele perguntou divertido, ao observar a apreensão de Mariana.
Era engraçado para ele perceber, que desde que se conheceram, era sempre Mariana que ficava apreensiva por serem vistos juntos, quando era sempre ele que os colocava em situações embaraçosas.
E havia quem dizia que ela era quem o tentava.
Ele agora podia ver, que era o contrário.
—Eu disse que ia caminhar.
Paulo abriu ainda mais seu sorriso.
—Então vamos caminhar.
Ele fez um gesto com a mão para que ela o seguisse, e indicou o caminho que os levaria a trilha que adentrava a reserva florestal.
—Não vou atrapalhar sua corrida?
—Não, acho que... nós precisamos conversar, não é?
Mariana balançou a cabeça em positivo e viu Paulo tomar sua mão enquanto caminhavam.
—Vem, quero te mostrar um lugar.
Por algum tempo, os dois caminharam pela trilha em silêncio, até o início da colina, onde saíram por um caminho oculto pelos galhos baixos das árvores, adentrando ainda mais na floresta.
Passaram por troncos e raízes retorcidos de algumas árvores antigas e iniciaram uma subida por trás da colina.
—Cansada?
—Um pouco, mais acho que consigo.
Paulo ajudou-a na subida passando por uma trilha íngreme toda coberta de cascalhos de pedras. Um caminho pouco usado, que Paulo havia descoberto a alguns meses, em uma das vezes em que decidiu explorar a reserva.
—Nossa! É... uma vista incrível Paulo.
Mariana um pouco ofegante da subida, constatou ao chegarem em uma clareira incrustada na montanha, forrada por pequenas flores de diversos tipos e cores. De lá também era possível ver a curva que o rio fazia ao longe.
—É sim. Eu nem acreditei quando encontrei esse lugar.
Os dois se sentaram sobre algumas pedras que haviam por ali, e respiraram para recuperar o fôlego.
—Você costuma vir aqui?
—De vez em quando. Quando preciso pensar. Normalmente me atenho a trilha principal, é mais seguro.
A temperatura ali, era ainda mais baixa, porém o arrepio que lhe percorreu o corpo, nada tinha a ver com o frio, e sim com a forma intensa que Paulo a olhava naquele momento.
—Eu preciso te dizer algumas coisas Mariana, na verdade... muitas coisas...
Paulo pegou uma das mãos de Mariana e uniu a sua, e tocou o rosto dela delicadamente com a outra. Traçando as linhas delicadas até chegar aos lábios.
—...Mas, antes eu sinto que vou... sufocar se não...
As palavras ficaram pelo caminho, quando a força do desejo o tomou, e ele a beijou com ardor, com urgência, com desespero.
Os movimentos carinhosos e firmes enlouquecendo a mente já tomada pelo delírio, fazendo-os morrer por alguns segundos.
Eles buscaram pelo ar juntos, com as testas unidas cadênciando a respiração.
Mariana não sabia em que momento foi parar no colo de Paulo, mas isso não era importante naquele momento. Ela o abraçou forte e suspirou ao sentí-lo retribuir ao abraço.
—Eu não posso ser o seu pecado Paulo.
Ela disse ainda abraçada a ele, como se tivesse medo que o momento simplesmente se esvaísse como um sonho.
—Você não é, Mariana. Para isso, eu precisaria me arrepender, e eu não me arrependo. Porque o que eu sinto por você não pode ser pecado, porque é algo que vem do mais fundo do meu coração.
Mariana acariciou o rosto de Paulo que estava muito próximo ao seu. Ela deixou seus dedos se perderem pela barba de pelos macios e ficou absorta nos olhos verdes que a olhavam fixamente.
—Sua conciência ainda está tranquila?
—Agora sim. Porque sei o que sinto, e sei o que preciso fazer. Mas antes, preciso saber se você estará comigo em todas as etapas. Se está preparada para tudo que ainda precisaremos enfrentar até que possamos ficar juntos.
A respiração de Mariana voltou a se alterar ao ouvir aquelas palavras. As batidas descompassadas de seu coração chegando a causar certo desconforto.
Ela podia perceber que o olhar de Paulo adquiriu um tom aflito.
—Você... você vai deixar a batina?
A voz saiu em um sopro de ar.
—Eu não posso ter você e continuar sendo padre, mas, se eu fizer tudo certo, eu posso amar você e continuar na igreja de qualquer outra forma. Eu só preciso que você esteja ao meu lado, eu preciso que você seja forte, porque não será fácil.
Mariana o abraçou forte deixando suas lágrimas rolarem por seu rosto em meio ao sorriso.
Respirou fundo e voltou a alhá-lo.
—Tem certeza de que quer fazer isso? Por favor Paulo, eu morreria se você se arrependesse depois...
Paulo pois seu indicador sobre os lábios de Mariana a fazendo se calar.
—Eu estou decidido Mariana. Eu só preciso que você esteja comigo.
—Eu estarei com você, enfrentaremos o que for preciso, eu prometo.
Os dois sorriram antes de se perderem em mais um beijo arrebatador, que não foi interrompido nem mesmo pelas gotas de chuva que começaram a cair, se intensificando sem que os dois percebessem.

Os dois sorriram antes de se perderem em mais um beijo arrebatador, que não foi interrompido nem mesmo pelas gotas de chuva que começaram a cair, se intensificando sem que os dois percebessem

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Imagens meramente ilustrativas

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Texto ainda sem correção

Música tema do Capítulo

Per Amore- Zizi Possi/ Por amor

Alguém amando esse casal 💗
Tem meu coração todinho.
Mariana e Paulo ainda vão enfrentar muitos obstáculos nessa estrada que decidiram seguir. Como Paulo disse, não será fácil.
Espero que tenham gostado do Capítulo. Não esqueçam de votar e comentar 😉

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