Após a celebração, foi aberto oficialmente os festejos do dia de São Tomás.
As barracas estavam funcionando a pleno vapor. Havia muita gente espalhada por toda parte.
Paulo acompanhava a mãe de braços dados com ela, e era parado uma vez ou outra para ser felicitado pelo belíssimo sermão.
Quando mais um grupo se afastou, Paulo viu Mariana um pouco afastada da aglomeração, acompanhada por Adele.
Sem mais poder adiar aquilo, guiou sua mãe até onde ela estava.
—Aonde está me levando filho?
—Quero que conheça Mariana, mas... por favor minha mãe, é só para que se conheçam.
Paulo alertou a mãe, que lhe respondeu com um sorriso, que ele sabia que dizia o contrário do que ele havia lhe pedido. Porém, ele não tinha o que fazer quanto a isso. Conhecia sua mãe, e depois do que haviam conversado mais cedo, não havia como impedir que as duas se conhecessem. A mãe o faria, com ou sem a ajuda dele.
As duas moças estavam distraída, não viram quando Paulo e Madalena chegaram.
—Mariana, Adele...
Paulo chamou a atenção delas quando se aproximaram.
—Padre Paulo, a sua benção.
Adele tomou a mão do padre e a beijou, simplesmente no automático, como era seu costume fazer. Porém ao fazê-lo, e na frente de outra pessoa, percebeu que deixou Mariana em uma situação desconfortável.
Mariana ficou tensa, porém não se moveu. Não tinha o costume de tomar a benção a Paulo e nem a padre nenhum, não iria começar agora.
—Deus lhe abençoe, Adele.
Essa é Madalena, minha mãe.
Mãe, essas são Adele e Mariana.
Paulo fez as apresentações, e enquanto Adele e a mãe se cumprimentavam em um abraço, ele fixou seu olhar em Mariana, que o correspondia na mesma intensidade. Um olhar que dizia muito, sem precisar de palavras.
—Então você é Mariana, é um prazer conhecê-la querida.
—É... um prazer também conhecê-la senhora.
Madalena deu um forte abraço em Mariana.
—Não desista.
Madalena disse baixo só para que Mariana ouvisse.
—Madalena, querida. Senhora me faz me sentir mais velha do que já sou.
Mariana ainda estava perplexa com o que achou ter ouvido da mãe de Paulo, mas riu da brincadeira acompanhando a todos.
—E por onde anda Angélica? Vocês costumam ser um trio, não?
—O senhor sabe que aquela ali tem uma fome incontrolável...
Todos riram novamente.
—... Ela foi buscar mais alguma coisa pra comer.
—Eu também estou com fome, você me acompanharia Adele? Aproveitamos e encontramos sua amiga.
Madalena perguntou, porém já enganchando seu braço no da moça, sem lhe dar chance de recusar.
—É..claro. Eu acompanho a senhor... quer dizer Madalena.
As duas foram andando adiante, rindo de algo que Madalena disse. E por fim, Paulo e Mariana estavam sós. Na medida do possível, ainda haviam muitas pessoas nos arredores, que vira e mexe cumprimentavam o padre mesmo que de longe.
—Tudo bem com você?
Paulo perguntou, percebendo que Mariana não iria dizer nada.
—Eu estou bem Paulo, e você? Está bem?
Paulo tocou as costas de Mariana para incentivá-la a caminhar com ele.
—Eu não parecia bem enquanto faziam o sermão?
Paulo sorriu ao perguntar, e isso deixou Mariana um pouco menos tensa. Ela sorriu de volta, porém não conseguiu manter o olhar, então desviou.
—Você não parecia bem, hoje... pela manhã.
—Nós ainda vamos conversar sobre o que aconteceu Mariana. Mas não hoje, não aqui...
Mariana concordou com um aceno.
—... Porém, acho que tudo que eu pretendia te dizer hoje, eu já disse.
O coração de Mariana acelerou um pouco mais quando Paulo pegou uma de suas mãos e a beijou.
—Você me disse ao telefone, que havia tomado uma decisão, sobre o que estava falando?
Paulo a questionou, ainda segurando a mão de Mariana.
Haviam parado, próximo a uma árvore que ficava na calçada, já bem distantes da praça onde acontecia a festa.
Mariana se lembrou das palavras de Paulo, sobre o que era o amor verdadeiro, que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Ela olhou para ele e apertou a mão de Paulo junto a sua.
—Acho que... eu não tinha ideia do que estava sentindo, estava confusa. Mas agora eu sei.
Paulo sorriu para Mariana com seu coração batendo forte. E se ele tivesse alguma dúvida, ali ela estaria sanada. Seu coração batia por ela.
Seu pensamento foi interrompido pelo barulho de um carro, que fez a curva ao redor da praça, e parou diante da igreja.
—Acho que chegou mais alguém?
Paulo e Mariana caminharam na direção da igreja, para receber o convidado que pelo carro desconhecido de vidros escuros, parecia ser de fora da cidade.
Já estavam bem próximos, quando a porta do motorista se abriu e Paulo reconheceu de imediato a figura do homem que o saudava com um sorriso largo.
—Lucas!
—Paulo.
Mariana viu Paulo ir até o recém chegado e os dois se darem um abraço fraterno. Foi comovente. Pelas roupa do homem, vestido em um terno inteiramente preto, o que deixava em evidência o colarinho clerical, mostrando que ele também era padre.
—Lucas, eu nem acredito que você está aqui.
Lucas olhou para o amigo de longa data e estreitou o sorriso.
—Ao contrário do que dizem, estamos sempre no lugar certo e na hora certa, meu irmão.
Os dois riram juntos, e Mariana acreditou que deveria deixá-los, mas foi impedida por Paulo, antes que pudesse colocar o pensamento em prática.
—Lucas, deixe-me apresentá-lo, Mariana, Lucas. Estivemos juntos em Roma, no meu período de seminário.
—É um prazer conhecê-la Mariana.
Lucas estendeu a mão para que Mariana lhe tomasse a benção, porém ela apenas a segurou em um cumprimento.
—O prazer é meu, Lucas.
Ela disse em meio ao sorriso, e afastou a mão.
Lucas estranhou a reação da moça, até levou a mão ao pescoço para se certificar de que seu colarinho estava no lugar, e ele estava.
—Vocês padres, todos têm nomes bíblicos? Lucas, Paulo...
Mariana comentou, fazendo os dois homens a sua frente rirem divertidos.
—Na verdade acredito que seja um prenúncio do destino, uma antecipação da nossa vocação.
Lucas respondeu fixando seu olhar em Mariana, que se sentiu desconfortável com a fala dele.
—Bom, eu... vou deixá-los, devem ter muito o que conversar. Vou procurar as meninas e sua mãe.
Mariana disse já se adiantando a andar apressada.
—Mariana!
Paulo a chamou, a fazendo parar, e se virar para ele.
—Conversamos depois.
—Ah, claro, sem pressa.
Ela disse e voltou a caminhar para longe dele.
—Atrapalhei algo?
Lucas perguntou observando Paulo, que ainda acompanhava Mariana com o olhar.
—Na verdade, acho que nunca precisei tanto falar com você meu amigo. Mas acredito que irá ficar?
Paulo caminhou ao lado de Lucas retornando para a praça, onde poderiam se sentar.
—A ideia era assistir a missa, mas acabei chegando tarde.
Mas posso ficar até domingo se precisar de mim. Já havia deixado o ministro da comunhão de sobreaviso, caso eu resolvesse ficar um pouco mais.
—Seria ótimo ter a sua companhia por esses dias.
—Então está combinado.
Pelo que a moça disse, sua mãe está lhe visitando. Será esse o motivo de eu achar que você está estranho?
Lucas questionou quando os dois ocuparam duas cadeiras em uma barraca de comidas típicas da região.
—Estranho como?
—Ainda não sei dizer. Mas tenho certeza que você irá me contar, não irá?
Lucas sorriu para seu amigo do qual era o padre confessor, desde que Paulo foi ordenado padre.
Lucas era cinco anos mais novo que Paulo, porém se ordenou padre aos vinte anos e já era sacerdote a dez anos. Sempre foi convidado um exemplo para os mais jovens ainda no seminário e até mesmo para os mais velhos que admiravam sua convicção e conduta ilibada.
Apesar de muito jovem, havia acabado de completar trinta anos, era um grande defensor da moral e dos bons costumes.
—Eu sempre conto, não é verdade?
Os dois riram.
Paulo se sentia aliviado, só pelo fato de tê-lo ali. Lucas sempre fora o seu auxílio em momentos de aflição. Porém ele imaginava que o amigo não gostaria nada do que ele tinha a revelar. E conhecendo Lucas como bem o conhecia, sabia que a conversa seria difícil.
Ao longe Paulo observou, Mariana, Adele, Angélica e sua mãe reunidas em uma das barracas. As quatro riam animadas, aquecendo o coração de Paulo. Ver Mariana sorrir tornou-se a maior alegria dele. Paulo sentia que poderia viver toda uma vida, exclusivamente para fazê-la sorrir. Esse pensamento o fez voltar seu olhar para o amigo sentado a sua frente, que o observava com atenção.
—Acho que estou começando a entender, por que você precisa de mim, meu caro.
Talvez você precise mais do que imagina.Padre Lucas
Imagens meramente ilustrativas
Texto ainda sem correção
Música tema do Capítulo
You,re my number one- Enrique Iglesias e Sandy/ Você é minha número um.
Essa música é tão linda 😍
A letra reflete todo o sentimento de Paulo e Mariana 🥰
Beijinhos queridas
Até o próximo Capítulo.
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Tentação
RomanceMariana perdeu tudo que amava na vida. Ela só encontrou dor por onde passou. Mesmo sendo ainda tão jovem, ela já não tem perspectivas de futuro. Em seu íntimo ela já desistiu. Descrente de que haja um Deus no céu, pois ela não acredita que um Deus...