𝐈𝐈

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{JUDE DUARTE}

Eu adormeço no banheiro da minha suíte, caída no chão. É lá que Fantasma e Delyon me encontram. Acordo com Fantasma cutucando minha barriga com a ponta da bota. Apenas o estado grogue me impede de Gritar.

- Levante, Jude. - Diz Fantasma.- Barata quer que você Treine Hoje.

Eu me levanto, exausta demais para desobedecer.

- Achei que tinha morrido, você não estava acordando! - Delyon fala em um tom de divertimento.

Apenas ignoro o comentário.
Do lado de fora, na grama de orvalho, com os primeiros raios de sol surgindo na ilha, Fantasma me mostra como subir silenciosamente nas árvores. Eu achava que tinha aprendido tudo isso nas aulas do palácio, mas ele me mostra erros que meus professores não se deram ao trabalho de Corrigir. Delyon me ensina alguns tipos de chutes que parecem fortes o suficiente para arrancar um dente. Ela também corrige o que eu faço de errado, porém, ela disse que queria uma aula privada entre nós duas para me ensinar melhor. Algo me diz que ela e Fantasma não se dão tão bem. Na maior parte do treinamento, fracasso.

- Bom - Diz Fantasma quando meus músculos já estão tremendo. Ele falou tão pouco até então que sua voz me dá um susto. Fantasma poderia passar por humano com mais facilidade que Vivi, com orelhas apenas levemente pontudas, os cabelos claros e os olhos castanhos. Mas ele me parece inalcançável, mais calmo e mais frio do que ela. O sol está quase alto. As folhas estão ficando douradas. - Continua treinando. Pegue suas irmãs de surpresa. - Quando sorri, com o cabelo claro caindo no rosto, ele parece mais jovem do que eu, mas tenho certeza de que não é.

Com o canto de meu olho, percebo uma revirada de olhos vindo de Delyon. Não sei se foi para mim, ou para Fantasma, mas tenho certeza de que ela não é tão gentil quanto parece.
Quando Fantasma vai embora, o faz de tal modo que desaparece.

- Já que ele foi embora, posso falar com você. - Diz Delyon se voltando para mim.- Nesse mesmo horário, no próximo dia, eu venho te ver. Vou te levar para um lugar onde dá para treinar melhor. - Ela sorri, e com esse sorriso, percebo que a revirada de olhos não foi para mim, e sim, para Fantasma.

{•••}

{DEMETRYS DELYON}

Volto para casa de Jude em no mesmo horário que vim junto de Fantasma no dia anterior. A procuro no quarto, e para minha surpresa, a vejo deitada na cama. Caramba, que evolução! Da última vez estava jogada no chão do banheiro.
Cutuco ela com os dedos, a fazendo-a acordar.

- Dessa vez não foi tão difícil de acordar. - Digo a ajudando a se levantar na cama.

- Para que lugar você vai me levar? - Ela pergunta parecendo estar passando mal.

- Para o lindo e belo mundo mortal, conhece?- Questiono de uma forma totalmente irônica.

- Vai me levar para o mundo mortal? - Pergunta Jude.

- Quando tenho tempo, treino com um Barrete vermelho. Ela é forte. Me ensinou a metade de tudo o que eu sei.- Respondo.

Eu a levo para fora da Fortaleza de Madoc, e pego dois ramos de erva-de-santiago.

- Corcel, levante-se e nos leve para onde eu ordeno. - Digo.

Jogo os ramos no chão. Os ramos se transformam em dois pôneis amarelos, um tinha olhos esverdeados e outro com olhos azuis.
Subo no de olhos azuis enquanto Jude sobe no de olhos verdes. Cavalgamos pelo Bosque Leitoso até os penhascos a beira do Mar, e por fim, começamos a cavalgar sobre o Mar. Pousamos ao lado de uma loja de doces e um condomínio.

{•••}

Levo Jude de volta para a Fortaleza perto do amanhacer completo. Após deixá-la na casa de Madoc, sigo meu caminho pelas sombra de volta para Corte.
Ando calmamente de um forma rápida, mas começo a diminuir os meus passos quando sinto algo me observando, ou melhor, me seguindo.
Paro minha caminhada me encostando em uma árvore e observo as possibilidades de alguém atrás de mim estar escondido. Quando não consigo enxergar nada demais, volto minha caminhada. Volto a andar passando pelas árvores. Quando passo por um pinheiro, uma mão me agarra pelo braço, me fazendo tirar a Adaga da bainha que tenho na cintura. Quando sinto o corpo na pessoa, o coloco contra a madeira da árvore, usando um dos braços como suporte para mantê-la presa. E a outra mão segurava a adaga rente ao olho do indivíduo. Fantasma. Ele me olha nos olhos enquanto eu tento me manter calma após o acontecido. Ele continua com as mãos no meu braço.

- Que merda é essa?! - Pergunto me afastando ainda segurando a faquinha.

- Barata quer falar com você. - Ele responde sem jeito.

Que garoto ridículo!

- É motivo para me agarrar? - Pergunto guardando a adaga na bainha novamente.

- Me desculpa. - Diz Fantasma. - Você tem reflexos bons. - Ele sorri.

Maldito sorriso!

- Só viu isso agora? - Pergunto sorrindo da forma mais falsa possível.

- Não, vi isso a muito tempo, só não tive oportunidade de dizer. - Ele responde me fazendo suspirar.

Que estranho.

- Certo. - Murmuro sem saber o que dizer.

Volto a seguir meu rumo o deixando para trás. Rapidamente ele está do meu lado, provavelmente, também indo para a Corte das Sombras.

{•••}

Como Jude, também moro com meus pais, mas não igual a ela, claro. Meus pais são Reis. E devo admitir, isso não é nada tão fácil quanto parece. Ser princesa e espiã são coisas diferentes e difíceis de manter por muito tempo. Minha mãe, Alhena, Rainha da Corte dos Ventos, não irá demorar para desconfiar de minha saídas a noite. Quase nunca fico em casa, e a desculpa de estar indo conversar com o príncipe Cardan não irá esconder a verdade por tanto tempo.
Minha mãe está ansiosa para a coroação de Dain, eu também estou, Claro. Mas sinto alguma verdade nela sendo escondida. Ela está estranha, ela sempre foi. Minha mãe é uma pessoa íntima de Balekin, e essa relação não pode ser considerada uma coisa boa, não mesmo. E também, ainda não posso perguntar para minha mãe sobre algo do tipo, porque, além disso não parece da minha conta, posso parecer suspeita. Pois, aos olhos dela, sou só a filha princesa que tem que se casar com alguém da Grande Corte de Elfhame, mais especificamente, me casar com Cardan. Ridículo.
Esses pensamentos podem ser suspeitos, mas conheço a mãe que tenho. Ela é mentirosa, e mais do que mentirosa, ela é gananciosa. Gananciosa por poder. Ela quer o poder.
Se for verdade o que eu estou pensando, o que vale a mim a fazer, é cumprir o meu trabalho de Filha e Espiã. Eu vou fingir ser alguém que a ama, enquanto a mato pelas costas. Pode parecer estranho e assustador um filha fazer algo do tipo pela mãe. Mas quando eu recebo um trabalho, eu o cumpro, mesmo que a vida das pessoas que eu amo estejam envolvidas.
Aliás, todos morrem um dia. É inevitável, certo? Certo.

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𝐀 𝐑𝐀𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐃𝐎𝐒 𝐕𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒 - 𝐅𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬𝐦𝐚ᴼ ᴾᴼᵛᴼ ᴰᴼ ᴬᴿOnde histórias criam vida. Descubra agora