𝐀 𝐑𝐀𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐃𝐎𝐒 𝐕𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒 - 𝐅𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬𝐦𝐚ᴼ ᴾᴼᵛᴼ ᴰᴼ ᴬᴿ

𝐈𝐈𝐈

{JUDE DUARTE}

Estou agitada, enrolada em cobertores e papéis de de galinhas no tapete na frente da lareira, quando Fantasma e Demetrys me acordam. Meu dedos estão manchados de cera e tinta. Olho ao redor, tentando lembrar quando acordei, o que estava escrevendo e para quem.
Barata está parada na abertura da passagem secreta que leva aos meus aposentos, me observando com os olhos reflexivos e nada humanos.
Minha pele está suada e fria. Meu coração está disparado.
Ainda sinto gosto de veneno, amargo e enjoativo, na língua.
Demetrys me ajuda a levantar com uma mão em minhas costas.

- Ele está aprontando de novo - Diz Fantasma.

Não preciso perguntar de quem está falando. p
Posso ter enganado Cardan para usar a coroa, mas não aprendi o truque de faze-lo se comportar como um rei.
Enquanto eu estava fora, coletando informações, ele estava com Locke. Eu sabia que teria problemas.
Esfrego o rosto com a base calejada da mão.

- Eu estou acordada.

Demetrys suspira.

- Deveria colocar uma coleira no seu rei - Diz ela.-, eu estava em um sono tão bom.

Ela me parece cansada, mas mesmo assim está acordada para me ajudar, imagino.

{DEMETRYS DELYON}

Jude veste uma jaqueta por cima da roupa que estava utilizando no dia anterior. Ela entra no quarto e penteia o cabelo e o cobre com um boné de veludo.
Barata franze a testa para a mesma.

- Você está amassada. Sua majestade não deve andar por aí com uma senescal que parece que acabou de cair a cama.

- Val Moren passou uma década com gravetos no cabelo - Lembra Jude. Ela pega folhas de mentas no armário e as mastiga.- Provavelmente os mesmos gravetos.

Barata limpa a garganta.

- Val Moren é poeta. As regras são diferentes para poetas.

Levanto uma sombrancelha.
Então poetas podem andar com galhos no cabelos parecendo chifrudos? O Reino das Fadas me surpreende cada vez mais, e olha que eu nasci aqui.
Saio de meus pensamentos e sigo Jude e Fantasma pela passagem secreta.

- Aonde estamos indo? - Pergunta Jude.

- Para os aposentos dele - Diz Fantasma quando enquanto saímos em um corredor, com uma escada embaixo de onde Cardan Dorme. - Houve algum tipo de confusão.

- Como sempre. - Completo.

Consigo imaginar inúmeras confusões voltadas a Cardan, mas no próprio quarto?
Top dez coisas que apenas o Grande Rei do Reino das Fadas consegue fazer: Merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda e merda.
Quando chegamos no quarto, vejo Cardan atirado no chão em meio a destroços de móveis. Tem cortinas arrancadas do trilhos, molduras de diverso quadros rachadas, e as telas estão destruídas. Tem uma pequena fogueira em um canto e tudo fede a fumaça e vinho. Eu poderia falar que o cheiro vem do rei, mas isso seria muito deselegante.
Cardan não está sozinho. Em um sofá próximo está o Ruivo barulhento e mais dois feéricos que nunca vi - nunca fui de prestar atenção nas pessoas em minha volta. -, uma garota e um garoto. Os dois tem características peculiares. A garota tem orelha peludas, semelhantes a de uma coruja; o garoto tem chifres de carneiro.
Todos estão bêbados e loucos - Eu pergunto se é novidade, e vocês dizem "não"! Novidade? Não!-. Além de bêbados, então quase nus. Que safadeza!
Tem criados no corredor, sem sabe se devem arrumar a incrível bagunça que Cardan e seus amiguinhos causaram. Até os guardas parecem intimidados. Eles estão parados com um nível de vergonha estampada no rosto

- Card...- Jude para de falar o que dizer ao perceber o erro que iria cometer. Ela faz um referência.- Sua Majestade infernal.

Ele se vira para Jude, e por um momento, parece olha através da mesma, como se não soubesse quem era Jude. Sua boca está lambuzada de dourado e as pupilas estão dilatadas como a cocaína faz com um mortal. Ele faz uma cara de desprezo - Como sempre.-.

- Você.

- Sim - Diz Jude.- Eu.

Ele faz um sinal com um odre.

- Tome algumas coisa.

Olho para Fantasma e ele me olha. Sinto que estou preste a cair na risada, e me rosto não esconde isso. Estou vermelha de tanto forçar a risada para dentro de minha garganta. Fantasma sorri vendo minha expressão e dá de ombros.

- Não tenho cabeça para bebida, meu senhor - Diz Jude, com sinceridade.

- Não sou seu rei? - Ele pergunta, desafiando Jude a contrariá-lo. Jude pega o odre e finge beber um longo gole da bebida.

Cardan não se engana, mas não insiste.

- Todas as pessoas podem nos deixar. - Jude indica os feéricos no sofá.- Vocês. Fora. Agora.

Os feéricos peculiares olham para Cardan com um olhar de súplica. O rei ignora a existência deles.
Aponto com a cabeça para a porta do quarto, e até que enfim, eles se soltam e vão embora - Graças a Deus.-.
O ruivo demora mais para se levantar, mas quando se levanta, passa por Jude dando um sorriso feio para ela. Que garoto estranho!
Fantasma balança a cabeça para Jude. Ele está achando muro graça, como eu. Eles está vestido com o uniforme da guarda do Palácio, então, para os outros do lado de fora dos aposentos do rei, ele é apenas um soldado da guarda pessoal de Cardan.

- Vou cuidar para que todo mundo fique onde deve estar - Diz Fantasma, saindo pela porta e dando o que parecem ser indebs para os outros cavaleiros. Metido.

- E então? - Diz Jude, olhando para o local.

Olho para Cardan com o olhar mais depravado possível.

- Que aventura, em? - Pergunto ironicamente.

Cardan dá de ombros e se senta no sofá, que antes estava ocupado pelos feéricos estranhos e nojentos.

- Tive mais convidados - Diz ele. - Foram embora.

- Nem imagino o porquê - Responde Jude com a voz seca. Penso se devo perguntar se ela quer um pouco de água.

- Eles me contaram uma história - Continua Cardan.- Quer ouvir? Era uma vez uma garota humana que foi roubada por feérico, e, por causa disso, ela jurou destruí-los.

Faço uma careta ao ouvir a fala de Cardan, que considero ser uma indireta para sua senescala humana.

- Uau. Isso é mesmo testemunho do rei péssimo que você é, se acredita que seu reinado é capaz de destruir o Reino das Fadas. - Diz Jude.

Minha Careta aumenta ao perceber que essa conversa pode se tornar um baita de uma discussão. Que babado!
Fantasma volta do corredor e empurra a porta contra a moldura, fechando-a tanto quanto possível.
Jude se vira para Cardan.

- Não foi por causa dessa historinha que fui chamada. O que houve? - Questiona Jude.

- Isto - Cardan aponta para sua cama, que tinha madeira lascada, e nela, havia duas flechas pretas.

- Está bravo por que não tem mais cama para dormir? - Pálpito.

- Ou você está com raiva por um dos seus convidados ter disparado na sua cama? - Jude também palpita.

Cardan ri.

- Não estavam mirando na cama. - Ele abre a camisa, e assim, vejo um arranhão em carne viva na lateral de seu corpo.

Alguém atirou em Cardan.

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