{JUDE DUARTE}
Eu prometi me tornar pior do que meus rivais. Dois assassinatos executados numa única noite marcam um trajeto do qual eu deveria me orgulhar. Madoc não poderia estar mais errado a meu respeito.
- A maioria dos filhos dos nobre não tem paciência - Diz Fantasma. - E não está acostumada a sujar as mãos.
Delyon se mantém quieta ao resto da conversa.
Não sei o que dizer, a maldição de Valerian está fresca na minha mente. Talvez algo tenha se quebrado dentro de mim ao presenciar meus pais serem assassinados. Talvez minha vida ferrada tenha me transformado numa pessoa capaz de ferrar as coisas. Mas parte de mim se pergunta se fui criada por Madoc para fazer parte daquele tamo da família responsável pelo derramamento de sangue. Eu sou assim por causa do que ele fez com meus pais ou porque ele foi meu pai?
Que suas mãos estejam sempre sujas de sangue.
Fantasma estica a mão para segurar meu pulso, e antes que eu possa me desvencilhar, ele aponta para as meias-luas descoradas na base de minhas unhas.- Falando em mãos, dá para ver pelos seus dedos o que você anda fazendo. A matiz azul. Também sinto o cheiro no seu suor. Você anda se envenenando.
Delyon pega minhas mãos e olha as unhas.
- Você é maluca? - Ela fala soltando me soltando calmamente.
Eu desvio o olhar dela, não querendo responder.
- Por que? - O que mais gosto em Fantasma é que ele nunca faz as perguntas preparando o terreno para um sermão. Ele só parece curioso.
Não sei bem como explicar.
- Ser mortal significa ter que me esforçar mais.
Fantasma avalia minha expressão.
- Venderam mesmo uma monte de mentiras para você.
Levanto minha sombrancelha.
- Vários mortais são melhores que Feéricos. - Delyon completa a frase de Fantasma, novamente.
- Por que você acha que nós costumamos sequestra-los? - Pergunta Fantasma.
Demoro um tempo para perceber que eles estavam falando sério.
- Então eu poderia ser...?- Não consigo terminar a frase.
Fantasma ri.
- Melhor do que eu? Não força a barra.
- Esse papel já é meu. - Delyon fala e me lança uma piscadela.
Fantasma a encara sério novamente, e Delyon o olha de cima a baixo com uma careta engraçada.
- Não era isso que ia dizer. - Protesto, mas Fantasma apenas sorri. Eu olho para baixo. O corpo ainda está lá em. Alguns cavaleiros se reuniram em volta. Assim que removerem o corpo, iremos embora. - Eu só preciso conseguir derrotar meus inimigos. Só isso.
Fantasma parece surpreso.
- Isso aí - Delyon fala. - Mulheres Guerreiras.
- Então você tem muitos inimigos? - Fantasma pergunta. Tenho certeza de que ele me imagina entra os filhos dos nobres, com as mãos macias e saias de veludo. Ele pensa em pequenas crueldades, delitos leves, humilhações menores.
- Não muitos - Respondo, pensando no olhar indolente que Cardan lançou para mim sob a luz das fichar no labirinto.- Mas são de qualidade.
Quando os cavaleiros finalmente removem o corpo e ninguém está nos procurando mais, Fantasma me guia pelas raízes de novo. Delyon continuava a me ajudar no equilíbrio. Seguimos pelos corredores até conseguirmos chegar perto o bastante da bolsa do mensageiro para roubas os papéis ali dentro. Mas, de perto, percebo uma coisa que faz gelar meu sangue. O mensageiro estava disfarçado. A criatura é mulher, e embora a causa seja falsa, o nariz comprido de pastinaca é real. Ele é uma das espiãs de Madoc.
Fantasma enfia o bilhete
O bilhete no casaco e só desenrola quando estamos no bosque, apenas o luar como iluminação. Mas quando ele lê, sua expressão fica pétrea. Ele está segurando o papel com tanta força que está enrugando entre seus dedos.
Delyon, confusa, se aproxima de Fantasma, e lê o bilhete. Diferente de Fantasma, a expressão da mesma se torna desesperada.- O que diz? - quero saber.
Ele vira o papel para mim. Tem cinco palavras da rabiscadas: MATE O PORTADOR DESTA MENSAGEM.
- O quer dizer? - Pergunto, enjoada.
Fantasma balança a cabeça.
- Quer dizer que Balekin armou para a gente. Venha. Temos que ir.
Ele me puxa junto de Delyon pelas sombras, e juntos nos afastamos. Não conto para nenhum dos dois que achava que ela trabalhava para Madoc. Em vez disso, simplesmente tento entender tudo sozinha. Mas tenho poucas peças do quebra-cabeça.
{DEMETRYS DELYON}
Mais tarde depois da tal missão que deu totalmente errado, volto para casa e durmo. Normal para minha rotina.
Acordo com uma movimentação animada na Fortaleza. Com a menor vontade do mundo, eu me levanto e vou para a sala da casa.
Minha mãe estava em pé em frente de dois vestidos pomposos e bonitos. Um era preto indo para o marrom. Ele tinha duas fendas no quadril que se abriam até embaixo, também tinha um decote que mostra até a alma. As alças eram finas. O outro tinha um tom alaranjado com mangas bufantes de cetim. A saia era longa atrás e curta na frente.- Olha o que chegou, Demetrys. - Minha mãe fala sorrindo.
- De quem são esses vestidos? - Pergunto coçando a cabeça.
- Nossos. - Ela responde sorrindo.
Me lembro na hora. O Baile de Coração de Príncipe Dain. Me esqueci totalmente. Está perto.
- Caramba, Mãe. Vai usar esse decote? - Pergunto passando o braço pelo grande buraco do vestido.
- Você que vai. Este é o seu vestido. - Olho para ela surpresa.
Pedi um vestido simples. Com cor neutra e bolsos a mais. Porém, não imagina que meu vestido teria tantos buracos assim!
- A gente vai para um baile ou para um bordel? - Ele me dá um tapa fraco.
- Menina, mais respeito!
Rio.
- Mas por que tão aberto? - Questiono. - Faltou tecido?
- Ficou lindo! - Ela diz.
Suspiro e concordo com a cabeça.
- Tá bom. É lindo, mas muito aberto.
Ela sorri.
- Então vai usar?
- Vou. Mas espero que tenha bastante enchimento. - Falo e saio de forma dramática.
Antes de sair da sala, pego o vestido no colo. Vou direto para meu quarto e coloco o vestido no pequeno armário que tem no cômodo. Junto dele, coloco uma máscara. Por mas que sou uma princesa, continuo sendo uma espiã, preciso me manter no trabalho, mesmo utilizando um vestido que mostra até seus pecados.
{•••}
Mais Tarde, estou sendo produzida por um monte de servos. Um passa um pouco pó amarronzado em minhas pálpebras. Eu poderia chamar esse pó de maquiagem. O outro arruma o meu cabelo em um pequeno coque baixo.
Quando estou pronta, coloco minha adaga em um dos bolsos do vestido.
Saio do quarto e vou em direção ao quarto de minha mãe.
Dádiva a aqueles que a recuperam.
Sem cartas dessa vez. Se minha mãe realmente está do lado de Balekin, ela está fazendo esse papel do jeito mais incrível possível. Está sendo discreta e oculta.
Volto a andar pelo corredor e paro ao ver meus pais conversando juntos.
Minha mãe para de conversar ao me ver. Ela sorri com um tom orgulhoso. Meu pai se vira e também sorri.- Está linda, Demetrys - Meu pai fala.
Sorrio, tímida.
- Eu sei - Brinco.
- A carruagem está pronta, Vamos? - Minha mãe fala e olha para meu pai.
- Vamos. Claro - Meu pai concorda e sai da fortaleza junto de Mamãe.
Suspiro.
É a hora.
Está chegando a hora.{•••}
1193 Palavras
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𝐀 𝐑𝐀𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐃𝐎𝐒 𝐕𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒 - 𝐅𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬𝐦𝐚ᴼ ᴾᴼᵛᴼ ᴰᴼ ᴬᴿ
Fanfic• No reino das fadas não há Palitinhos de Peixe, TV, e, talvez, nem amor verdadeiro. 🥇1° lugar em "#principecruel" em 28/11/2023 🥈2° lugar em "#rainhadonada" em 24/09/2023 🥈2° lugar em "#povodoar" em 24/01/2024 🥉3° lugar em "#povodoar" em 23/09...