𝐈𝐈

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{DEMETRYS DELYON}

- Na próxima vez que um contato desses acontecer - Diz Jude. - venha diretamente a mim. E se você ouvir qualquer outra coisa que possa me interessar, venha me contar.

- Não foi isso que combinamos - Protesta Vulciber.

- Verdade - Responde Jude. - Vamos deixar que você vá embora hoje. Mas posso recompensá-lo melhor do que um príncipe assassino que não tem e nunca vai ter o favor do Grande Rei. Há posições melhores do que guarda da Torre do Esquecimento que podem ser suas. Há ouro. Há todas as recompensas que Balekin pode prometer, mas tem poucas chances de dar.

Ele olha para Jude, avaliando se iria ser possível se tornar aliado de quem o evenenou.

- Você é capaz de mentir - Ele diz. Reviro os olhos.

- Eu garanto as recompensas. - Diz Barata.

Concordo com a cabeça.

- Eu também Garanto. - Falo.

Barata corta as amarras que prendiam Vulciber na cadeira.

- Me prometa um posto de trabalho que não seja na Torre - Vulciber esfregas os próprios pulsos.- e obedecerei como se você fosse o próprio Grande Rei.

Olho para Bomba e ela olha para mim. Nós duas começamos a rir. Bomba olha para Jude e pisca para ela.
Vulciber troca promessas conosco e é levando a caminho fora vendado.
Me sento ao lado de Jude. Fantasma se aproxima e também se senta ao lado de Jude.

- Vamos lutar - Propõe ele pegando um pedaço de maçã do prato de Jude. - Queimar um pouco dessa raiva fervente.

Observo tudo com os olhos meio semicerrados.
Jude solta uma risadinha.

- Não seja debochado. Não é fácil manter a temperatura tão consistente. - Diz Jude.

- Nem tão alta - Retruca Fantasma. Ele observa Jude atentamente antes de desviar seus olhos para mim.

Desvio rapidamente o olhar para a parede em minha frente.
Bocejo de um jeito fraco por conta do sono que estou sentindo.
Eles saem do esconderijo para a tal luta que estão planejando.

- Você não sabe disfarçar, certo? - Bomba se senta ao meu lado.

- Como assim? - Pergunta me ajeitando na cadeira.

- O Ciúme de Fantasma - Ela responde. - Vocês se afastaram. Nem conversam mais.

Era verdade, eu e Fantasma não conversamos mais, ele não invade meu quarto e nem me chama para treinar Jude de vez em quando. Eu e Fantasma nos tornamos distantes, o motivo, eu não sei, e não quero saber. Chega de pensar nele.

- Não é Ciúmes - Retruco.

- Tá bom. - Ela responde. - Vou fingir que acredito em suas palavras, e você finge que nunca vestiu o Grande Rei de Minnie Mouse.

A alguns meses atrás - no mínimo quatro. -, mostrei a Bomba algumas imagens da ratazana. Ela achou estranha e feia, confesso que também achei quando vi pela primeira vez.

- Eu ganhei um desafio! - Retruco. - Eu poderia fazer o que eu quisesse com ele!

- Mas o vestiu de Rato. - Ela retruca também.

Desisto de argumentar e deslizo pela madeira da cadeira em que eu estou sentada.

{•••}

{JUDE DUARTE}

Estou lutando com Fantasma.
Nós trocamos golpes, para a frente e para trás, avançando e recuando.

- Você sente falta do mundo mortal? - Pergunta Fantasma. Fico aliviada de descobrir que sua respiração não está saindo com tanta facilidade.

- Não. Eu mal fiquei lá.

Ele ataca de novo, a espada um peixe prateado cortando o mar da noite.
Observe a lâmina, não o soldado, disse Madoc muitas vezes. O aço não engana.
Nossas armas se chocan repetidamente enquanto andamos em círculo, um de frente para o outro.

- Você deve se lembrar de alguma coisa.

Pensa no nome da minha mãe se surrando pelas grades na Torre.
Ele finta para um lado, e distraída ,percebo tarde demais o que está fazendo. A parte achatada disse espada acerta meu ombro. Ele poderia ter cortado a minha pele se não tivesse virado golpe no último momento, mas ainda vai deixar um hematoma.

- Nada importante - Digo, tentando ignorar a dor. Nada me impede de fazer o mesmo jogo de distrair. - Talvez suas lembranças sejam melhores do que as minhas. De que você se lembra?

Ele dá de ombros.

- Como você, nasci lá - Ele golpeia e eu bloqueio a espada.- Mas as coisas eram diferentes cem anos atrás, acho.

Levanto a sobrancelhas e dou outro golpe, dançando para fora do alcance dele.

- Você foi uma criança feliz?

- Eu era Mágico. Como poderia não ser feliz?

- Mágico - Digo, e com uma virada da lâmina, um golpe de Madoc, faço a espada voar da Mãos de Fantasma.

Ele pisca pata mim. Olhos cor de mel. Boca torta se abrindo em surpresa.

- Você...

- Melhorei? - Digo, satisfeita o suficiente para não me importar com o ombro dolorido.

Parece uma vitória, mas, se estivéssemos de verdade, o ferimento no ombro provavelmente teria tornado meu golpe final impossível. Ainda assim, a surpresa dele me anima quase tanto quanto a minha vitória.

- É bom que Oak vá ter uma infância diferente da nossa - Digo depois de um momento.- Longe da Corte. Longe de tudo isso.

Na última vez que vi meu irmãozinho, ele estava sentado à mesa do apartamento de Vivi,, aprendendo multiplicação como se fosse uma brincadeira de charadas. Estava comendo queijo trançado. Rindo.

- Quando o rei retornar - Diz Fantasma, votando uma balada -, pétalas de rosas serão espalhadas no caminho dele e seus passo porão fim à ira. Mas como seu Oak vai gorvwnar se ele tiver tão poucas lembranças do Reino das Fadas quando temos do mundo mortal.

Euforia da Vitória passa. Fantasma me dá um sorrisinho, como se para acabar com a dor provocada pelas palavras.
Vou até o riacho próximo e enfio as mãos na água apreciando a corrente fria. Levo-as aos lábios e bebo com gratidão, sentindo um gosto de agulha de Pinheiro e silte.
Ao beber, paro para pensar em algo para perguntar. Faz semanas que não o vejo com Demetrys. Ela parece incomodada com a distância que está entre eles.

- Você e Delyon se conhecem a muito tempo? - Pergunto.

Seu sorrisinho se desfaz ao ouvir a pergunta.

- Nos conhecemos um pouco antes de você entrar para a Corte das Sombras - Ele responde. - Não nos dávamos bem.

Eu sabia. Mas penso aqui, eles pareciam estar unidos antes de colocarmos o plano de roubar a coroa e coroar Cardan em ação. Fantasma foi a primeira pessoa a se voluntariar para levar Demetrys para a casa dela. Aconteceu algo. Mas oq eu aconteceu?

- Vocês brigaram? - Pergunto.

- Não brigamos.

Ele não parece a vontade para falar sobre isso, o que é estranho. Desde que conheci Fantasma ele adorava falar sobre Demetrys, mas falava apenas quando eu perguntava.
Acho melhor mudar o rumo da conversa antes de eu ser incoveniente.
Começamos a voltar, caminhando conforme o amanhecer vai deixando o céu dourado. Ao longe, ouço o grito de um cervo e o que parece um tambor.
Na metade do vinho, Fantasma inclina a cabeça em uma reverência parcial.

- Você me venceu hoje. Não vou deixar que aconteça novamente.

- Se você diz - Respondo com um sorriso.

Quando retorna ao palácio o sol está alto e só quer dormir. Mas, quando chego aos meus aposentos, encontro uma pessoa parada na porta.
Minha irmã gêmea, Taryn.

- Tem um hematoma surgindo na sua bochecha - avisa ela, primeiras palavras que me diz em cinco meses.

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𝐀 𝐑𝐀𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐃𝐎𝐒 𝐕𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒 - 𝐅𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬𝐦𝐚ᴼ ᴾᴼᵛᴼ ᴰᴼ ᴬᴿOnde histórias criam vida. Descubra agora