𝐗𝐈

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{DEMETRYS DELYON}

A guarda pessoal do Grande Rei nos segue de longe.
A ideia e a certeza de ter sido Balekin, o porco-espinho da linhagem Greenbriar, quem envenenou Cardan passa pela minha cabeça.
É tão óbvio os sinais que o idiota dá, penso.
Ele queria e ainda quer ficar a sós com Cardan, para que? Para o matar!
Balekin já o traiu uma vez, por que não o trairia de novo? Um traidor é sempre um traidor.
Jude para de andar no corredor, também parando uma criado. Ela manda mensageiros procurarem Bomba ou algum Alquimista.
Voltamos a andar.

- Você vai ficar bem - Diz Jude para Cardan.

- Sabe - Diz o Rei de agarrando em Jude. -, isso deveria me tranquiliza. Mas quando uma mortal fala, não significa a mesma coisa de quando um Feérico fala, não é? Para você, é um apelo. Uma espécie de magia esperançosa. Você disse que vou ficar bem porque tem medo de eu não ficar.

Jude não fala nada, apenas olha para mim. Dou de ombros sem entender o recado. Mas abro a boca quando percebo que a ela quer que eu diga que Cardan vai ficar bem. Dou de ombro sem saber como falar. Jude nega com a cabeça.
Não sou uma pessoa de fazer os outros terem esperanças. Quanto mais otimistas ficarem, mais a verocidade vem a tona. E quando algo de ruim acontece, a esperança foi apenas uma mentira que contaram para você tentar ficar plácido enquanto alguém morre ou te machuca, ou até mesmo, enquanto você morre. Ter esperança só te faz se machucar mais ainda. Ter esperança é como morrer.
Eu aprendi isso quando tive esperança de que meu pai e minha mãe pudessem acabar com o aquele roubo da coroa. Que eles lembrassem que tem uma filha e que se continuassem fazendo aquele desastre, tudo iria desmoronar. E olha só, desmoronou. Tudo foi por água a baixo.

- Você foi envenenado - Diz Jude. - Você sabe disso, não sabe?

Ele não se sobressalta.

- Ah. Balekin.

Eu sabia. Eu falei que era obvio.

- Mas que surpresa - Deixo escapar.

Jude não diz nada, apenas coloca Cardan em frente ao fogo quando chegamos nos aposentos da mesma. Ele fica parado que nem um mendigo antes de pagar na mão de Jude a colocar na própria bochecha.
Deixo escapar um sorriso antes de me encostar na parede.

- É engraçado, não é, como eu debochei de você pela sua mortalidade e é certo que você vai viver mais que eu. - Diz o idiota do Rei.

- Você não vai morrer - Insiste Jude.

- Ah, quantas vezes desejei que você não pudesse mentir? Nunca mais do que agora.

Ele pende para um lado quando Jude pega um fãs jarras de água e enche três copos. Ela leva um deles à boca.
Pego um e também bebo.

- Cardan? Beba o máximo que conseguir.

Ele não responde, com a expressão de estar prestes a adormecer.

- Ah, não! - Dou um tapa fraco na bochecha do mesmo com a intenção de o acordar.

- Não. - Jude também bate, mas diferente de mim, com força. Percebo sua preocupação e o quanto se importa com Cardan. - Você tem que ficar acordado.

Cardan finalmente abre os olhos. A voz de bêbado.

- Vou dormir só um pouquinho.

- A não ser que queira acabar como Severin de Fairfold, envolto em vidro por séculos enquanto mortais fazem fila para tirar fotos com seu corpo, você vai ficar acordado.

- Você quer virar modelo de humanos? - Debocho.

O rei se mexe e fica mais ereto.

- Tudo bem. Conversem comigo.

- Eu vi sua mãe hoje. Toda arrumada. A última vez que a tinha visto foi na Torre do Esquecimento.

Me lembro de Lady Asha na festa vestida com cores semelhantes a marrom e laranja, como folhas num ontono.

- E você está se perguntando se a esqueci? - Pergunta Cardan com o tom de idiota, como sempre.

- Fico feliz que esteja disposto a debochar.

- Se está debochando significa que já está bem. Nossa missão acabou, Jude - Brinco de forma em que não pareço um candelabro perto do "casal".

- Espero que meu deboche seja a última coisa que morra em mim. Mas me conte sobre minha mãe.

Jude parece pensar em algo antes de falar.

- Na primeira vez que a vi, eu não sabia quem era. Ela queria me dar informações em troca de sua liberdade. E estava com medo de você.

- Que bom.

Jude levanta as sombrancelhas.

- Então como ela foi parar na sua corte?

- Acho que ainda tenho um pouco de carinho por ela - Ele admite. Sorrio ao pensar em como Cardan seria se tivesse uma família que realmente o merecesse. Cardan pode ser Cruel e Perverso, mas nada vem sem motivo. Ele sofreu, e não mereceu isso. Ele merecia uma família que realmente se importasse com ele. Todos mereciam.

Jude enche os copos com rapidez a cada brecha que encontrava.

- Tem tantas perguntas que eu gostaria de fazer para minha mãe - Admite Jude.

- O que você perguntaria? - Cardan fala com dificuldade. As palavras saem arrastadas.

- Por que ela se casou com Madoc. - Responde Jude, apontando para o copo. Cardan bebe. - Se ela o amava e por que o deixou e se foi feliz no mundo Humano. Se ela realmente matou uma pessoas e escondeu o corpo nossa restos queimados da fortaleza original de Madoc.

Eu e Cardan trocamos olhares assustados.

- Caramba. - É tudo o que consigo falar antes de beber a água.

- Eu sempre me esqueço dessa parte da história - Diz Cardan.

Jude suspira.

- Vocês tem perguntas para os seu pais?

Respiro fundo antes de falar.

- Eu tenho uma imensa vontade de manda-lo ir queimar no inferno, mas olha só, ele já está lá - Sorrio confiante.

Jude me olha com um olhar estranho enquanto Cardan bebê a água com uma careta.
Jude se vira para Cardan sem nenhuma resposta para me dar. Acho que ninguém tem respostas para o que eu acabei de falar. Jude espera a resposta de Cardan.

- Por que eu sou como sou? - Ele propõe uma pergunta. Não questiona de verdade. - Não há respostas reais, Jude. Por que eu era cruel com os feéricos? Por que fui tão horrível com você? Por que eu abandonei nossa amizade, Demetrys? Porque eu podia fazer isso. Porque eu gostava. Porque, por um momento, quando agia na minha pior forma, eu me sentia poderoso, e na maior parte do tempo eu me sentia impotente, apesar de ser príncipe e filho do Grande Rei do Reino das Fadas.

Nesse momento, eu, Demetrys, estou de olhos arregalados com a enorme resposta que Cardan
Rabudo acabou de dar.

- Isso é uma resposta. - Diz Jude.

- Com certeza é. - Completo.

- É? - Ele faz uma pausa. - Vocês deviam sair.

- Por quê? - Jude e eu perguntamos em uníssono. Jude parece indignada.

Cardan nos olha solenemente.

- Porque eu vou vomitar.

- Misericórdia! - Deixo escapar de novo.

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𝐀 𝐑𝐀𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐃𝐎𝐒 𝐕𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒 - 𝐅𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬𝐦𝐚ᴼ ᴾᴼᵛᴼ ᴰᴼ ᴬᴿOnde histórias criam vida. Descubra agora