17 - Cortejo

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Tudo isso estava se complicando demais... era por isso que eu não queria aceitar sair com ele. Não queria dar esperanças ao bichinho, e depois sumir fazendo-o sofrer...

— E-entendo, milorde. – falei nervosa.

— A senhorita é diferente de todos as damas que eu já conheci, o seu comportamento, seu linguajar, sua sinceridade...

— E por que isso não o assustou e o fez sair correndo? – perguntei.

— Por que eu gostei!

Ah, gostou...

— Não me leve a mal, a senhorita é direta e eu também sou.

— Eu adoro homens diretos! Agora continue contando sua história. O senhor tem família?

— Não.

Juro que me surpreendi com o NÃO dele.

— Não? – perguntei curiosa.

— Meus pais morreram, senhorita, sou sozinho no mundo e não tenho irmãos.

— Eu... eu sinto muito mesmo, milorde. Mas então por que o senhor ainda não se casou? Creio que participa das temporadas aqui em Londres, não é?

— Eu não me casei ainda porque tenho medo.

— Medo de casamento? Mas por quê?

— Porque o meu pai não foi lá um exemplo para mim, nem de pai e muito menos de marido. Meu pai quando se casou não estava apaixonado pela minha mãe, mas ela estava por ele.

— Mas isso não é normal entre a aristocracia? Casamentos por conveniência? Sem amor?
– perguntei, já sabia de tudo isso lendo livros.

— Sim, é normal. Inclusive o dos meus pais foi por conveniência, ele já não era tão jovem quando se casou com minha mãe. Tinham 25 anos de diferença. Meu pai permanecia aqui em Londres enquanto minha mãe morava em outra propriedade, eles se encontravam esporadicamente até ela engravidar. Depois que engravidou, ele só voltou para o parto, soube que era um menino e retornou para Londres.

— Caramba! E sua mãe? Gostava dele?

— Minha mãe queria que ele se apaixonasse por ela, mesmo sendo por conveniência, ela adorava o meu pai. Eles já se conheciam, meu pai era amigo da família dela, e ela sempre foi encantada por ele. Minha mãe fez tudo que pôde para tentar salvar o casamento, até engravidou outra vez para isso, mas acabou perdendo o bebê. E não resolveu. Vivíamos nós dois em Kent enquanto meu pai morava aqui em Londres. Em toda a minha vida eu só o vi umas 15 vezes. Eu acompanhei de perto o sofrimento da minha mãe, ela o amava, amava um canalha que não merecia o amor dela. Ela faleceu há dois anos, e o meu pai, faleceu há cinco anos.

— Então o senhor tem medo de se casar e ser igual ao seu pai?

Ele balançou a cabeça em afirmação...

— Nunca, milorde. Você nunca será igual ao seu pai.
O erro das outras pessoas também nos serve de exemplo, sabia? Serve para que a gente olhe e não queira repetir o erro delas.

— É esse o meu medo de casar por obrigação, sem amor. Ele se casou pelo herdeiro. Então eu prometi para mim mesmo, diante do sofrimento da minha mãe que eu nunca me casaria sem amar a minha esposa.

— Mas tem um porém, o senhor não é igual ao seu pai, mesmo que não amasse sua futura esposa, o senhor nunca a faria sofrer. Nunca cometeria os erros que seu pai cometeu, ainda assim você iria respeitá-la, cuidar dela, e amar os seus filhos, mesmo que não tenha tido um bom exemplo de pai, você, seria um ótimo pai.

No passado com os Bridgertons - livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora