No passado com os Bridgertons - livro 1

33 - De outro século

O conde não recebeu sua resposta de imediato, pelo contrário, fiquei uns segundos tossindo por causa da torrada seca que ficou na garganta.

— Pera aí, só um minutinho. – virei de costas para ele e continuei tossindo.

— Aceita um copo d'água, Anne? - Fran me perguntou.

— Ou quer um tapa nas costas?

— Obrigada pela gentileza, Hya. Mas eu prefiro o copo d'água.

— Na verdade, só tem suco.

— Eu aceito mesmo assim, Fran. Obrigada!

Peguei o copo de suco da mão da Francesca e bebi tudo em um gole só. Me recompondo e voltando a encarar o conde, eu disse...

— Quê?

O pobrezinho estava até agora ajoelhado.

— Aceitaria se casar comigo?

— Levanta daí! – o segurei pelo dois braços o puxando para que ficasse de pé. — Milorde, obrigada pelo seu pedido de casamento, mas minha resposta infelizmente é não.

— Senhorita Annelise, dizendo não a um pedido de casamento, que escândalo! – Colin disse debochando de mim.

— Agora eu sei como é ter muitos irmãos... É você não ter privacidade nenhuma. – falei para ninguém em especial. — Bom, se me dão licença, eu vou precisar rapidinho sair e conversar com o conde, a sós!

Encarei o rosto de frustração de todos, me deu vontade de rir. Mas logo me retirei, entrando na biblioteca com o Henry. Seria agora, eu contaria toda a verdade para ele.

— Não aceitará se casar comigo?

— Não!

— Por que não? Pensei que gostasse de mim. E... e os nossos beijos, você sempre retribui com tanto fervor e...

— Eu sei, Henry, eu sei. Mas isso não significa que eu possa me casar com você. E nós já conversamos sobre isso muitas e muitas vezes.

— Você já está comprometida com outra pessoa? Já entregou seu coração a alguém?

— Eu não sei nem por onde começar. – falei bufando frustrada.

— Comece me explicando tudo, só assim eu poderei entender.

E foi isso que eu fiz, tentei explicar da maneira mais clara possível, de onde eu vinha, e quem eu era.

— Eu me chamo Annelise de Souza Bernardi...
– comecei.

— Bem, eu não sabia do Souza mais eu sei que seu nome é esse.

— Deixa eu continuar, só assim entenderá meus motivos... – continuei. — Eu tenho 25 anos, e nasci em 16 de outubro de 1997.

Ele abriu a boca para dizer alguma coisa mas logo se calou, ele parecia confuso, sua cara dizia tudo. Depois de um tempo ele disse...

— 1997? Mas... mas estamos em 1815?! Pelas minhas contas faltam mais de 100 anos para chegarmos neste ano.

— E isso não te diz alguma coisa?

Ainda confuso, parou para pensar. Mas não conseguia dizer nada.  Então decidi falar logo de uma vez.

— Não posso me casar com você, porque eu não sou desse século, Henry. Eu sou do século 21, de 2022 exatamente.

Ele estava tão absorto que ainda não conseguia dizer absolutamente nada.

— Não vai falar nada? Henry, eu sou do futuro. Vim parar aqui de forma misteriosa. Um dia eu dormi na minha casa, na minha cama em 2022 e quando abri os olhos estava aqui, nesse século, nesse ano. Algo me trouxe para cá.