3 - Casa dos Bridgertons

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— Não! Não, não, não, isso só pode ser uma brincadeira de muito mal gosto.

Ainda não acreditava no que estava acontecendo, saí correndo do meio daquelas pessoas que eu achava estranhas, percebendo que eu era a estranha no meio delas.

Voltei para onde nunca deveria ter saído, o cantinho escondido que estava antes, ainda tentando raciocinar o que estava acontecendo...

— Como isso é possível? Eu estava no Brasil, dormindo na minha bela caminha após o meu aniversário. Como eu vim parar na Inglaterra? Ainda por cima em 1814? Eu estou louca! Sim, enlouqueci, se alguém me encontrar falando essas coisas vão me mandar pro manicômio. Existe manicômio em... em que século estou mesmo? – parei para pensar um pouco. Que sensação horrível ficar a mercê das coisas que você não faz ideia de como funcionam.
— Século 19? Sim, século 19! Mas como eu vim parar no...

Parei um minuto pra pensar, se eu recebi o folheto da Lady Whistledown quer dizer que estou dentro do livro dos Bridgerton?

— Ha Ha ha ha! – comecei a rir literalmente de nervoso. — Acabei de ficar ainda mais louca, só posso estar.

Querendo acordar desse pesadelo, comecei a me beliscar, cada vez mais forte até que gritei.

— É! Parece que não é mesmo um sonho. E agora? O que vou fazer? Apesar de ler livros de época e amar os Bridgerton eu não faço a mínima ideia de como me portar... e se eu for presa? Ou pior... me mandarem pra forca ou... – dei um leve gritinho de pavor abafando-o com minhas mãos. — ...pra Austrália! Apesar que a forca seria pior. Eu quero ir embora daqui! – falei desesperada sentindo um bolo na garganta que me sufocava, tentava pensar no que fazer mas nada vinha a minha mente. Eu só queria voltar pra casa.

Pensava também na minha família e como eles estariam desesperados me vendo desaparecida.

Estava num país desconhecido, com pessoas esquisitas e de gostos e costumes peculiares bem diferentes do meu, com dois séculos de diferença, longe de casa, da minha família... e o pior, nem sei como tinha vindo parar aqui.

Sentei escostada na parede no mesmo canto que estava antes, não consegui controlar as lágrimas, e chorei. Acho que as pessoas tinham tanto receio de se aproximar de mim, da pessoa com trajes e gestos estranhos que ninguém se atreveu a perguntar como eu estava.

Então percebi que ficar chorando para sempre não iria me levar de volta para casa. Eu precisava fazer alguma coisa.

Por isso tomei uma decisão... precisava me abrigar em algum lugar até resolver essa situação. Como não tenho um tostão, tinha que ficar na casa de alguém. Nem que eu tivesse que implorar que me recebessem.

— Agora assim, se eu estou mesmo nos livros dos Bridgertons ou seja lá o que for. Eles existem, não é? Eles são reais? Não! Não são. Já estou ficando louca.
Mas assim, não custa nada arriscar, não é?
– conversei comigo mesma. — Bem, se estou no mundo dos Bridgertons eu tenho duas opções... bater na porta deles ou... da família Featherington.
Ai não! – logo eu mesma me interrompi.
— Lá tem a Portia. E a primeira coisa que ela faria era me entregar. Tenho certeza disso, conheço aquela mulher...

Ao me ouvir falando isso, dei risada, parecia até que eu era íntima de todos. Mas após ler todos os livros e assistir a série, sinto que sou. Então após pensar um pouco e decidi sem nenhuma dúvida, iria bater na porta da casa dos Bridgertons e que Deus me ajudasse, eles me recebessem.

Levantei de onde estava sentada e comecei a caminhar pelas espreitas. Querendo que o mínimo de pessoas me vissem. Acho que eu era tão exótica que ninguém se atreveu a falar nada comigo. Melhor!

— Mas pera aí, onde fica a casa deles? E se eu estou em outubro de 1814, em que parte do livro eu estou? Aff, não lembro. – parei um pouco batendo na cabeça, como se isso me fizesse lembrar. — Lembrei!

Não é que os tabefes deu certo? Mas se eu não estivesse louca, ficaria.

— Bom, se não me engano a Daphne e o Duque se casaram um ano antes, né? Acho que sim.
Então provavelmente foi esse ano que Anthony e Kate se casaram... sim, acho que sim.

Falei com tanta certeza para não dizer o contrário. É que eu só estava com medo, medo de tudo isso não ser verdade, já me conformei que realmente estou na Inglaterra mas e se os Bridgertons não estivessem aqui como eu esperava? Iria ficar na rua até descobrir como voltar?

—  Não sei nem onde fica a casa, santo Deus, estou perdida. – mas continuei a caminhar, caminhei e caminhei. Tentando lembrar alguma coisa da série da Netflix, mas logo percebi que a série é uma coisa e os livros são outra. Não é a mesma coisa.

Mas aí depois de uma longa caminhada, observei de longe duas casas  e uma pessoa que eu poderia jurar que era a Portia saiu de uma das casas... então me lembrei que a casa dos Bridgertons ficava em frente a casa dos Featherington.

— Aha! Achei você. Só espero que a Violet esteja ainda morando aí, ela se mudou, não é? Depois que Anthony casou?  – eu amava falar sozinha mas não no meio da rua. — Com quem estou falando? Foco, Annelise.

Então parti para frente da casa deles, subi uma escadinha que me surpreendi por ser um pouco parecida com a casa da série e segurei esse negócio dourado pra bater na porta. Esperei por alguns segundos rezando para que alguém aparecesse e que não se assustasse com as minhas roupas. Apesar que mais assustada que eu, não ia existir ninguém.

Depois de alguns minutos esperando, alguém abriu. O mordomo? Enfim, estava tão nervosa que não sabia nem o que dizer, pergunto pelo Anthony ou pela Violet?

Pelo Anthony não, ele sabe ser bem esquentadinho quando quer, iria me chamar de doida antes mesmo de ter a chance de me explicar e dizer meu nome.

— Li-licen... – meu Deus, não conseguia nem falar.
— Licença, senhor. Eu... eu gostaria de... de falar com a Lady Bridgerton... – respirei fundo para tentar acalmar meu coração. Quando ficava nervosa eu gaguejava. — ...a viúva. – continuei.

— E quem é a senhorita? E porque está vestida dessa forma?– ele falou fitando-me dos pés a cabeça de um jeito que eu comecei a ficar sufocada.

Sério, acho que não tô conseguindo respirar...

Quando ouvi uma voz, vindo em uma das direções, desviei o meu olhar do mordomo para ela...Violet Bridgerton, caminhava em minha direção... era ela, estou salva, bem, ou não.

— Quem é...– ela ia continuar mas parou ao me ver. Me olhou de cima a baixo e continuou. — O que é você?

Me lasquei!

No passado com os Bridgertons - livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora