32 - Pedido de casamento

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Ele me levou de volta a Aubrey Hall, encontramos Anthony e Kate já preocupados na porta da casa.
O cavalariço havia levado o outro cavalo de volta, e então quando viram que nós dois ainda não tínhamos voltado, ficaram preocupados.

Eu fiquei envergonhada, não queria dar dor de cabeça a família que estava me acolhendo.

Henry estava cabisbaixo, e isso me doía porque se eu pudesse, me casava com ele agora mesmo. Mas era impossível, e eu estava disposta a ir embora sem contar nada para ele, mas estávamos tão envolvidos que sim, eu precisava contar o real motivo de não poder aceitá-lo, mas não seria agora...

— Henry, aconteceu alguma coisa? – perguntou Anthony ao seu amigo.

— Não se preocupe, Anthony, não aconteceu nada.
A senhorita Bernardi está sã e salva e entregue.

— Kendall, eu posso conversar com você um momento?

— Mais é claro!

Os dois se afastaram para conversar não sei o quê, enquanto eu fiquei com Kate que já me olhava estranho.

— O que foi?

— Quer conversar?

— Kate eu... eu... – respirei fundo.

— Você sabe que está na cara, não é?

— O que está na cara?

— Que vocês se gostam? E sabe como eu sei? Porque eu e o Anthony nos olhávamos assim, nos olhávamos com desejo, assim como vocês se olham.

Nesse momento eu a puxei para um canto, mais afastado.

— Kate, vou te falar uma coisa, porque eu sei que você é mais moderna e tals...

— Anne, não me diga que o Henry foi capaz de deflorar você?!

— O que exatamente entra em deflorar? Beijo entra?

— VOCÊS... – falou alto fazendo com que Henry e Anthony olhassem para nós. —... vocês se beijaram? – diminuiu o tom de voz.

— Sim! Duas vezes para ser mais exata.

— Annelise?

— O que foi? Não sou de ferro. E também, Kate, eu... eu acho que estou me apaixonando por ele. Mas você sabe que não posso alimentar esse sentimento.

— Sim, eu sei, e muito menos você poderá se casar com ele, já imaginou? Vocês se casarem e do nada você sumir, imagine, ficar grávida e desaparecer com o bebê na barriga ou até mesmo, o bebê nascer e ele ficar sem mãe?

— E é por isso que não posso dar esperanças a ele, mesmo que eu esteja me apaixonando.

— E ele sente o mesmo, não é?

— Sim, eu acho que sim... As coisas aqui nesse século são complicadas, você se casa com alguém pra depois vir o amor, e se vier.

— Então você tem que falar com ele, você vai conseguir afastá-lo se contar a verdade para ele, Annelise.

— Eu sei, e eu vou fazer isso agora mesmo. Kate, muito obrigada por me ouvir. – dou um abraço nela.
— Mas por favor, não conta para o Anthony, não temo por mim e sim pelo Henry.

— Tudo bem, querida. – acariciou o meu rosto.

Eu não fazia parte realmente da família, mas sei lá, Anthony era o Anthony e eu não poderia arriscar o pescoço do meu boy.

Quer dizer... do Henry!

Quando me virei até onde eles estavam, Anthony caminhava em nossa direção sozinho.

— Ué, onde está o Lorde Kendall? – perguntei encarando-o.

— Ele foi embora, disse que tinha algumas coisas para fazer.

Poxa! Logo agora que eu iria contar tudo para ele.

— O que vocês estavam conversando? – perguntei curiosa.

— Não era nada sobre a senhorita.

— Porque sinto que está mentindo?

— Você parece mesmo uma das minhas irmãs. E é melhor a gente entrar antes que as duas morram de frio.

Entramos em casa. Todos estavam reunidos para o chá.

— Annelise? Cadê o Lorde Kendall? Pensei que ele entraria para tomar chá conosco.

— Ele foi embora, mãe, precisava resolver algumas coisas. –Anthony respondeu.

— Anne, que cara é essa? – Colin me perguntou com um sorriso no rosto.

— Minha cara de sempre, Colin.

— Parece triste, come um biscoitinho. Tem bolinhos também, olha aqui ele... – pegou um bolinho.
— Annelise, me coma, me coma, estou delicioso. – falou fingindo que era o bolinho.

— Você não sabe o quanto isso soou estranho! E me passa esse bolinho aí. – peguei de sua mão e dei uma mordida.

— Como foi na taberna, irmã? – Benedict perguntou.

— Ótimo! Foi uma incrível experiência.

— Vai ter muita coisa para escrever quando voltar para casa. – a matriarca da família falou.

— Sim, coisas até demais.

— Annelise, você irá escrever um livro sobre suas aventuras quando chegar lá?

— Com certeza escreverei tudinho, Hyacinth. Tudo!

— Da próxima vez que voltar, poderá trazê-lo para a gente ver.

— Eu não irei voltar, Gregory, mesmo que eu sinta muito a falta de vocês, o meu lugar não é aqui.

— Então porque o lorde Kendall está te cortejando? –Hyacinth continuou.

— E-ele não está m-me cortejando.

— Ahh, está sim! Ele está fazendo o que o duque fez com a Daphne.

— Hyacinth, deixe a Annelise em paz, por favor.

— Está tudo bem, Lady Violet. Já estou acostumada com a sinceridade da Hyacinth.

— Se ele não está te cortejando, então vou pedir para ele me esperar, já fiz as contas, ele só vai ser um pouquinho mais velho que eu.  – Hyacinth disse sorridente.

— Um pouquinho? – Colin disse para Hyacinth.

— Seja o que for que o Henry esteja fazendo, agora que encontramos um modo da Annelise ir embora, eles não terão nenhuma chance. Mas ainda assim, tem certeza que quer ir embora? – perguntou Eloise olhando para mim.

— Não! – fui sincera. — Eu gosto tanto de estar aqui com vocês. Mas minha família me espera em 2022.

— 2022? Nossa quanto tempo. Estamos em 1814, quanto tempo falta para chegarmos em 2022?

— Primeiro que não vamos nem estar vivos, Gregory! – Eloise acabou com a alegria do irmão.

— Sério? – murmurou com tristeza.

— O que é uma pena, porque gostaria que vocês viessem comigo. Já imaginou? Iria adorar mostrar o novo mundo para vocês.

***

Depois do chá, fui para o meu quarto. O dia foi longo e eu dormi como não havia dormido a muito tempo.

Passaram-se dias, e o Henry não apareceu.

Até que em uma bela manhã em Aubrey Hall, lorde Kendall, apareceu cedo quando estávamos ainda tomando café da manhã, Kate pediu para que ele se juntasse a nós, mas antes que ele pudesse tomar um lugar ao lado do Gregory, Henry disse que faria um anúncio.

Pediu que eu me levantasse e ficasse de frente para ele, quando se ajoelhou.

SE AJOELHOU!

— Senhorita Annelise Bernardi, gostaria de se tornar a minha esposa? Aceita se casar comigo?

Eu que ainda mastigava minha torrada, engasguei.

Como assim um pedido de casamento DO NADA?

No passado com os Bridgertons - livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora