Quarenta E Três 🧁

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“Das pessoas, eu quero verdade, disposição, coragem para demonstrar e bancar o que sentem, e responsabilidade ao tocarem o meu coração. Parece muito, mas é o mínimo” 

Victor Fernandes

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O sinal tocou indicando o fim da aula. Tae viu Yumi arrumando as coisas, ele não queria que ela fosse embora. 

Queria ir pra casa dela ou que ela fosse pra dele se ela não ficasse desconfortável. Qualquer coisa que não envolvessem eles se separarem. 

— Não vai poder ficar? — Ele sussurrou para que só ela ouvisse. 

— Nam, Hadassa e eu vamos começar com o projeto hoje, meu tempo vai ficar corrido. 

Ele fez uma carinha triste que a comoveu, então ela decidiu ficar com ele um pouco mais, mesmo que fosse por pouco tempo. 

— Acho que se eu ficar aqui um pouquinho não tem problema. 

Assim que todos saíram Tae segurou a mão de Yumi. 

— Vai ficar difícil pra gente se ver agora, não é? — Ele perguntou de forma tola. 

— Temos um longo caminho pela frente em um curto espaço de tempo. Muito trabalho e pouca gente. É algo que nunca foi feito na proporção e estrutura que queremos — Ela suspirou preocupada — Estamos apavorados, mas ninguém diz isso em voz alta. Não sabemos por onde começar. 

Tae começou a fazer carinho em cima da mão dela com a que estava livre — Você é brilhante, Nam e Hadassa são muito inteligentes, vocês vão conseguir. 

Yumi assentiu com um sorriso tímido. 

— Não vai ser melhor trabalhar sem os óculos? Está de noite e eles são confiáveis não? — Tae perguntou a ela. 

Rapidamente Yumi pensou em como ela se sentiria, com o Tae tudo bem, mas com os outros... 

— Eu não sei... — Ela respondeu hesitante. 

Tae chegou perto do rosto dela segurou os óculos com as duas mãos, deu um beijo suave e conforme ele ia afastando o rosto de vagar ele também ia tirando. 

— Esses olhos são um privilégio pra poucos, eu sei, mas não precisa se sentir insegura. Por que não fica sem e se não se sentir bem volta a colocar?

Ela sorriu de canto de boca — É uma boa ideia. 

O coração do Tae pesava em olhar para Yumi, ele não conseguia esquecer o conteúdo das cartas. Ele queria poder abraçá-la, chorar e dizer que sentia muito, mas isso foi tudo o que ela pediu pra ele não fazer. 

Perguntar sobre algum ocorrido, algum conteúdo que ele tivesse lido tudo bem, mas ele não podia se compadecer e nem a olhar diferente, então ele se esforçava ao máximo pra deixar de lado o que ele leu quando estavam juntos. 

As vezes ele conseguia, outras não.

— Amanhã temos o primeiro dia da oficina de artes. 

— Não me lembra disso, já me arrependi — Ela sorriu cinicamente. 

— Eu achei um máximo você se inscrever, sair da sua zona de conforto e tentar algo que antes julgava não ser boa. Você pode gostar. 

— Eu só me inscrevi porque estava feliz na hora, mas já passou. Enfim, não tem como voltar atrás, não é?

— Não mesmo. 

— Você quer a chave da sala? 

— Hum? Por quê? Não vai estar mais nela? 

Lados Da Sua AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora