A Lenda do Lobo Dourado

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   Era um pouco idiota da minha parte ter esquecido desse fato, deveria ter associado as situações. Meu pai alfa havia deixado claro em nossa última conversa que enquanto procuravam a rainha de Sílvia e o procuravam para avisar do ocorrido no castelo, Jin apareceu me segurando em seus braços. Mas nunca percebi isso em meus aniversários, já que meu pai não parecia triste ou abalado – mas agora não sei dizer se ele se fazia de forte ou se substituiu uma lembrança ruim por uma boa. Com esses pensamentos acabei dormindo, eu precisava descansar, estava exausto.

   Na madrugada a temperatura abaixou de uma maneira que me fez acordar tremulo, não costumava sentir frio quando o tempo mudava, mas deve ser pelo fato de meu corpo estar fraco e recompondo as energias. Resmunguei um pouco chateado, precisaria me levantar e ir até o armário para buscar algumas cobertas.

   Contei até três em sussurros e tomei coragem para levantar, mas fui impedido por um alfa que segurou de forma fraca meu pulso.

- Onde está indo?

- Pegar cobertores! Vou congelar se não me sentir aquecido! Que quarto é esse que não possui um ar-condicionado.... uma lareira.... ou até mesmo um aquecedor? – resmunguei abraçando o meu próprio corpo depois de ter puxado minha mão.

- Da mesma maneira que se estivesse doente, pelo seu desespero, estaria tranquilo por ser um lúpus. Ou estou enganado? – perguntou e estendeu os dois braços – vem, eu posso te aquecer.

- Nem pensar, não vou dormir abraçado a você. Prefiro morrer de frio!

- Tem certeza? Dizem que a dor é semelhante de ser queimado vivo, seus batimentos diminuem e fica difícil respirar.... – resmungou – olha... pode me chamar de babaca, ridículo, até de Vossa Porqueza, mas se ficar doente, vai ter que me aguentar mais dias em seu quartinho, quer isso?

- Não!

- Então é melhor aceitar a oferta. Você se aquece, eu lhe esquento e meu lobo se acalma.

   Bufei, mas ele tinha certa razão, se um de nós piorasse, ele teria que ficar mais dias dividindo a cama comigo e eu o queria longe. Me ajeitei ao seu lado em derrota e deitei a cabeça em seu peito com uma cara de poucos amigos, Jungkook se ajeitou e ia segurar minha cintura para me manter próximo ao seu corpo, mas dei um tapa em sua barriga.

- Permaneça com suas mãos onde posso enxergá-las Jeon Jungkook e fique de olhos abertos, nem pense em me abraçar. Não te dei essa intimidade.

   Resmunguei me ajeitando e me cobrindo como podia, aquele idiota tinha razão, o pouco que meu corpo e o seu estavam próximos, já me sentia mais quente e acolhido, o que me deixava com raiva. Continuei tenso nos minutos seguintes até o cheiro de hibisco se intensificar de uma maneira diferente, como se quisesse transmitir calma – foi inevitável fungar o ar e buscar por mais daquele cheiro, me aconchegando um pouco mais até ficar à altura do pescoço do alfa e afundar meu rosto ali.

   Suspirei em aprovação.

- Se contar isso para alguém, eu te mato! – semicerrei os olhos e o observei se virar para mim e abraçando meu corpo de forma que ficássemos grudados e eu pudesse sentir mais seu aroma. Mas assim que nossos corpos se juntaram, ele deixou suas mãos longes do meu corpo e permanecia de olhos abertos.

- E se descobrirem que deixei fazer isso, não se preocupe que eu mesmo peço para você me matar!

   Sorri satisfeito por ele ter me obedecido e fechei os olhos, me entregando ao sono novamente.

   Eu me sentia quente e acolhido, o frio que sentia se foi aos poucos e consegui dormir pelo resto da noite de forma tranquila. Abri os olhos e estava virado para a beirada da cama, sentia o calor presente dessa vez em minhas costas, então virei um pouco, dando de cara com Jungkook já acordado e piscando os olhos várias vezes, o encarei de forma séria e pude notar olheiras embaixo de seus olhos – ele havia ficado acordado?