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   Segurava os cadernos firmemente em uma mão, enquanto deixava Jungkook segurar a outra me guiando pelos corredores daquele andar até parar em frente ao escritório do meu pai. Ele bateu na porta e escutamos a voz do rei nos permitindo e logo pude ver o alfa sentado em uma cadeira acolchoada de cor vinho, arrumando seu óculos de grau arredondado, enquanto encarava algumas folhas e suspirava. Ele levantou os olhos e nos encarou, o olhar desceu para nossas mãos e ele resmungou, deixando as folhas sobre a mesa e cruzou os braços.

- Minha resposta é não!

- Não o que? – o lúpus perguntou.

- Sou contra o matrimônio de vocês! Não tem minha benção! Jimin..... já tivemos uma conversa sobre isso, só irá se casar quando eu completar quarenta anos de falecido!

- Pai.... quando completar essa idade, eu já vou ter ido também! Por que não age assim com o Taehyung? – soltei a mão de Jungkook para gesticular indignado – e não viemos falar sobre isso, nada envolvendo casamentos!

- Porque ele é o meu cunhado e essa parte minhas sogras que devem se responsabilizar. E ele está comprometido com o Yoongi, rapaz educado, bom, um pouco desastrado em funções domésticas, mas é confiável! – seu rosto ficou um pouco sério – não leve a mal Jungkook, sei que vocês dois estão se conhecendo melhor.... mas vai precisar mais do que flores e uma pelúcia para fazer eu confiar a você minha coisa mais preciosa. Meu filho vale mais que qualquer título ou coroa.

- É o melhor pai do mundo! – me aproximei de sua mesa e deixei um selar em sua bochecha, sendo abraçado pela cintura e colocado em sua perna como uma criança pequena, o antigo rei apenas nos olhava com um sorriso – tem uma coisa que quero lhe mostrar, antes de fazer algumas perguntas.

   Ele franziu a testa e me ajeitei em sua perna, onde ele me deu espaço na poltrona para que eu me sentasse no meio – era uma poltrona espaçosa. Apoiei os cadernos encima da mesa e apontei para o de pinturas, observando seus olhos passarem sobre a capa e ficarem uma cor azulada. Suas mãos tremeram e tocaram as folhas, virando cada uma com cuidado e tocando os desenhos.

- O-onde, onde..... encontrou?

- No quarto deles.... a senhora Choi me deu a chave do andar. Eu não queria pegar, mas ela disse que estragariam.

- Entendo.... meus pais eram os seres mais talentosos que conheci. Sabe, quando fui salvo no meio das chamas, meu lobo os escolheu como minha família, parecido com o que aconteceu entre nós. Eles poderiam me salvar e deixar na casa de um vizinho, um abrigo.... mas quiseram me adotar.

- Sente falta deles, né?

- Como não sentir, num período pequeno perdi minhas duas famílias e ganhei você! – passou a mão por meus cabelos – viu todos os desenhos?

- Não... eu parei nas do rei – comentei, observando Jungkook se aproximar e encarar os desenhos curioso, pelo visto ele nunca havia os visto – por que?

- Vejamos se ainda está com todos os desenhos.... – folheou e parou em um - esse sou eu! Junto de Caim e Abel.

   Uma pintura em aquarela retratava um jardim no fundo repleto de flores, logo a frente dois grandes lobos de pelagem dourada e um pequeno garoto abraçado ao pelo deles.

- Fizeram esculturas de tamanhos desproporcionais para suas lapides – resmungou chateado – eles eram grandes, mais altos que uma porta de uma cabana. Não conseguiam passar por uma. Caim.... o lobo da rainha, tinha o pavio curto e se estressava fácil. Já Abel, calmo como uma brisa de verão. O mundo poderia estar em colapso, mas ele se mantinha pleno. Mas agora parando para ver meu pai.... – voltou algumas paginas parando na que fiquei minutos admirando mais cedo – como nunca percebi sua semelhança com ele?

A Lenda do Lobo DouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora