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   Coma induzido lupino.

   Foi o nome que o médico deu para o estado de Jungkook. Seu lobo havia assumido para evitar que ele se desgastasse mais do que o necessário, e seu humano entrou em sono profundo. Porém, ele não conseguia voltar por conta própria. O doutor indicou que ficássemos de olho nele, caso voltasse. Mas precisava se recuperar para o lobo deixá-lo voltar ao comando.

- Não posso fazer mais nada, apenas esperá-lo acordar – anunciou saindo do quarto – ah.... se possível, tragam esse tal de Calysto que o lobo dele tanto chama, pode ajudar na recuperação.

   Os reis de Marvin assentiram e entraram no quarto para ver o filho, eu fiquei do lado de fora, apoiado na parede respirando fundo. Nunca em minha vida pensei que tiraria as roupas e banharia alguém com idade o suficiente para fazer isso sozinho. Mas eu fiz.... e estava abalado por conta disso, pude ver pessoalmente o que haviam feito com ele, o estado de suas costas.

- Filhote... deveria ir se deitar, foi um longo dia.

- Eu... só preciso ter certeza de que ele está bem antes de ir me deitar – passei as mãos por meus ombros contendo um pouco do frio que sentia.

- O que houve com suas vestes? – Jin perguntou e o olhei de lado.

- Rasgaram – resmunguei e recebi uma sobrancelha erguida – fui correndo pela floresta, devo ter ficado agarrado em alguns galhos. Não tenho muitas lembranças dessa parte, meu lobo estava no comando.

- ... não se exija muito querido, pode ser um lúpus, mas todos nós ainda temos uma parte humana. Não force mais que o necessário!

- E-eu estou bem só... – resmunguei, mas em seguida chiei de dor e coloquei as mãos na cabeça. Sentia alguns nervos doloridos e meus olhos queimavam um pouco.

- O que está sentindo? – senti me segurarem pelos braços e a porta que estava próximo se abrir e entrarem comigo.

- Não sei.... minha cabeça dói....

"Eu disse que era perigoso, não estava pronto para isso ainda. O que fiz exige muito da pessoa se ela não estiver preparada."

- Estou com frio – agarrei a roupa do meu pai de uma forma que puxasse sua blusa e o deixasse grudado a mim, tentando de alguma maneira me esquentar.

"Respire fundo e se concentre, assim que nos deitarmos para descansar, irá melhorar."

   Fiz o que meu lobo pediu, ainda sentia calafrios, mas estava suportável. Olhei para os lados e me soltei do abraço um pouco sem jeito. Todos estavam me olhando, principalmente os reis de Marvin e um certo lobo que havia assumido o corpo da antiga majestade desse castelo.

- Você... está melhor? – perguntei de braços cruzados e ele assentiu.

- Obrigado por ter salvado o alfa e eu... o jeito que derrubou aquela porta foi assustadora, mas era a personificação de uma fera, então é compreensível.

- Perguntei só por boa educação, Calysto ainda está preocupado com você. E eu não gosto do seu humano.... – acrescentei e ele ergueu a sobrancelha – mas... fico aliviado por ambos estarem bem. E como esse quarto já possui um ambiente familiar, irei para os meus aposentos. Antes que eu tenha uma sincope e caia duro nesse tapete fofinho, ou pior, meu lobo assuma e eu faça alguma besteira.

- Se cuide...

- Eu irei!

   (...)

   Depois de um banho demorado e desembaraçar meu cabelo, coloquei meu pijama e simplesmente cai no sono de qualquer jeito na cama. Quando acordei no dia seguinte, estava de bruços sobre a coberta e abraçado ao travesseiro. Fiz minha nova rotina: depois do banheiro chique, entrar na cozinha e preparar meu café e seguir ainda vestido com o meu pijama e a caneca em mãos para a sala do trono e ver a fofoca diária – diga-se conversa do rei com algum conselheiro. Assim que a porta foi aberta, me curvei em respeito aos reis de Marvin e sacudi uma das mãos na direção de meus pais, seguindo para uma mesa de chá que havia no canto da sala, de lá era possível escutar perfeitamente o assunto dos quatro graças a boa acústica de uma sala que não possui muitos moveis.

A Lenda do Lobo DouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora