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   Infelizmente Ruan não foi enforcado, mas no momento em que daria a ideia envolvendo as formigas, Jimin questionou se ele poderia ter o tratamento que eu tive quando fui deposto.

   Franzi a testa e o questionei a respeito disso. Qual era o sentido?

- Simples... só sabemos o que o outro sente ou passa, quando estamos no lugar dele. Então, gostaria de ver se ele continuaria falando essas coisas se for arrastado pelo vilarejo e trabalhar naquela plantação. Depois disso, seguirá por vontade própria outro caminho.

- Justo...

- Filho... agora que já está curado, irá voltar conosco para Marvin? – dei um suspiro e sacudi a cabeça negativamente, Jimin olhou em minha direção e mexeu a cabeça como se pedisse que eu falasse algo e eu sabia a respeito do que era.

   Eu precisava ser sincero, colocar o que sentia para fora.

- Não acredito que seja o momento de voltar para lá, estou curado, mas o meu lobo escolheu Calysto. Já o privei e optei por coisas que ele não decidiu, está na hora dele fazer as próprias escolhas. Mas posso ir visita-los, o que acham na festa do salmão? Jimin poderia ir também....

- Acho que compreendi.... – meu pai ômega me olhou com um sorriso no rosto – nosso palácio sempre terá um lugar para você filho.

- Obrigado pai.... e eu ainda preciso de um tempo, não consigo perdoá-los pelo que fizeram. Sei que não foi culpa de vocês a maneira em que fui tratado naquela plantação. Mas estiveram envolvidos no plano para eu ser deposto. Como sei que uma conversa pacífica não adiantaria muita coisa. Porém, ainda sou um ser humano e será difícil terem minha confiança novamente.

- Entendemos.

- Jimin, cuide bem do nosso filho – Junseo pediu e o ômega apenas deu um aceno com a cabeça.

   Depois daquela curta conversa, acompanhei meus pais até a carruagem e nos despedimos deles, o príncipe parecia inquieto, diferente do de costume. Algo estava o incomodando, não quis questiona-lo, pois sabia que levaria um tapa e escutaria a frase "não se intrometa!". Mas não foi isso que aconteceu, caminhamos até a sala do trono e ele deu um suspiro, apontando para um canto próximo as grandes cortinas.

- Eu vou ter um trono, acredita? E vai ficar por ali – suspirou novamente – dezenas de pessoas e o conselho querem que eu seja um exemplo. Aqueles alfas queriam simplesmente me casar com um príncipe aleatório de Solaris porque aparentemente essa deveria ser a minha função. Talvez, apenas um talvez.... esteja começando a compreender o motivo de não os escutar na maior parte do tempo. Eles entendem de questões do reino, mas está ultrapassado demais. Como eu serei um exemplo se nem mesmo consigo equilibrar esse treco metálico em minha cabeça? Não fui criado para ser meigo e acatar ordens, fui ensinado a—

- Dá-las. A não se submeter a pessoas consideradas fracas, a não abaixar a cabeça para um alfa – disse e ele arregalou os olhos – acredito que os ensinamentos de um príncipe, para um filho de um guarda não seja muito diferente. E você pode fazer suas regras Jimin, por exemplo, olhe para o trono. Como se sentiu quando sentou nele pela primeira vez?

- Nunca me sentei em um deles.... só costumo entrar aqui para escutar o que meu pai costuma conversar com o conselho, sento naquele canto – apontei para a pequena cadeira onde tomava café.

- Faça isso, sinta como é ser um monarca.

   Ele franziu a testa, mas caminhamos até as escadas e ele se preparava para sentar na cadeira de seu pai ômega e o parei.

- Não.... se sente na cadeira do rei, não de seu consorte. Seu pai não vai brigar por conta disso, além do mais, um dia o trono será seu!

   O garoto respirou fundo e deu mais alguns passos, se ajeitando na grande cadeira e eu me sentei ao seu lado, por mais estranho que fosse, não estava sentindo falta de estar no topo dessas escadas.

A Lenda do Lobo DouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora